CAIXA
DE
FERRAMENTAS
(UMA BELA CAIXINHA DE SURPRESAS
E
DE BONS ENSINAMENTOS.)
É
mais que sabido que não tenho o hábito de escrever sobre TEATRO INFANTIL, não por faltar vontade ou interesse; falta de
tempo é o único motivo pelo qual não o faço com mais frequência. Quando, porém,
assisto a um teatro para crianças, em que estas são devidamente respeitadas, já
que estão em formação e serão a plateia do amanhã, consigo um tempinho, para
escrever sobre a peça, nem que seja um breve texto, como este, porém gerado de coração.
É
por isso que aqui estou, para falar, ainda que, superficialmente (Olha a falta de tempo aí, gente!),
sobre um musical infantil muito bem
escrito, dirigido e interpretado, que trata de um tema tão importante e merecedor
de muitas discussões e reflexões, na atual conjuntura mundial: saber conviver com as diferenças. Eis, portanto,
um tema universal.
Estou
falando de “CAIXA DE FERRAMENTAS”,
em cartaz no Centro Cultural da Justiça
Federal (Ver SERVIÇO.), uma ideia brilhante da dramaturga, escritora, professora, diretora de TEATRO e excelente atriz
SIMONE KALIL, sobre o qual transcrevo partes do “release” (com adaptações),
que me foi enviado pela própria SIMONE:
Elenco.
“Com texto e direção de SIMONE KALIL (indicada ao Prêmio
Shell 2015, pelo texto “Brimas”), o espetáculo infantil “CAIXA DE FERRAMENTAS” está em cartaz,
no Centro Cultural da Justiça Federal
do Rio de Janeiro.
Com trilha sonora composta especialmente para esta peça teatral, a
montagem retrata uma grande confusão que há numa caixa de ferramentas, porque
as mesmas não conseguem conviver com
suas diferenças.
A LIXA é muito áspera com todos; a CHAVE INGLESA é metida a falar outro idioma, o inglês, que ninguém
entende; o MARTELO quer bater em
todo mundo; e o PARAFUSO fica dando
voltas, sem sair do lugar.
Até que algo de inesperado
acontece e as ferramentas se veem obrigadas a trabalhar, juntas, pelo bem
comum. Elas aprendem a respeitar o
próximo, suas limitações e características.
‘O texto, além de entreter muito
as crianças, faz com que possamos refletir em relação às diferenças. Num
momento em que se vê tanta intolerância com o próximo, acredito que a peça
possa ajudar, um pouquinho, nessa conscientização de que todos somos diferentes
e merecemos ser respeitados’ - diz SIMONE
KALIL.
RENATO FRAZÃO, da BANDA
ESCAMBO, é responsável pela (ótima) trilha
sonora original, pela direção
musical e pelos arranjos do
espetáculo, que envolve cinco atores-cantores-instrumentistas.
O elenco é formado por ESTER
FREITAS (LIXA), FLORA BORGES (CHAVE
INGLESA), JOÃO VÍTOR NOVAES
(MARTELO), MARCELO DE PAULA
(PARAFUSO) e PAULA SHOLL (MARIE ANNE
ou MARIANE, como ela prefere ser chamada.).
Inicialmente publicada
como livro infantil, “CAIXA DE
FERRAMENTAS” tornou-se um projeto mais amplo, englobando peça teatral musical e CD com as canções originais da peça. A
produção do DVD “CAIXA DE FERRAMENTAS” é uma aposta para 2016.
Marcelo de Paula e Paula Scholl.
SINOPSE:
Dentro de uma caixa, as
ferramentas precisam aprender a respeitar o próximo, para trabalhar, unidas, a
fim de resolver um grande problema que as envolve.
MARIE ANNE quer ser “pilota”,
o que não agrada a ninguém da família, nem aos amiguinhos, visto que “não é para meninas”.
Apresenta seu
desejo/problema às ferramentas e estas constroem um carrinho para a menina,
realizando, assim o seu sonho.
Os pontos de destaque do espetáculo são:
1) O texto, não só pela mensagem que passa, como também, por sua
carpintaria. É simples, ao alcance dos pequenos, sem ser “imbecilizado”, como é
e costume em espetáculos para criança. Há certos detalhes, é verdade, que
precisarão ser explicados pelos pais, principalmente aos de menor idade,
entretanto isso é um aspecto super positivo, pois estimula o diálogo
pais/filhos.
2) Os figurinos da peça, assim como o cenário, são de CAKÁ
OLIVEIRA, de uma beleza, uma delicadeza, uma criatividade e um bom gosto
sem par, os figurinos.
3) As canções que formam a trilha
sonora, de RENATO FRAZÃO, além
de lindas e bem populares, são do tipo “chiclete” e ficam grudadas nos nossos
ouvidos. Algumas letras apresentam
interessantes jogos de palavras. Saí do teatro cantarolando-as, enquanto
caminhava pela Avenida Rio Branco, até o Teatro
Glauce Rocha, onde assistiria a um outro espetáculo.
4) É excelente a atuação dos atores, sem destaque para
ninguém. Todos fazem um trabalho correto, com total respeito ao público
infantil. A única menção especial que faço é para a belíssima voz de ESTER FREITAS, que se prepara para
atuar no musical “Love Story”, em
fase de produção, com direção de Tadeu Aguiar. No dia em que assisti à
peça, a atriz PAULA SCHOLL foi
substituída por TAMIRES NASCIMENTO,
com ótima atuação.
Paula Scholl.
Ester Freitas.
Flora Borges.
João Vítor Novaes.
Marcelo de Paula.
5) Bem interessante e simples o cenário, que começa como uma grande
caixa de ferramentas, vazada, em ripas, e que, depois, se transforma em quatro
grandes painéis.
6) É muito oportuna e bonita a
homenagem prestada a Ayrton Senna,
no final do espetáculo, na cena em que MARIE
ANNE passa a pilotar seu carrinho, simulando-se uma vitória, com direito a
bandeira do Brasil e tudo, inclusive a canção que era executada a cada vitória
do grande e saudoso piloto.
7) Um crédito de louvor ao
trabalho de identidade visual, feito
por DAVI PALMEIRA, assim como a caracterização e visagismo, sob a responsabilidade
de PAULA SCHOLL.
8) Com alguns pequenos problemas
na luz, já que, em teatros nos quais
há, paralelamente, um espetáculo infantil e outro, para adultos, à noite,
sempre “sobra” para o infantil o “se virar”, em relação à iluminação. Mas LÍVIA ATAÍDE
faz o que pode, dentro dos limites que lhe são conferidos, e seu trabalho,
ainda que pudesse ser melhor, não por culpa dela, não compromete a plasticidade
da peça.
9) Em musical, o desenho de som
tem de funcionar a contento. A equipe de FOGUETE
SONORIZAÇÃO se incumbe disso.
A vitória.
Cantando, dançando e interpretando.
FICHA TÉCNICA:
Texto e Direção: Simone
Kalil
Direção Musical, Trilha Original e Arranjos: Renato Frazão
Elenco: Ester Freitas, Flora
Borges, João Vitor Novaes, Marcelo De Paula e Paula Sholl
Cenário e figurinos: Caká Oliveira
Ilustração: Dolores Marques
Design Gráfico: Leandro Carvalho
Orientação de Canto: Flora Borges
Caracterização e Visagismo: Paula Sholl
Iluminação: Lívia Ataíde
Supervisão de Movimento: Jefferson Almeida
Marceneiro: José Antônio
Assessoria de Comunicação: Minas de Ideias
Fotos: Victor Noronha
Direção de Produção: Sandro Rabello
Realização: Diga Sim! Produções e Mabruk Produções
SERVIÇO:
Local: Centro Cultural da Justiça Federal – CCJF
Endereço: Av. Rio Branco, 241 – Centro – em frente à estação do metrô Cinelândia
Tel: (21) 3261-2550
Temporada: De 16 de janeiro a 20 de março de 2016
Dias e Horários: Sábados e domingos, às 16h
Ingressos: R$30 (inteira). R$15,00 (meia-entrada)
Classificação: Livre
Duração: 50 minutos
O elenco e a plateia.
O elenco e a autora e diretora.
Dos melhores espetáculos infantis em cartaz, no momento,
no Rio de Janeiro (Está difícil encontrar um!!!), recomendo “CAIXA DE FERRAMENTAS”, que
fica em cartaz por apenas mais um final de semana.
Esperemos
que outras pautas surjam, pois “o show
de todo artista tem de continuar”, principalmente quando é bom.
(FOTOS: VICTOR NORONHA.)
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