BORDERLINE
(LIMITES? O QUE SÃO?)
Você
sairia de sua casa, numa noite chuvosa de sexta-feira, no Rio de Janeiro,
engarrafado, para assistir a uma peça, chamada BORDERLINE, um monólogo, feita por um ator que não frequenta a mídia,
BRUCE BRANDÃO, escrita por um dramaturgo
desconhecido (era, para mim), chamado JÚNIOR
DALBERTO, e dirigida por um ator, MARCELLO
GONÇALVES, em sua primeira experiência nessa área?
Provavelmente,
sua resposta seria negativa. E eu só
posso lhe dizer:
VOCÊ NÃO SABE O QUE ESTÁ PERDENDO!!!
NÃO SABE O QUE PERDERÁ, SE NÃO FOR, LOGO,
ASSISTIR A ESSA PEÇA!!!
BORDERLINE está em cartaz, de 5ª feira a sábado, às 21h, e, aos domingos,
às 20h, no Galpão das Artes do
Teatro Tom Jobim (dentro do Jardim Botânico), até o dia 28 de junho.
Para mim, foi
uma das melhores surpresas, em TEATRO,
dos últimos tempos.
Bruce Brandão.
UM POUCO SOBRE
A SÍNDROME DE BORDERLINE:
Síndrome de Borderline, ou Transtorno
de Personalidade Limítrofe, é uma grave doença psicológica. Os indivíduos com essa síndrome vivem no
limite entre a normalidade e os surtos psicóticos, com dificuldades para se
relacionar, oscilações de humor e impulsividade, atingindo, também, as pessoas
que o cercam.
Os sintomas começam a se
manifestar na adolescência e se tornam mais frequentes no início da vida
adulta. É, frequentemente, confundida
com esquizofrenia ou transtorno bipolar, porém possui características
diferentes, como a duração e intensidade das emoções.
Os sintomas podem ser
oscilações de humor, agressividade, irritabilidade, depressão, automutilação,
comportamentos suicidas, medo de abandono, dificuldade em lidar com as emoções,
mudanças de planos profissionais e nos círculos de amizades, impulsividade e
baixa autoestima.
O tratamento é feito
através de uma combinação de medicamentos e de acompanhamento psicológico. Os medicamentos usados, com mais frequência,
no tratamento da Síndrome incluem
antidepressivos, estabilizadores de humor e tranquilizantes.
A psicoterapia é o
principal tratamento utilizado, porém requer paciência e força de vontade do
paciente. É na psicoterapia que o
indivíduo aprende a lidar com suas emoções
e a controlá-las.
A síndrome de Borderline não tem
cura, porém o tratamento ajuda a diminuir as crises de
personalidade na doença.
Rutras (Bruce Brandão).
SINOPSE:
RUTRAS, personagem vivido por BRUCE
BRANDÃO, retrata, artística e poeticamente, um ser com transtorno de
personalidade.
Bipolaridade, esquizofrenia,
desejos, loucura e lucidez. Esses são os
temas de BORDERLINE, baseado no
conto de JÚNIOR DALBERTO.
RUTRAS, personagem do livro O
Cangaço e o Carcará Sanguinolento, posiciona-se
diante de questões íntimas, relacionadas à família, sociedade, mundo
cibernético e sua relação com a geração dos anos 90.
Para o ator BRUCE BRANDÃO, as leituras sobre o tema
Borderline foram fruto do contato
com o autor JÚNIOR DALBERTO, em
Natal, onde residem. Encantado com esse
universo, fez suas pesquisas e se familiarizou com o tema.
Aos poucos, o personagem
vai contando, da forma mais realista e natural possível, fatos e passagens da
sua vida, desde a infância, quando ganhou um cãozinho do pai, já que ele era um
menino “estranho” e sozinho.
O cão era epilético e o
menino deixou, com prazer, que o animal agonizasse, até a morte, negando-lhe
uma dose do remédio que poderia salvar-lhe a vida.
A narrativa das relações
incestuosas com a irmã, iniciadas, precocemente, aos doze anos de idade, quando
esta era dez anos mais velha que ele, é de uma verdade teatral impressionante,
até os detalhes do suicídio da moça (jogou-se do 18º andar do prédio em que
moravam, caindo próximo à piscina), grávida dele, revelação feita, em carta, seguida
do trágico gesto, no dia da festa dos quinze anos do adolescente, assim como o
relato da morte da mãe, super obesa, para o que contribuiu, de propósito, o
personagem, sem que nenhum desses atos, e outros afins, lhe causasse remorso, arrependimento.
Não é necessário se estender tanto,
para dizer que este espetáculo é, até o presente momento, o grande “azarão” do
páreo, se considerarmos que não conta com patrocínios, e todos os envolvidos no
projeto, a despeito da grande competência profissional, não são conhecidos do
grande público.
Trata-se de um espetáculo de
montagem modesta, em termos de cenário, luz e figurinos, os quais, no entanto,
funcionam perfeitamente.
Conta com uma boa direção (MARCELLO GONÇALVES), traz um
excelente texto (JÚNIOR DALBERTO) e,
o melhor de tudo, nos apresenta um ator (BRUCE
BRANDÃO), simplesmente, fantástico.
O trabalho de BRUCE é merecedor de prêmios, e, não vai demorar muito, seu nome
passará a ocupar espaço na mídia, tão logo algum “olheiro” da TV o veja
atuando.
Seu trabalho é comovente. É total a sua entrega ao personagem, sem
deixar de falar na facilidade como ele brinca com o corpo, a voz e as expressões
faciais, tudo a tempo e a hora.
O cenário (ALEX BROLLO, RAFAEL
RONCONI e HENRIQUE NEVES), que,
no programa da peça, aparece com a rubrica “direção
de arte”, não precisa mais do que uma mesa, sobre a qual estão alguns
pequenos objetos, com destaque para uma moringa e uma caneca; uma cadeira, com
um espaldar “diferente”; e quatro telas brancas, sobre rodas, que o ator vai dispondo em formações diferentes,
com uma bela luz predominando por
trás das telas.
O figurino, que creio estar ligado, também, à direção de arte, uma vez que não
aparece destacado, no programa da peça, não vai além de um macacão, sobre uma
camiseta, e um chapéu coco. Mais que
isso seria desperdício.
A iluminação (FELIPE LOURENÇO)
é bem interessante e realça alguns detalhes nesta montagem.
Também merece um comentário positivo
a direção de movimento (MÁRCIO VIEIRA).
Um dos pontos mais altos do espetáculo
fica por conta da excelente trilha
sonora, cujo autor (não sei se é criação coletiva) também não consta na
ficha técnica, de um bom gosto ao extremo, com detalhe para a inserção, numa
das cenas, de Rhapsody in Blue, de Gershwin, e de um lindíssimo tango e de
um, não menos lindo, fado.
Eu desejo que muita gente vá
prestigiar este magnífico espetáculo
e dar uma força a uma companhia modesta, mas MUITO COMPETENTE, que se vê na necessidade de vender
alimentos, guloseimas e “souvenirs”, à saída do espetáculo, com o objetivo de conseguir
algum dinheiro, para a manutenção do espetáculo.
É uma atitude de coragem, linda, comovente,
e que merece todo o meu respeito. Ali, naquela banquinha, está presente o verdadeiro AMOR
AO TEATRO!
Parabéns a todos!!!
Parabéns à Cia. de Arte Nova!
FICHA TÉCNICA:
Texto: Júnior Dalberto
Direção: Marcello Gonçalves
Elenco: Bruce Brandão
Iluminador: Felipe Lourenço
Diretor de Movimento: Márcio Vieira
Direção de Arte: Alex Brollo, Rafael Ronconi e Henrique Neves
Direção de Produção: Aline Mohamad e Rodrigo Turazzi
Produção Executiva: Bruna Fachetti e Danielle Toledo
Assistentes de Produção Executiva: Marcela Peringer, Michele Hayashi e
Fabiana Sil
Programador Visual: Carol Vasconcellos
Assistente de Direção: Danielle Toledo e Karini Oliveira
Assistente de Direção de Arte: Desireé Raian e Karini Oliveira
Assistente de Iluminação: André Lyma e Diego Dantas
Administração: Bruna Fachetti e Fabiana Sil
Direção de Palco (Stage Manager): Vinicius Conrad
Fotografia: André Lyma e Vinicius Conrad
Web Designer: Henry Kaminski
Assessoria de Imprensa: Minas de Ideias
Realização: Cia de Arte Nova
SERVIÇO:
Local: Espaço Tom Jobim – Galpão das Artes
Endereço: Rua Jardim Botânico – 1008 – Telefone - (21) 2274-7012
Temporada: Até 28 de junho/2015
Horários: De 5ª feira a sábado, às 21h – Domingo, às 20h
Valor: R$ 40,00 (Inteira)
Classificação: 16 anos
Capacidade: 60 Lugares
Gênero: Drama
Duração: 60 min.
(FOTOS: ANDRÉ LYMA e VINÍCIUS CONRAD.)
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