O
HOMEM
DE
LA MANCHA
(UMA
OBRA-PRIMA!
BELEZA
E EMOÇÃO À FLOR DA PELE!
ou
A
POSSIBILIDADE DE UM SONHO IMPOSSÍVEL!)
Parte
2
Alguns comentários sobre a FICHA TÉCNICA:
1) O texto já se tornou um clássico do TEATRO, pela beleza de seu tema e por sua arquitetura, com diálogos
curtos (e alguns poucos “bifes”), que mantêm uma linguagem requintada, mas de
acesso ao público em geral, graças à excelente tradução e adaptação de MIGUEL
FALABELLA.
2) As canções do espetáculo são lindas e receberam uma excelente versão, também de FALABELLA,
igualando-se, em qualidade, às versões de Chico
Buarque e Ruy Guerra, para a
primeira montagem. Todos os que entendem
de musicais sabem o quanto é ingrata a tarefa de verter letras para o
português, uma vez que é necessário manter o conteúdo original, que também
serve para contar a história, é texto, combinando sílabas métricas com
compassos e ritmos. Cláudio Botelho é o grande mestre nessa arte, e FALABELLA também se saiu muito bem
neste espetáculo.
3) Dirigir um elenco de 35 atores, 17 músicos e comandar mais dezenas
de técnicos e outros profissionais não é tarefa para amador. É preciso muito profissionalismo,
determinação, liderança, capacidade de dialogar e, acima de tudo, muita
competência, sensibilidade e bom gosto.
Tudo isso, e mais alguma coisa, é o que não faltou a MIGUEL FALABELLA na direção deste
espetáculo. Foram dois meses e meio de
ensaios, pelo que apurei, que devem ter sido muito “puxados”, para que o
resultado fosse a maravilha que se pode ver em cena. Tudo muito “limpo”, acontecendo, com
perfeição, à hora e à maneira certa, sem um “furo”, sem um contratempo. FALABELLA
tem uma facilidade muito grande para trabalhar com elencos numerosos e atribuir
funções a todos os atores, de modo que, mesmo sem participar diretamente das
cenas, cada um, na sua mínima e quase imperceptível atuação, acaba, no fundo,
por superlativizá-la, concorrendo para encher o palco de ações paralelas. O diretor pensou em tudo e o resultado de seu
trabalho é irrepreensível.
4) Tudo o que está ligado à
parte de direção musical é de
responsabilidade de um profissional que, por tantas vezes, já demonstrou seu
potencial, em musicais de sucesso, e que, mais uma vez, honra a sua profissão: CARLOS BAUZYS. Já assisti a muitos espetáculos com a sua
assinatura, na direção musical, e,
apesar de ter gostado de todos, neste, ele se supera, com arranjos belíssimos,
tanto para instrumentos como para vozes.
5) A orquestra é formada
por músicos de primeiríssima qualidade, como requer um espetáculo do porte de O HOMEM DE LA MANCHA, com destaque para
os muitos metais, várias percussões
e uma abundância de sopros, tendo, como detalhe curioso, o fato de não contar
com instrumentos de cordas. Todos
estão de parabéns!
6) Quanto à coreografia, de KÁTIA BARROS, todas merecem destaque, pela dose certa de vigor
aplicada a cada um dos números, com alguns destaques, poucos, pois cada uma das
danças se reveste de características próprias e todas são excelentes, como a
cena dos ciganos e todas as da hospedagem / castelo. Sem exceção, as coreografias da peça exigem
muito dos executantes, que fazem um trabalho perfeito, valorizando, em muito, a
encenação.
7) A cenografia é impactante, suprema, exageradamente fantástica! Quase que reproduzirei, com algumas
adaptações, um texto do programa da peça.
A
construção do cenário foi realizada pelo Senai-SP, na escola de Lençóis
Paulista – concebido como uma opressiva estrutura metálica semicircular, de
oito metros de altura, quase o dobro da última produção, com elementos visuais
da arquitetura do início do século XX, com quatro escadas em curva, interligadas por uma passarela, que conduzem
ao nível do palco, o território dos loucos. É essa estrutura que cria o cenário
do manicômio. Nele, a visão de um
manicômio remete, ainda, a um local abaixo do solo, assim como na versão
original, que era ambientada num calabouço da Inquisição. A
estrutura é recoberta por mais de 400 metros quadrados
de tule importado, pintada, a mão, pelo artista cênico VINCENT GUILMOTO, com
escrita ao estilo de Bispo do Rosário.
Essas escritas também me trouxeram à mente
(e isso pode ser uma leitura exagerada ou equivocada da minha parte) um pouco
do trabalho de uma outra figura legendária do Rio de Janeiro, o Profeta Gentileza (José Datrino), que
pregava paz e amor, em inscrições nos muros e pilares dos viadutos do Rio,
autor da famosa frase “Gentileza gera
gentileza”. Tornou-se insano, após
um incêncdio que destruiu o Gran Circus Norte-Americano, em 1961, na cidade de
Niterói, que matou mais de 500 pessoas, a maioria crianças.
A cozinha da hospedaria / castelo.
8) Ter CLÁUDIO
TOVAR como figurinista de uma peça já é um grande
acerto. Seus figurinos prontos e em
cena, o acerto é ainda maior. Aqui, não
poderia ser diferente. Todos, sem exceção,
trazem a marca do talento de TOVAR,
com destaque para a capa do GOVERNADOR,
uma verdadeira obra de arte (como os trabalhos do Bispo do Rosário), a capa do PADRE,
outra bela peça, e o figurino do protagonista, atentando-se para o emprego de
objetos do cotidiano, utilizados como adornos e detalhes, para costumizar peças
simples do vestuário. É o próprio TOVAR quem diz: “Brincar com a ‘loucura’ do Bispo
do Rosário é um delírio! Joias feitas
com latas amassadas, coroas de prendedores de roupas, trapos que se transformam
em luxuosos figurinos. Tudo vale no
mundo de Arthur Bispo do Rosário”.
São utilizados elementos da cultura brasileira, sem qualquer
interferência do universo “high-tech”. O
figurino é um dos maiores acertos do
espetáculo, se é que se pode estabelecer uma hierarquia quanto a eles.
9) Responsável pelo desenho de luz, DRIKA
MATHEUS desenvolveu um projeto intimamente combinado à estrutura do
imponente cenário, que resulta em efeitos extraordinários, deixando bem
marcantes os contrastes entre o real e a fantasia. Belo trabalho! Uma das mais lindas e expressivas iluminações
que já vi, até hoje, num palco.
10) Fiquei bastante bem impressionado com o
trabalho de GABRIEL D’ANGELO,
responsável pela tarefa de sonorizar o espetáculo (designer de som). Equalizar
dezenas de microfones e atingir um resulado próximo à perfeição, que permita,
ao espectador, ouvir e identificar até as falas ditas quase como sussurros,
assim como distinguir as diversas vozes, nas canções, e os diferentes timbres
dos intrumentos musicais é uma tarefa de difícil execução, que GABRIEL soube resolver.
11) O visagismo,
neste espetáculo, se reveste de grande importância. DICKO
LOURENZO merece um crédito mais que positivo por seu trabalho.
12) Com relação ao elenco, aplaudo, de pé, com muitos gritos de “BRAVO!”, a todos, dos protagonistas aos que representam os mais
simples papéis. É um time que soube
treinar bastante, para jogar junto, em conjunto, e atingir o nível de
excelência desta montagem. Merecem
destaque:
CLETO BACCIC (MIGUEL DE CERVANTES / DOM QUIXOTE): Já o vira em
outros musicais de sucesso, mas confesso que, em nenhum deles, o ator me chamou
a atenção, porém estes MIGUEL DE
CERVANTES / DOM QUIXOTE (principalmente o segundo) haverão de marcar a vida
profissional deste magnífico ator, já vencedor do Prêmio APCA de 2014, por seu trabalho neste musical. E outros hão de vir! CLETO
transpira emoção e sensibilidade, nos dois personagens. A doce loucura mansa do QUIXOTE e a mansa sensatez doce de CERVANTES fazem do trabalho do ator algo que ficará, certamente,
para os anais do TEATRO MUSICAL
BRASILEIRO, como sinônimo de perfeição.
Ainda que venha a se superar em outros papéis, creio ter atingido o
ápice de sua relativa curta carreira.
Ele se entrega totalmente na representação dos dois personagens e imprime
a ela a necessária “verdade”, que faz o público se emocionar, chegando às
lágrimas. Seu trabalho explora, com
maestria, a utilização não só da voz, como também do corpo. Quando deixa de ser QUIXOTE, para se transformar em CERVANTES, mantém uma deformidade, na mão esquerda, fruto de um
ferimento que o escritor adquiriu, depois de um incidente em que fora ferido,
num duelo, com Antônio Sigura, em 1569, na Itália. É
comovente vê-lo em cena. Tornei-me seu mais ardoroso fã. Jamais
perderei um trabalho seu.
Cleto Baccic.
SARA SARRES (ALDONZA / DULCINEIA): Seu nome está ligado a alguns
dos maiores musicais já montados no Brasil, já que se trata de uma das mais
completas cantrizes brasileiras. Dona de
uma bela presença em cena e de uma linda voz, sabe atribuir à sua personagem a
força de que ela precisa, para enfrentar o assédio dos homens e o ambiente
insalubre em que vive, ao mesmo tempo que demonstra uma fragilidade e uma
profunda ternura pelo protagonista, pondo-se à sua altura profissional em
cena. Seus solos são um bálsamo para os
nossos ouvidos. Mais um grande trabalho
em seu vasto e vitoriosos currículo.
Sara Sarres.
“Eu não sou Dulcineia! Sou Aldonza!”
JORGE MAIA (SANCHO): Como na primeira montagem, MIGUEL FALABELLA optou por um (grande)
ator negro para representar SANCHO PANÇA
(ideia brilhante) e convidou JORGE MAIA
para o papel. Não poderia ter sido
melhor a escolha. Não sendo o principal
protagonista da história (“Principal
protagonista” não deve ser considerado um pleonasmo; aqui, há três), graças
ao talento deste ator, seu personagem arranca aplausos em cena aberta, o que
ocorreu nas duas sessões a que assisti. MAIA já tem bastante experiência em
musicais, sempre em papéis que puxam mais para a comicidade, terreno que ele
domina bastante. O forte carisma do ator
e do personagem logo chamam a atenção da plateia, que vibra com suas
intervenções.
Cleto Baccic e Jorge Maia.
GUILHERME
SANT’ANNA (GOVERNADOR): Detentor de vários prêmios, este grande ator, de
voz marcante, extremamente grave, é uma das mais belas presenças no palco. Mesmo quando não está diretamente ligado à
cena, é difícil não percebê-lo.
Causou-me grande alegria a sua atuação e despertou-me a atenção o seu
jeito de olhar, como se revirasse os olhos para cima, deixando destacar o
branco do seu globo ocular. (Ou teria
sido apenas uma impressão de minha parte?
Ou uma alucinação minha?) Muitos
aplausos para ele!
Guilherme, em destaque.
CARLOS CAPELETTI (DUQUE): Excelente ator, mesmo quando lhe é
conferido um papel de menor destaque, consegue fazê-lo grande, no caso, aqui,
apelando para o humor. Belo trabalho!
Carlos Capeletti.
FRED
SILVEIRA (cover de CERVANTES / QUIXOTE e ENSAMBLE): FRED é um dos mais versáteis atores de musicais, circulando nos
universos de Avenida Q, de algumas óperas, de Evita, de Jesus Cristo
Superstar e neste espetáculo, por exemplo, em papéis totalmente diferentes,
sempre com desempenho satisfatório, merecendo elogios da crítica e do
público. Aprecio e respeito muito o seu
trabalho.
Fred, em destaque.
KIARA SASSO (ANTÔNIA): Depois de ter protagonizado grandes
musicais e de ser indicada a prêmios, KIARA
empresta seu talento para interpretar um papel secundário na trama, porém, por
sua bela presença em cena, associada a uma das melhores vozes femininas do TEATRO MUSICAL BRASILEIRO, a cantriz é
sempre muito aplaudida, ao terminar seus solos.
Sou fã, de carteirinha, da eterna Noviça
Rebelde. Substituída, no primeiro
dia em que vi o musical, tive a grata satisfação de vê-la atuando, na
segunda. Devo acrescentar que também
gostei do trabalho da atriz que a substituiu.
É uma pena que não lembro quem tenha sido, já que há mais de uma “sub”
para ela.
Kiara, à esquerda.
IVAN PARENTE (PADRE): Excelente ator, dono de uma belíssima
voz, uma das melhores dentre todos os do elenco masculino, já o vi atuando em
outros musicais e sempre me deixo encantar por seus trabalhos. Tornei-me seu grande admirador, desde que o
vi, no ano passado, fazendo O Homem da
Poltrona, em A Madrinha Embriagada,
papel que lhe rendeu indicações a prêmios.
Apesar de representar um personagem de menor relevância no espetáculo, o
ator, com seu talento, o valoriza bastante.
Só o vi atuando numa das sessões, mas seria injusto não mencionar o bom
trabalho de seu “sub”, PHILIPE AZEVEDO,
na segunda vez em que vi a peça.
Ivan Parente.
IVANNA DOMENYCO (CRIADA): Veterana em musicais, IVANNA cumpre, com perfeição, a sua
parte, neste espetáculo, demonstrando um amadurecimento profissional muito
grande, desde a primeira vez em que a vi atuando, já faz um bom tempo.
Ivana, em destaque, à direita.
FREDERICO REUTER (DR. SANSÃO CARRASCO): Acompanho a carreira deste ator, desde
2006, quando ele era responsável por um dos momentos mais brilhantes de um
outro grande musical com a “grife” FALABELLA,
Império, interpretando a canção Raro Destino, na pele do personagem Chalaça. Aqui, seu momento de maior brilho é na
belpíssima cena em que, na tentativa de fazer com que o protagonista enxergue a
realidade, apresenta-se como
o Cavaleiro do Espelho. Trata-se de uma das melhores cenas do
espetáculo, com méritos para a direção, a iluminação e, obviamente, a atuação
de FREDERICO e CLETO.
O Cavaleiro do Espelho.
A batalha entre o real e o sonho.
EDGAR BUSTAMANTE (HOSPEDEIRO): Que excelente ator! Discreto, quando deve ser, e extrovertido,
quando o texto o exige, o personagem caiu em mãos certas.
Edgard Bustamente.
ARÍZIO MAGALHÃES (BARBEIRO): Embora seja um papel secundário, é bem
defendido pelo ator.
FABI BANG (CIGANA): Sabe aproveitar seu momento na
trama. Bela presença em cena.
LUCIANA MILANO (MARIA): Boa atriz. Fica parecendo clichê, mas não posso deixar
de repetir: todas as vezes em que é chamada à cena, prende a atenção do
público, com boas doses de humor, apesar da pouca relevância da personagem.
12)
Nunca pensei que, um dia, bateria palmas para a classe dos empresários brasileiros,
que, em primeiro lugar, estão preocupados com o lucro. Independentemente dos benefícios indiretos
que possam auferir com a manutenção do projeto TEATRO MUSICAL, devo dizer, para fazer justiça, que se trata de uma
bela e pioneira iniciativa, que deveria ser seguida por outros setores , como o
comércio, por exemplo. Sugiro uma
pssquisa, na internet, nos sites do SESI-SP
e da FIESP, para conhecer a
grandiosidade desse projeto e tudo de positivo que ele já proporcionou a
milhares de pessoas, que nunca teriam a oportunidade de assistir a um
espetáculo padrão Broadway totalmente grátis.
Sempre disse,
inclusive ao próprio, que MIGUEL
FALABELLA não precisaria fazer mais nada na vida, depois de ter escrito e
dirigido (e até interpretado o personagem D.
João, em substituições eventuais) o magnífico musical IMPÉRIO, em 2006, no Teatro
Carlos Gomes, no Rio de Janeiro, em parceria com Josimar Carneiro. Agora (e,
também, recentemente, já disse a ele), acrescento, como fator que possa
“perdoar” qualquer equívoco teatral que venha a ser cometido por MIGUEL, a versão e direção de O HOMEM DE LA MANCHA.
O que se vê, no
palco do Teatro SESI-SP, que está
comemorando 50 anos de existência, não fica nada a dever aos grandes
espetáculos da Broadway e, pelo contrário, até supera alguns que tive a
oportunidade de ver.
O HOMEM DE LA MANCHA
é uma prova cabal de que o que nos difere das grandes produções da Broadway e
de outros locais onde se concentram as grandes produções de musicais, como em
Londres, por exemplo, é o fator “verba
para a produção”. Falta-nos
dinheiro, mas, em contrapartida, sobram-nos talento e criatividade. É preciso que se invista mais e mais nesse
setor do TEATRO, que já não é mais
uma promessa; tornou-se uma grata realidade, motivo de orgulho para os
brasileiros.
Prova,
também, de que deixamos de engatinhar; também não caminhamos trôpegos e
indecisos, rumo a uma consagração.
Não! Nossos passos já são largos
e firmes, na direção, agora, de um reconhecimento além de nossas fronteiras,
porque, no Brasil, já atingimos um nível de excelência, sucesso e
reconhecimento nesse nicho,
merecidamente comprovados.
Que venham outros espetáculos como A Madrinha Embriagada e O
HOMEM DE LA MANCHA! E que venham
para o Rio!
Que os grandes dramaturgos e compositores nacionais
escrevam, cada vez mais, para o TEATRO
MUSICAL BRASILEIRO!
Que se reproduzam bandos de “loucos” como os que, desde
setembro deste ano (2014) e até junho de 2015, pisam, e continuarão pisando, o
palco do Teatro SESI-SP!
Viva CERVANTES!
Viva DOM QUIXOTE!
VIVA O TEATRO MUSICAL
BRASILEIRO!
"EU SOU EU, DOM QUIXOTE, SENHOR
DE LA MANCHA, E O MEU DESTINO É LUTAR,
POIS QUEM NÃO SE AVENTURA, COM FÉ E
TERNURA, O MUNDO NÃO PODE MUDAR.
NÃO
PODE O MUNDO MUDAR QUEM NÃO SE AVENTURAR!!!"
(Fiquem atentos,
sempre ligados nos “sites” do SESI-SP e da FIESP, pois os ingressos, GRÁTIS,
para a temporada de 2015, poderão ser reservados por aqueles “sites”. Se não me engano, a partir do dia 10 de
janeiro próximo. Mas não custa nada
acessar aquelas páginas a partir do primeiro dia útil do ano.)
O “fim” do sonho?
Apoteose!
Reverência à orquestra.
(FOTOS:
JOÃO CALDAS,
BETO MOUSSALLI, LENISE PINHEIRO, MARCELLA BRAUN, ROBERTO IKEDA e GRAZIELA
VIEIRA.)
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