segunda-feira, 13 de janeiro de 2014


THE BOOK OF MORMON

 



(TEATRO “AMADOR”?  PROFISSIONAL -  E DE PRIMEIRÍSSIMA QUALIDADE.)





 

            Não sei nem por onde começar!  Só sei que terei de começar.  Que os deuses do TEATRO me ajudem!

 

            O TEATRO é uma atividade profissional.  Trabalhar em TEATRO é ser considerado um profissional, desde que haja remuneração por esse trabalho e/ou seja cobrado um valor pelo ingresso para o espetáculo.  Concorda?  Pense bem!

 

            A UNIRIO é uma instituição de ensino superior, uma universidade, dentro da qual funciona uma Escola de Teatro, uma faculdade, que tem por objetivo formar profissionais para o TEATRO.  Enquanto não tiverem concluído os seus respectivos cursos, os alunos da UNIRIO não são profissionais.  Certo?  Ou serão?

 

            O vocábulo “AMADOR”, em qualquer dicionário, designa, dentre outras coisas, “aquele que pratica uma atividade por prazer e não por profissão, o mesmo que diletante”; mas também é “aquele que gosta muito de alguma coisa ou pessoa, o mesmo que amante, apreciador”.  Os dicionários o dizem. 

Os ELDERs




            Se uma pessoa assiste a um espetáculo, dentro de um teatro, na UNIRIO, representado por alunos, que ainda não concluíram seus cursos, principalmente o de interpretação, seguindo um raciocínio lógico, estará assistindo a um espetáculo de “teatro amador”, também chamado, por alguns, de “teatro universitário”; mas nunca “teatro profissional”.  De acordo?  Respondeu “sim”?  Ledo engano!

 

            Pois bem, instaurou-se um impasse: vá assistir a THE BOOK OF MARMON, na sala PASCHOAL CARLOS MAGNO, mais conhecida como “palcão”, dentro da UNIRIO, com entrada franca e feito por alunos (portanto, ainda não formados) e diga se não assistiu a uma grande montagem profissional (em termos de correção) de um dos musicais de maior sucesso, nos últimos tempos, na Broadway.

 

            Tudo graças à dedicação de um homem, chamado RUBENS LIMA JR, RUBINHO, para os amigos, professor do Departamento de Interpretação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), desde 1992.  Seu currículo é extenso, de formação e trabalho, no Brasil e no exterior.  Em 1995, criou, no Centro de Letras e Artes da UNIRIO, o Projeto Teatro Musicado, coroando sua dissertação de mestrado em Teatro Musical, que teve como título “ARTHUR AZEVEDO E O TEATRO NATURALISTA”.

LÉO BAHIA e HUGO KERTH

 

            A primeira experiência de RUBINHO à frente de um musical foi a montagem, dentro da UNIRIO, de KABARRET VALENTIM, com 32 alunos, numa temporada que durou dois meses e que fez com que o espetáculo representasse a Universidade no Festival de Outono de Madri, em 1995.

           

A partir de 2007, o Projeto Teatro Musicado deslanchou, com a brilhante montagem de CANÇÕES PARA UM MUNDO NOVO.  Seguiram-se CANÇÕES PARA UM AMOR PERDIDO (2008), CAMBAIO (2009), THE ROCK HORROR SHOW (2010), TOMMY (2011), MONTY PYTHON’S SPAMALOT (2012) e, finalmente, THE BOOK OF MORMON (2013).

 

            Logo a partir da primeira experiência, um público amante desse gênero de espetáculo começou a ser fiel às montagens de RUBINHO e, a cada ano, um novo recorde de espectadores é batido.  Para se ter uma ideia do quanto as “peças do RUBINHO” estão sendo concorridas, elas são iniciadas às 21h e, sendo a entrada gratuita, a partir das 20h, distribuem-se senhas, para o acesso ao “palcão”.  No final da tarde, já começa a se formar uma enorme fila, à porta da Sala PASCHOAL CARLOS MAGNO e, não raro, voltam, frustradas, para casa, a cada dia, quase cem pessoas, número superior ao da capacidade de lotação da casa.

 

            Isso é um fenômeno!  Teatro “amador”?!  A que se deve isso?  Por que um dos jornais de maior circulação no país, O GLOBO, dedica uma capa de Segundo Caderno, com uma bela matéria, a THE BOOK OF MORMON?  Por que a, até então, crítica titular desse mesmo jornal, tão temida por seus comentários, resolve escrever, com rasgados elogios, sobre esse espetáculo “amador” (19/12/3013)?  Porque uma revista, também de grande circulação e prestígio, como VEJA, publica, na edição de 8/1/2014, no seu suplemento VEJA-RIO, uma recomendação feita por seu crítico, com quatro estrelas (o máximo da cotação são cinco)?

Uma das excelentes coreografias de VICTOR MAIA.

 

            Além do grande público, que disputa um lugar no minúsculo “teatrão” (menos de cem lugares), sujeitando-se a sentar nas escadas e no chão, têm assistido às sessões do espetáculo consagrados atores, diretores e produtores do TEATRO BRASILEIRO.  E as opiniões são unânimes: UMA MARAVILHA!  FANTÁSTICO!  INACREDITÁVEL! 


           Certamente, do elenco, já sairão contratados, para as mais diversas mídias, alguns elementos, como, aliás, já vem acontecendo nos últimos anos.

 

            O grande sucesso dessas montagens do RUBINHO se dá por conta de muito talento - dele e de sua equipe -, de muita dedicação (muita mesmo, quase obsessão pela perfeição – ISTO É UM ELOGIO), muita garra e muita disciplina.  Junta-se tudo isso, mesmo sem dinheiro, já que as verbas oficiais são irrisórias, e "Sucesso, aqui vou eu!".


           A partir do ano passado, o Projeto passou a contar com o apoio e o patrocínio da FUNDAÇÃO CESGRANRIO, na pessoa do Professor CARLOS ALBERTO SERPA, uma espécie de “mecenas” das artes brasileiras, principalmente o TEATRO.

Os missionários se preparam para o cumprimento de sua missão.






            THE BOOK OF MORMON é uma sátira religiosa musical, com texto, letras e música de TREY PARKER, ROBERT LOPEZ e MATT STONE. 


O espetáculo conta a história de dois jovens mórmons, missionários, enviados a um vilarejo remoto, no nordeste de Uganda, na África, com a missão de evangelizar os habitantes locais, mais preocupados com a guerra, a fome, a pobrezaa e a aids do que com religião.  Ingênuos e otimistas, os dois vão tentar levar a palavra de Deus, através do “Livro Mórmon” (uma espécie de bíblia da religião Mórmon, que contém as escrituras sagradas), mas o que encontram lá vai transformar, definitivamente, suas vidas.  Defrontam-se com um tirânico general, que ameaça e terroriza os aborígenes.   



Glória a Deus!



      

Depois de quase sete anos de desenvolvimento, o espetáculo estreou na Broadway, em março 2011, e já recebeu resposta crítica extremamente positiva e inúmeros prêmios, incluindo nove Tony Awards, um dos quais foi para Melhor Musical, e o Grammy de Melhor Álbum Musical de Teatro.


            Além da brilhante direção de RUBENS LIMA JR., contribuem, em muito, para o sucesso desta produção, VICTOR MAIA, consagrado ator, dançarino e coreógrafo (cria da UNIRIO), que assina a bela e criativa coreografia do espetáculo; MARCELO FARIAS, também um produto da UNIRIO, já famoso, por seus trabalhos em quase todos os grandes musicais dos últimos anos (atualmente, em cartaz, em CAZUZA – O TEMPO NÃO PARA, O MUSICAL) e que é o responsável pela direção musical da peça, tarefa bastante árdua, em função da dificílima partitura do espetáculo; e um elenco de jovens e talentosos atores/cantores/bailarinos, com destaque para LARISSA LANDIM e a dupla de protagonistas, HUGO KERTH e LÉO BAHIA.  LARISSA já vem atuando profissionalmente, mas estes dois têm vaga garantida em qualquer grande musical a ser montado no Brasil.  Ótimos atores, também cantam e dançam com imensa desenvoltura e demonstram muita competência no que fazem.

A despeito das dificuldades financeiras para a montagem do espetáculo, cenários e figurinos simples, mas caprichados e criativos. 





            Todos os demais “meninos” e “meninas” do elenco também se saem muito bem nos seus respectivos papéis.


            Fazem parte, ainda, da ficha técnica da peça: ALEXANDRE AMORIM (versão brasileira), JOÃO DE FREITAS HENRIQUES (cenários e figurinos), ANDERSON RATTO (iluminação), VICTOR MARTINEZ (visagismo e caracterização) e JANE CELESTE (supervisão fonoaudiológica), além de um número enorme de outros colaboradores.


Assisti ao espetáculo na sua estreia e voltei a vê-lo na sua reestreia, na última 5ª feira (dia 9).  E seria capaz de repetir a dose muitas outras vezes, se tivesse disponibilidade de tempo para tal.


            Infelizmente, por questões “burocráticas” ($$$$$$$), o espetáculo não poderá fazer carreira, comercialmente, em algum teatro, mas, pelo menos, durante as duas próximas semanas (até o dia 26 de janeiro, de 5ª feira a sábado, às 21h, e aos domingos, às 20h), você poderá conferir esse fenômeno do TEATRO no Rio de Janeiro.

            É imperdível!

"OLÁ, MEU NOME É ELDER E EU QUERO TE MOSTRAR UM LIVRO TÃO SENSACIONAL, ESCRITO POR JESUS."


            Parabéns, RUBINHO!  Parabéns, UNIRIO!  Parabéns, todos os envolvidos no projeto!  E, principalmente, parabéns, TEATRO MUSICAL BRASILEIRO!












Exibindo 20140109_235145.jpg
LÉO BAHIA, EU e RUBENS LIMA JR.



Exibindo 20140109_235632.jpg
HUGO KERTH e EU.








(FOTOS DE DIVULGAÇÃO DO ESPETÁCULO E DE MARISA SÁ.)


 

Um comentário:

  1. É muito emocionante ver aqueles "meninos e meninas" fazendo teatro feito "gente grande".

    ResponderExcluir