quinta-feira, 16 de maio de 2024

"PET SHOP, 

O MUSICÃO"!

ou

(UM BELO E IMPECÁVEL ESPETÁCULO 

PARA A FAMÍLIA.)

 


         Infelizmente, a cada 10 espetáculos infantis ou infantojuvenis montados no Rio de Janeiro – Creio que, em São Paulo e em outras praças, não seja diferente. -, apenas menos da metade merecia ser encenada, e os demais não deveriam nem ter suas montagens cogitadas, muito embora quase todos os envolvidos nos projetos que deixam a desejar – alguns deixam “muito” (eufemismo para “são PÉSSIMOS) – sejam pessoas bem intencionadas, que pensam estar prestando um bom serviço à educação e à cultura, quando, na verdade, ocorre, exatamente o contrário: acabam prestando um grande desserviço a uma importante causa, que é ajudar na educação dos pequenos jovens e despertar-lhes o gosto pelo TEATRO, já que são eles que formariam as plateias do futuro. Fiz uso do verbo (“formariam”) no futuro do pretérito do indicativo, porque este tempo verbal expressa, entre outras coisas, incerteza, sendo utilizado para se referir a algo que poderia ter acontecido, posteriormente a uma situação no passado. Sinceramente, não podemos ter certeza de que iremos encontrá-los, na idade adulta, frequentando Teatros. E eu não posso lhes tirar a razão, até porque, infelizmente, como em qualquer outro ramo profissional, existem muitos falsos artistas, uns “picaretas”, responsáveis por montagens medíocres, que só visam ao dinheiro; fazem qualquer coisa, sem amor e respeito aos pequenos, sob a indecente justificativa de que, “se é para criança, qualquer coisa serve”. NÃO SERVE, NÃO!!! Criança é muito importante, em qualquer circunstância e sob qualquer causa!!!” Confesso que isso muito me preocupa, principalmente, quando, assíduo, que sou, em peças destinadas ao nicho do TEATRO Infantil / Infantojuvenil, ouço, muitas vezes, à saída dos Teatros, alguns pequenos expressando, sobre sua aquela sua experiência teatral – às vezes, a primeira -, comentários como: “Isso daí é que é TEATRO? É muito chato (ruim, saco, bobinho, sem-noção...! Não quero ir de novo, não!”. Entendo-as perfeitamente, porque a razão está com elas, pelo simples fato de não terem assistido a uma boa peça para a sua faixa etária.

 

 



 

         De uma forma geral, os dramaturgos só escrevem peças para os adultos ou se especializam em produzir texto dramáticos para crianças e adolescentes. Poucos se arriscam a circular nas duas calçadas, e, menos ainda, nos deparamos com os que conseguem criar dramaturgias de qualidade, tanto para um universo quanto para o outro. Não vem ao caso, agora, citar os raros exemplos destes, porque o que importa, nesta apreciação crítica, é jogar luz no trabalho do jovem VITOR ROCHA, indubitavelmente, um dos melhores dramaturgos da sua novíssima geração. VITOR é ator, diretor, escritor e roteirista. Tem apenas 26 anos de idade, mas já acumula muitos sucessos, de público e de crítica, e prêmios de TEATRO, desde quando encenou seu primeiro espetáculo, “Cargas D’Água – Um Musical de Bolso”, em 2018, que lhe rendeu prêmios, logo na primeira experiência, repito, e mereceu montagens em Londres e Nova Iorque. “Seu passe é tão caro”, que, em 2019, foi eleito, pela influente revista Forbes, um dos 90 jovens mais bem sucedidos e promissores do país. Ainda em 2019, estreou um espetáculo musical que considero sua “OBRA-PRIMA”, até o momento: “Se Essa Lua Fosse Minha!”. No mesmo ano, encenou seu primeiro espetáculo infantojuvenil, “O Mágico Di Ó - Um Clássico em Forma de Cordel”, que eu considero uma ideia tão arrojada quanto criativa e muito bem-sucedida. Agora, VITOR assina a dramaturgia de “PET SHOP, O MUSICÃO”, a convite da cantora lírica e atriz JULIANNE DAUD, idealizadora do projeto e produtora, juntamente com o maestro FABIO G. OLIVEIRA.


Vitor Rocha.

 





SINOPSE:

Quando vem ao mundo, todo animalzinho recebe uma missão, uma missão que vem gravada em seu pequeno coração, assim como seu nome na coleira.

Alguns recebem a missão de guiar; outros recebem a missão de proteger; alguns vêm para fazer companhia; e outros recebem, até mesmo, a missão de curar.

Bom, é nisso que acredita M.C. (LUIZA PORTO), a chihuahua que lidera todos os animaizinhos na Pet Shop da Dra. Maggie e cuida para que tudo esteja sempre na mais perfeita ordem.

O problema é que essa ordem parece estar com os dias contados, depois da chegada de Mussarela (Com "SS" mesmo) (ARTHUR BERGES), um cãozinho com nome de queijo, que foi criado pelas ruas e que, depois de se envolver com o bando de cachorros errados, acabou precisando de abrigo e foi se esconder por lá.

Como se não fosse o bastante, para tirar o sono de M.C., a notícia de que a Pet Shop poderá ser demolida, para dar lugar a um estacionamento, acerta todos em cheio.

Agora, bichinhos adestrados e de rua vão precisar trabalhar juntos e superar suas diferenças, se quiserem sair dessa!

 

 

 



 

         Guardadas as devidas proporções, pode-se enxergar, neste espetáculo, algo bem próximo à mensagem maior do icônico musical “Os Saltimbancos” (1977) versão do original italiano “I Musicanti”, inspirado no conto “Os Músicos de Bremen”, dos irmãos Grimm. Na peça original, em italiano, as canções têm letra de Sergio Bardotti e música de Luis Enríquez Bacalov. No Brasil, a versão e as adaptações levam o nome de Chico Buarque. Em “Os Saltimbancos”, fica a mensagem do quanto quatro animais podem se tornar fortes, para combater um inimigo comum, quando juntam forças: Todos juntos somos fortes / Somos flecha e somos arco / Todos nós no mesmo barco / Não há nada pra temer.”. Ou seja, põe-se em prática a velha e boa máxima de que “a união faz a força”. E isso só pode ser conseguido quando as fortalezas se unem por uma única e justa causa, com amor e respeito recíproco. Uma bela mensagem, que qualquer pequeno ser humano, um(a) cidadão(ã) em formação, deve, e precisa, ouvir. Na peça “Os Saltimbancos”, nota-se, quase escancarada, uma alegoria política, na qual a Galinha representaria a classe operária; o Jumento, os trabalhadores do campo; o Cachorro, os militares; e a Gata, os artistas. E o Barão, inimigo dos animais, seria a personificação da elite, ou dos “detentores do meio de produção”.

 

 



 

       É claro que os pequenos não faziam essa leitura, porém seus acompanhantes adultos sim. Por oportuno, faz-se necessário dizer que as obras infantis, notadamente o TEATRO, sempre foram, durante o período de ditadura militar, instaurada no Brasil em 1964, um terreno fértil para que os autores, os dramaturgos, fizessem suas críticas aos que detinham o poder à força, valendo-se de metáforas e alegorias, na maior parte das vezes não captadas pela Censura, cujos membros não eram lá muito inteligentes. Aparentemente, o texto de VITOR ROCHA pode não dar margem a leituras mais “politizadas”, nas entrelinhas, contudo a imaginação do ser humano é sempre muito fértil. De uma coisa, porém, não há a menor dúvida: em “PET SHOP, O MUSICÃO”, a mensagem da união entre amigos, para o fortalecimento de um grupo, com o objetivo de lutar por uma justa conquista, está presente no palco do Teatro Bravos, que fica no belíssimo prédio que abriga o Instituto Tomie Ohtake, em São Pulo, em cartaz, infelizmente, apenas até o próximo domingo, dia 19 de maio (2024).

 

 



 

     Trata-se de um texto bonito, alegre, divertido, inteligente e de fácil compreensão, escrito para os pequenos, de verdade, mas que agrada a estes e aos grandes que os acompanham, cheio de diálogos ágeis e criativos, como se deve escrever para as crianças, sem fazê-las de “bobinhas”. Em resumo, é um espetáculo para divertir a família, e caiu em boas mãos, de gente muito competente. JULIANNE DAUD e FABIO G. OLIVEIRA são os responsáveis pela direção geral e idealização da peça. Foram eles que encomendaram o texto a VITOR ROCHA. O trio demonstra um grande amor aos animais, o que deveria ser seguido por todos. A dupla convidou FERNANDA CHAMMA, para a direção artística, a qual realizou uma bela e inteligente leitura do texto, além de ter assinado todas as alegres coreografias do musical, à exceção dos números de sapateado, criados por CHRIS MATALLO. A diretora contou com uma ótima equipe de colaboradores: artistas de criação, elencos e técnicos. E o resultado é o melhor possível, como já se poderia esperar.

 

 



 

         No que diz respeito à parte musical, o maestro FABIO G. OLIVEIRA é o responsável pela correta direção musical, além de assinar as melodias, ao lado de VITÓRIA MALDONADO. São muitas canções, de fácil aceitação, e alguns trechos delas podem ser considerados “chicletes”, por ficarem “grudados” em nossa mente, após o espetáculo. Eu mesmo, um adulto de 74 anos, saí do Teatro com algumas linhas melódicas na cabeça. Em tempo: as letras dessas canções, que ajudam na narrativa, também foram escritas por VITOR ROCHA. ANDRÉ ABUJAMRA ainda colabora, neste quesito, responsável pela produção musical das bases. É bom que se diga que a trilha sonora original é bastante eclética, pela qual desfilam ritmos musicais bem distintos, como samba, reggae, tango, jazz e música orquestral.

 

 



 

         Não importa se a produção não é voltada ao público adulto. Tem que ser feito aquilo que se pode fazer de melhor. Aqui, é muito fácil constatar isso, nos interessantíssimos figurinos, assinados por THEODORO COCHRANE, e os cenários, de MARCO LIMA, que parecem ser reais, ganhar vida, por conta dos muitos movimentos de passagem de um “set” a outro. Ambos os elementos, bastante coloridos, são, a meu juízo, dois dos pontos altos desta montagem, o que também pode, e deve, ser dito com relação ao caprichado visagismo, criado por ANDERSON BUENO. A riqueza de detalhes da plasticidade desta encenação é coroada pela brilhante luz de um craque em seu ofício, WAGNER FREIRE. E mais um detalhe importantíssimo: nada do que é dito e/ou cantado em cena é perdido, graças ao impecável trabalho de desenho de som, a cargo de TOCKO MICHELAZZO.

 

 



 

         Como “o TEATRO é a arte do coletivo”, tal preceito precisa ser seguido, à risca, numa relação que reúna todos os envolvidos num projeto, porém é no palco que isso é mais notado pelo grande público. Num elenco, são importantes tanto os atores que interpretam os principais papéis como também todos os demais. É preciso que haja uma grande sintonia entre todos, uma homogeneidade ímpar, em termos de concentração e dedicação a cada um dos personagens. Isso é o que notamos no palco, nesta produção. São 16 atores, todos interpretando personagens animais, misturados a bonecos manipulados. Há, entre eles, alguns nomes que já vêm, há algum tempo, se destacando em outros musicais, e muito aplaudidos por mim, como é o caso de ARTHUR BERGES, LUIZA PORTO, ADRIANO TUNES, WILLIAN SANCAR, VINICIUS LOYOLA e GIOVANNA ZOTTI, e há aqueles que me deram motivos para que os aplaudisse pela primeira vez e ficasse bastante entusiasmado e satisfeito com suas “performances”. A propósito, no dia em que assisti à peça, e me diverti muito com ela, a personagem de LUIZA PORTO (M.C.), pelo fato de a atriz estar adoentada, foi interpretado pela jovem atriz JULIA BERLIM, titular da personagem Belinha(A maioria do elenco é formada por atores bem jovens; inCipientes, porém jamais inSipientes. Momento descontração! Consultem o Tio GOOGLE!), cujo trabalho, sob o meu crivo, foi excelente. Uma substituição à altura do talento de LUIZA.

 

 








 

FICHA TÉCNICA (SIMPLIFICADA):

Direção Geral e Idealização: Julianne Daud e Fabio G. Oliveira

Texto e Letras: Vitor Rocha     

Músicas: Vitória Maldonado e Maestro Fabio G. Oliveira

Direção Artística e Coreografias: Fernanda Chamma

Direção Musical: Maestro Fabio G. Oliveira               

 

ELENCO: Mussarela (Arthur Berges), M.C. (Luiza Porto), Ferrugem (Adriano Tunes), Lola (Isabella Oya), Caláf (Willian Sancar), Dibruço (Vinícius Loyola), Fedora (Giovanna Zotti), Maya (Anaiza), Peteca (Isabella Daneluz), Bola (Theo Barreto), Polyvox (Pedro Meireles), Safira (Roberto Justino), Peixoto (Rodrigo Spinosa), Shoyu (Andreas Trotta), Belinha (Julia Berlim) e Bartolomeu (Gustavo Ferreira).

Cenários: Marco Lima

Figurinos: Theodoro Cochrane

“Design” de Luz: Wagner Freire                         

“Design” de Som: Tocko Michelazzo       

Visagismo: Anderson Bueno  

Coreografias de Sapateado: Chris Matallo       

Produção Musical / Bases: André Abujamra

Preparação Vocal: Julianne Daud

Fonoaudióloga: Drª. Thays Vaiano                                        

Conteúdo Projeções: Rodrigo Abreu – Estúdio

Confecção de Bonecos: Marco Lima       

“Design” Gráfico: Ebert Wheeler        

Diretora de Produção: Julianne Daud

Produção Geral: Erika Altimeyer

Produção Executiva: Camila Rodrigues

Diretora Assistente e Residente: Victória Ariante

Estagiária: Theodora Prandini

Planejamento de comunicação e divulgação: Morente Forte

Fotos: Helena Mello

Mídias Sociais: Savoir Comunicação

 

 

 




 

SERVIÇO:

Temporada: De 09 de março a 19 de maio de 2024.
Local: Teatro Bravos (Complexo Aché Cultural).

Endereço: Rua Coropé, nº 88 – Pinheiros, São Paulo.

Capacidade: 611 lugares.
Acessibilidade: O teatro possui acessibilidade e ar condicionado. Libras e Áudiodescrição disponíveis em algumas sessões. Entre em contato com a produção por e-mail para verificar as datas em que o serviço é prestado: contato@maestroentretenimento.com.br
Dias e Horários: Sábado, às 15h e 17h, e domingos, às 11h e 15h. 

VENDAS (“on-line”, com taxa): sympla.com.br
Valores dos Ingressos: Plateia Premium / Plateia Inferior: R$ 120 (inteira) + R$ 18 (taxa) e R$ 60 (meia-entrada) + R$ 9 (taxa). Balcão / Mezanino: R$ 90 (inteira) + R$ 13,50 (taxa) e R$ 45 (meia) + R$ 6,75 (taxa); Balcão / Mezanino (Preço Popular): R$ 40 (preço único - verificar disponibilidade no “site” de vendas.
Vendas (física, sem taxa): Bilheteria do Teatro Bravos, de terça-feira a domingo, das 13h às 19h, ou até o início do último espetáculo. Informações: (11) 99008-4859. 
Duração: 70 minutos.
Classificação Etária: Livre. Recomendado para maiores de 6 anos. Menores de 12 anos acompanhados de responsáveis.
Gênero: Musical Infantil.

 

 

 



 

         Para fechar estes modestos comentários críticos, merece ser dito que “A ideia do musical ‘PET SHOP, O MUSICÃO’ surgiu durante a pandemia (de COVID-19). O longo período que a cantora (JULIANNE DAUD) passou em casa, com seus seis cachorros, observando como eles interagiam, levou-a a imaginar os ‘diálogos’ animados entre eles. Apaixonada por animais, desde a infância, ela quis realizar um musical que retratasse esse universo...”. Também não pode ser omitido o fato de que, segundo o “release”, que me chegou às mãos, via BETH GALLO (Assessoria de Imprensa), “O objetivo do espetáculo é levar tutores de pets e o público em geral a uma experiência única de divertimento, que visa, ao mesmo tempo, informar, educar e conscientizar as pessoas sobre questões importantes ligadas ao bem-estar animal. Ao mesmo tempo, o musical aborda temas e valores das relações humanas, como amizade, o cuidado com o outro, a força de vontade, a disciplina e a empatia.”. Agora, a pergunta que não pode calar: E esse objetivo foi atingido? Respondo eu: Para muito além do que eu já esperava, o que me leva a RECOMENDAR, COM EMPENHO, O ESPETÁCULO.

 

 



 

         Também sou apaixonado por animais, mormente por cachorros. Já criei alguns e sempre foi utilizado o termo “dono”, fazendo-se referência à(s) pessoa(s) que cuidam dos pets. De uns tempos para cá, todavia, essa coisa chata, burra e desagradabilíssima, chamada “politicamente correto(a), cismou de nos querer impor a troca do termo “dono(a)” pelo vocábulo “TUTOR”, com o qual muito me antipatizo e me recuso a empregar. Por outro lado, não posso deixar de admitir, que estamos errados, sim, quando nos consideramos seus “donos”, porque, “no frigir dos ovos”, eles é que são os nossos. E que São Francisco de Assis proteja a todos!!!  



 



 

 

FOTOS: HELENA MELLO

 

 


 

GALERIA PARTICULAR:

(Fotos: Gilberto Bartholo

e

Guilherme de Rose.)



Com os amigos Adriano Tunes 

e Arthur Berges.















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