domingo, 21 de julho de 2024


“QUIMERA”

ou

(O DESTINO

SOBRE A MESA,

NAS CARTAS DO TARÔ.)



         

         Anteontem, 19/07/2024, fazia sua estreia, em seu primeiro monólogo, Mateus Solano, numa das salas do Teatro Fashion Mall, a maior delas. Embora eu tenha recebido convite para essa sessão especial, preferi agendar para a próxima semana e prestigiar o trabalho de um grupo de desconhecidos jovens, em final de formação no curso de interpretação da UNIRIO, apresentando-se naquele mesmo Teatro, obviamente, na sala menor (Nunca consigo saber qual é a 1 e a 2. Por que não batizá-las? Posso sugerir alguns nomes.). E já vou adiantando que valeu a pena e não me arrependi pela troca.


 

          Foi uma agradabilíssima surpresa. Os envolvidos no projeto, confesso, me ofereceram muito mais do que eu esperava ganhar. Sim, foi um ganho; um grande ganho. Pensaram que eu iria dizer que foi um “presente” - Coisa mais chata! -, como os atores costumam se referir a alguns trabalhos que fazem? Não seria eu tão repetitivo e pouco criativo assim! (Momento descontração!) Acompanhei a “gestação” da peça a distância e sei da imensa dificuldade que aqueles jovens tiveram, para ver a concretização de seu sonho. Se, para gente famosa e tarimbada, sempre “é um parto a fórceps, com ou sem patrocínio, conseguir erguer uma montagem teatral, imaginem quando a verba de produção se resume a apenas R$15.000, o prêmio que receberam, e os sonhadores não frequentam, ainda, as mídias...

 

 


 

Trata-se de “QUIMERA”, uma “DRAMÉDIA”, como está na moda o neologismo, referindo-se a um texto teatral, que, embora contenha características de dois gêneros, o drama e a comédia, não se diz que é uma comédia dramática ou um drama cômico; “DRAMÉDIA” é o termo que vem sendo usado, com frequência, ultimamente, ao qual me curvo, sem nenhuma restrição a seu uso.

 



SINOPSE:

O que, realmente, dita o curso de nossas vidas?

Será o destino, tecendo fios invisíveis, ou o acaso, brincando com nossos destinos?

“QUIMERA" é um espetáculo que convida o público a questionar e explorar algumas temáticas, como o acaso e o destino, por meio de muitas risadas e cartas de tarô.

Será que podemos ser os protagonistas de nossas próprias histórias ou somos apenas marionetes nas mãos do acaso?

Joguetes do destino?

Como podemos nos conectar com aqueles que atravessam nosso caminho, deixando suas marcas em nossas almas?

A peça conta a história de quatro personagens que se cruzam pelo acaso (Ou seria destino?).

A partir do encontro dessas narrativas, surge um questionamento: O que cada um veio fazer naquele lugar? 



 


  O quarteto de personagens, que fazem parte da recém-fundada “Cia. Expressart” (Adorei o nome do grupo!!!), os quais têm suas vidas expostas, em cena, por meio do baralho de tarô, reúne Madame Boemia (LENITA MAGALHÃES), uma taróloga, cuja mãe dizia, toda vez que a filha chorava, que ela era como uma “quimera”; Céu (JOÃO BARTHOLO), um jovem rapaz com problemas de relacionamento e de socialização; Rayssa (ANDRESSA TOLEDO), uma mulher misteriosa e que teve seu direito de escolha tomado; e Seu Valter (LUCAS RESENDE), um senhor calmo, que, depois de ter vivido tantas coisas, já não se surpreende mais com a vida.“Buscando descobrir o significado de cada carta e entendendo como suas vidas estão interligadas, de alguma forma, seus traumas e dilemas são lançados, a fim de, juntos, reescreverem o final de cada narrativa”..

 

 


(Foto: GB)

 

  O embrião desta peça foi uma cena premiada no “13º FESTU” (“Festival de Teatro Universitário do Rio de Janeiro”, em 2023, que, este ano, passou a significar “A Festa do Teatro), de cerca de 20 minutos, intitulada “Venha Ver o Pôr do Sol”, baseada num conto de Lygia Fagundes Telles. O esquete foi o escolhido pelo júri popular e, como prêmio, recebeu a quantia supracitada, para que fosse montado, no formato de uma peça teatral, a qual acabou tendo seu tempo multiplicado por cinco e se transformou num lindo espetáculo de 100 minutos, tendo que cumprir 24 apresentações, no mínimo, não podendo contar com mais nenhum outro incentivo em dinheiro, para a montagem. O TEATRO sempre exigindo “milagres”. Mas os artistas de TEATRO são “milagreiros” mesmo (Outro momento descontração!), e a peça foi erguida a custo de muitas pedras no caminho.

 




(Fotos do esquete apresentado no FESTU.
Fotógrafa: Any Duarte.)


  Como o aluguel de um Teatro custa bem caro – E, aqui, não vai nenhuma crítica aos seus proprietários. –, os “meninos” só puderem alocar o Fashion Mall por cinco dias. Sendo assim, infelizmente, trata-se de uma temporada relâmpago. O espetáculo já fez três apresentações, na Lona Cultural Fernando Torres, em Madureira, subúrbio carioca. Faltam, portanto, 16 outras apresentações, para o cumprimento da contrapartida do prêmio. Que os “Deuses do TEATRO” possam “dar aquela forcinha”!

 

 

 

  E por que sai do Teatro feliz, pelo que vi? Porque encontrei um ótimo texto, sobre o qual só faço uma ressalva: poderiam ter sido cortadas algumas “gordurinhas”, para que ele se tornasse um pouco mais curto, de mais fácil compreensão, para um público leigo em TEATRO, e livre de algumas “barriguinhas”, nada, porém, que o comprometa, no todo.

 

 

 

  Porque conheci, na prática, o trabalho de quatro promissores artistas, dois atores e duas atrizes: JOÃO BARTHOLO, LUCAS RESENDE, LENITA MAGALHÃES e ANDRESSA TOLEDO, dos quais atribuo um pequeno destaque positivo às atuações de LUCAS e LENITA. Notei um bom jogo cênico entre os quatro e, consequentemente, uma homogeneidade nas interpretações.

 

 



 

  Porque encontrei, nos elementos de apoio a uma encenação teatral, o mínimo, por falta de recursos financeiros, e o máximo, em se tratando de criatividade e utilidade a serviço da montagem, como um cenário interessantíssimo (LAYSE MEDEIROS e LUCAS RESENDE); figurinos do dia a dia dos personagens (LAYSE MEDEIROS), acordes com cada um deles; uma corretíssima luz (JOÃO UCHÔA), que me chamou muito a atenção, por sua pertinência, em cada cena, e a forma precisa nas modificações; e uma trilha sonora/sonoplastia (NIGGA, aqui chamado de “designer” de som, unindo as duas atividades.), com inserções cirúrgicas, como, há algum tempo, não via numa peça de TEATRO. E não me perdoaria, se não fizesse alusão ao correto trabalho de corpo dos atores, a cargo de MARILI STEFANY, na preparação corporal, e ANDRESSA TOLEDO e JAILTON MAIA, na direção de movimento. Penso que ainda ouviremos falar bastante, positivamente, de todos os nomes citados na FICHA TÉCNICA desta modesta crítica.    

 

 

 

 

(Foto: GB)

 

 

FICHA TÉCNICA:

Texto: Pedro Fonseca

Direção: Jailton Maia

 

Elenco: Andressa Toledo (Rayssa), João Bartholo (Céu), Lenita Magalhães (Boêmia) e Lucas Resende (Seu Valter)

Cenografia: Layse Medeiros e Lucas Resende

Figurino: Layse Medeiros

Iluminação e Desenho de Luz: João Uchôa

“Designer” de Som (Sonoplastia): Nigga

Preparação Corporal: Marili Stefany

Direção de Movimento: Andressa Toledo e Jailton Maia

Letras e Composições: João Bartholo

Social Media: João Uchôa e João Bartholo

Fotos: Luís Carlos lobo

“Designer” Gráfico e “Motion Designer”: João Uchôa

 

 

 


 

 

SERVIÇO:

Temporada: De 17 a 21 de Julho de 2024.

Local: Teatro Fashion Mall.

Endereço: Estrada da Gávea, nº 899 - São Conrado, Rio de Janeiro – RJ.

Dias e Horários: De 4ª feira a sábado, às 20h30min; domingo, às 19h30min.

Valor dos Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia-entrada).

Bilhetes disponíveis na bilheteria física do Teatro Fashion Mall (sem taxa de conveniência) ou pelo “site” Sympla (com taxa de conveniência).

Classificação Etária: 16 anos.

Duração: 1h40min.

Gênero: “Dramédia” (Termo, atualmente, em uso, para designar um Drama com pitadas de COMÉDIA.) 

 



(Foto: GB)

 

        Fico muito feliz, toda vez que conheço uma nova trupe, empenhada no que faz, para nos brindar com um bom e honestíssimo trabalho de TEATRO. Faço votos de que essa turminha, nova em idade e atividade, mas já demonstrando competência, seriedade profissional e bom gosto nas escolhas, tenha, nesta “QUIMERA”, a porta aberta para o sucesso e reconhecimento do público. E que venham outras temporadas!!! RECOMENDO, COM EMPENHO, O ESPETÁCULO!!!   

 

 


(Foto: GB)

 

 



FOTOS: LUÍS CARLOS LOBO (oficiais) 

GILBERTO BARTHOLO (GB)

(arquivo pessoal)

 

 

 

 

 

VAMOS AO TEATRO!

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE; E SALVA!

RESISTAMOS SEMPRE MAIS!

COMPARTILHEM ESTA CRÍTICA, PARA QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR O QUE HÁ DE MELHOR NO TEATRO BRASILEIRO!

 

 





 
















































































2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Trabalho muito bonito, limpo e preciso desses 4 atores. A reflexão é obrigatória. Adorei a história, a cenografia, o figurino, a sonoplastia, a luz....estava tudo no seu lugar. Parabéns!

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