“QUIMERA”
ou
(O DESTINO
SOBRE A MESA,
NAS CARTAS DO
TARÔ.)
Anteontem, 19/07/2024,
fazia sua estreia, em seu primeiro monólogo, Mateus Solano, numa das
salas do Teatro Fashion Mall, a maior delas. Embora eu tenha recebido
convite para essa sessão especial, preferi agendar para a próxima semana e
prestigiar o trabalho de um grupo de desconhecidos jovens, em final de formação
no curso de interpretação da UNIRIO, apresentando-se naquele
mesmo Teatro, obviamente, na sala menor (Nunca consigo saber qual é a 1 e
a 2. Por que não batizá-las? Posso sugerir alguns nomes.). E já vou
adiantando que valeu a pena e não me arrependi pela troca.
Foi
uma agradabilíssima surpresa. Os envolvidos no projeto, confesso,
me ofereceram muito mais do que eu esperava ganhar. Sim, foi um ganho; um
grande ganho. Pensaram que eu iria dizer que foi um “presente” -
Coisa mais chata! -, como os atores costumam se referir a alguns
trabalhos que fazem? Não seria eu tão repetitivo e pouco criativo assim! (Momento
descontração!) Acompanhei a “gestação” da peça a distância e sei
da imensa dificuldade que aqueles jovens tiveram, para ver a concretização de
seu sonho. Se, para gente famosa e tarimbada, sempre “é um parto a fórceps”,
com ou sem patrocínio, conseguir erguer uma montagem teatral, imaginem quando a
verba de produção se resume a apenas R$15.000, o prêmio que receberam, e
os sonhadores não frequentam, ainda, as mídias...
Trata-se
de “QUIMERA”, uma “DRAMÉDIA”,
como está na moda o neologismo, referindo-se a um texto teatral, que, embora
contenha características de dois gêneros, o drama e a comédia,
não se diz que é uma comédia dramática ou um drama
cômico; “DRAMÉDIA” é o termo que vem sendo usado, com frequência,
ultimamente, ao qual me curvo, sem nenhuma restrição a seu uso.
SINOPSE:
O que, realmente, dita o curso de
nossas vidas?
Será o destino, tecendo fios
invisíveis, ou o acaso, brincando com nossos destinos?
“QUIMERA" é um
espetáculo que convida o público a questionar e explorar algumas temáticas,
como o acaso e o destino, por meio de muitas risadas
e cartas de tarô.
Será que podemos ser os protagonistas
de nossas próprias histórias ou somos apenas marionetes nas mãos do acaso?
Joguetes do destino?
Como podemos nos conectar com aqueles
que atravessam nosso caminho, deixando suas marcas em nossas almas?
A peça conta a história de quatro
personagens que se cruzam pelo acaso (Ou seria destino?).
A partir do encontro dessas
narrativas, surge um questionamento: O que cada um veio fazer naquele lugar?
O quarteto de personagens, que fazem parte da recém-fundada “Cia. Expressart” (Adorei
o nome do grupo!!!), os quais têm suas vidas expostas, em cena, por
meio do baralho de tarô, reúne Madame Boemia (LENITA MAGALHÃES),
uma taróloga, cuja mãe dizia, toda vez que a filha chorava, que ela era como
uma “quimera”;
Céu
(JOÃO BARTHOLO), um jovem rapaz com
problemas de relacionamento e de socialização; Rayssa (ANDRESSA TOLEDO), uma mulher
misteriosa e que teve seu direito de escolha tomado; e Seu Valter (LUCAS RESENDE), um senhor calmo, que,
depois de ter vivido tantas coisas, já não se surpreende mais com a vida.“Buscando
descobrir o significado de cada carta e entendendo como suas vidas estão
interligadas, de alguma forma, seus traumas e dilemas são lançados, a fim de,
juntos, reescreverem o final de cada narrativa”..
(Foto: GB)
O embrião desta
peça foi uma cena premiada no “13º FESTU” (“Festival de Teatro Universitário
do Rio de Janeiro”, em 2023, que, este ano, passou a significar “A
Festa do Teatro), de cerca de 20 minutos, intitulada “Venha
Ver o Pôr do Sol”, baseada num conto de Lygia Fagundes Telles. O
esquete foi o escolhido pelo júri popular e, como prêmio, recebeu a quantia supracitada,
para que fosse montado, no formato de uma peça teatral, a qual acabou tendo seu
tempo multiplicado por cinco e se transformou num lindo espetáculo de 100
minutos, tendo que cumprir 24 apresentações, no mínimo, não
podendo contar com mais nenhum outro incentivo em dinheiro, para a montagem. O TEATRO
sempre exigindo “milagres”. Mas os artistas de TEATRO são “milagreiros”
mesmo (Outro momento descontração!), e a peça foi erguida a custo de
muitas pedras no caminho.
Como o
aluguel de um Teatro custa bem caro – E, aqui, não vai nenhuma crítica aos seus
proprietários. –, os “meninos” só puderem alocar o Fashion
Mall por cinco dias. Sendo assim, infelizmente, trata-se de uma
temporada relâmpago. O espetáculo já fez três apresentações, na Lona
Cultural Fernando Torres, em Madureira, subúrbio carioca. Faltam,
portanto, 16 outras apresentações, para o cumprimento da contrapartida do
prêmio. Que os “Deuses do TEATRO” possam “dar aquela forcinha”!
E por
que sai do Teatro feliz, pelo que vi? Porque encontrei um ótimo
texto, sobre o qual só faço uma ressalva: poderiam ter sido cortadas
algumas “gordurinhas”, para que ele se tornasse um pouco mais curto, de
mais fácil compreensão, para um público leigo em TEATRO, e livre de
algumas “barriguinhas”, nada, porém, que o comprometa, no todo.
Porque conheci,
na prática, o trabalho de quatro promissores artistas, dois atores e duas
atrizes: JOÃO BARTHOLO, LUCAS RESENDE, LENITA MAGALHÃES e ANDRESSA
TOLEDO, dos quais atribuo um pequeno destaque positivo às atuações de LUCAS e LENITA. Notei um bom jogo cênico entre os quatro e, consequentemente,
uma homogeneidade nas interpretações.
Porque
encontrei, nos elementos de apoio a uma encenação teatral, o mínimo, por falta
de recursos financeiros, e o máximo, em se tratando de criatividade e utilidade
a serviço da montagem, como um cenário interessantíssimo (LAYSE MEDEIROS e LUCAS RESENDE); figurinos
do dia a dia dos personagens (LAYSE
MEDEIROS), acordes com cada um deles; uma corretíssima luz (JOÃO UCHÔA), que me chamou muito a
atenção, por sua pertinência, em cada cena, e a forma precisa nas modificações;
e uma trilha sonora/sonoplastia (NIGGA,
aqui chamado de “designer” de som, unindo as duas atividades.), com
inserções cirúrgicas, como, há algum tempo, não via numa peça de TEATRO.
E não me perdoaria, se não fizesse alusão ao correto trabalho de corpo
dos atores, a cargo de MARILI STEFANY,
na preparação
corporal, e ANDRESSA TOLEDO e
JAILTON MAIA, na direção
de movimento. Penso que ainda ouviremos falar bastante, positivamente,
de todos os nomes citados na FICHA TÉCNICA desta modesta crítica.
(Foto: GB)
FICHA
TÉCNICA:
Texto: Pedro Fonseca
Direção: Jailton Maia
Elenco: Andressa Toledo (Rayssa), João Bartholo
(Céu), Lenita Magalhães (Boêmia) e Lucas Resende (Seu Valter)
Cenografia: Layse Medeiros e Lucas Resende
Figurino: Layse Medeiros
Iluminação e Desenho de Luz: João Uchôa
“Designer” de Som (Sonoplastia):
Nigga
Preparação Corporal: Marili Stefany
Direção de Movimento: Andressa Toledo e Jailton
Maia
Letras e Composições: João Bartholo
Social Media: João Uchôa e João Bartholo
Fotos: Luís Carlos lobo
“Designer” Gráfico e “Motion
Designer”: João Uchôa
SERVIÇO:
Temporada: De 17 a 21 de Julho de 2024.
Local: Teatro Fashion Mall.
Endereço: Estrada da Gávea, nº 899 - São Conrado,
Rio de Janeiro – RJ.
Dias e Horários: De 4ª feira a sábado, às 20h30min;
domingo, às 19h30min.
Valor dos Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia-entrada).
Bilhetes disponíveis na bilheteria física do Teatro Fashion Mall (sem taxa de conveniência) ou pelo “site” Sympla (com taxa de conveniência).
Classificação Etária: 16 anos.
Duração:
1h40min.
Gênero: “Dramédia” (Termo, atualmente,
em uso, para designar um Drama com pitadas de COMÉDIA.)
(Foto: GB)
Fico muito feliz, toda vez que conheço uma nova trupe, empenhada no que
faz, para nos brindar com um bom e honestíssimo trabalho de TEATRO.
Faço votos de que essa turminha, nova em idade e atividade, mas já demonstrando
competência, seriedade profissional e bom gosto nas escolhas, tenha, nesta “QUIMERA”,
a porta aberta para o sucesso e reconhecimento do público. E que venham outras
temporadas!!! RECOMENDO, COM EMPENHO, O ESPETÁCULO!!!
(Foto: GB)
FOTOS: LUÍS CARLOS LOBO (oficiais)
e
GILBERTO BARTHOLO (GB)
(arquivo pessoal)
VAMOS AO TEATRO!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE
ESPETÁCULO DO BRASIL!
A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE; E
SALVA!
RESISTAMOS SEMPRE MAIS!
COMPARTILHEM ESTA CRÍTICA, PARA
QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR O QUE HÁ DE MELHOR NO TEATRO BRASILEIRO!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirTrabalho muito bonito, limpo e preciso desses 4 atores. A reflexão é obrigatória. Adorei a história, a cenografia, o figurino, a sonoplastia, a luz....estava tudo no seu lugar. Parabéns!
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