domingo, 13 de agosto de 2023

"HELENA BLAVATSKY,

A VOZ DO SILÊNCIO"

ou

(UMA AULA DE

INTERPRETAÇÃO

TEATRAL.)





        E continua a (boa) safra de monólogos no Rio de Janeiro. Hoje, a “bola da vez” é o espetáculo “HELENA BLAVATSKY, A VOZ DO SILÊNCIO”, que aportou por aqui, para uma temporada no “Teatro Fashion Mall”, depois de ter cumprido duas outras, em São Paulo e Belo Horizonte, com sessões lotadas e uma excelente receptividade, por parte do público e da crítica especializada.



  

SINOPSE: 

A luz de uma vela ilumina o cenário e revela um lugar simples, na fria Londres do final do século XIX.

É o quarto de HELENA BLAVATSKY, que se encontra sozinha, em seu último dia de vida.

Ela revisita suas memórias, seu vasto conhecimento, adquirido pelos quatro cantos do mundo, e se depara com a força do comprometimento com sua missão de vida e as consequências de suas escolhas.

Relembra sua forte ligação com a Índia e seu encontro, em Londres, com Gandhi.

 

 



De acordo com o “release” que recebi, de STELLA STEPHANY (“JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany”), “a peça joga luz sobre a obra e o legado de BLAVATSKY, conhecida por confrontar as correntes ortodoxas da ciência, da filosofia e da religião. Resgatando importantes conhecimentos para a humanidade, a visionária escritora influencia, até os dias de hoje, inúmeros pensadores e artistas”. Seguem-se dois parágrafos retirados, quase na íntegra, de uma fonte confiável, os quais funcionam como um “cartão de visitas” da personagem protagonista deste espetáculo.



Elena Petrovna Blavátskaya, mais conhecida como Helena Blavatsky ou Madame Blavatsky, foi uma proficiente escritora russa, responsável pela sistematização da moderna Teosofia e cofundadora da "Sociedade Teosófica". Dona de uma personalidade forte, complexa, dinâmica e independente, desde pequena, mostrou possuir um caráter robusto e dons psíquicos incomuns. Imediatamente após um casamento frustrado, deixou o esposo e partiu em um longo período de viagens, por todo o mundo, em busca de conhecimento filosófico, espiritual e esotérico e, nesse intervalo, alegou ter passado por inúmeras experiências fantásticas, entrado em contato com vários mestres de sabedoria, ou "mahatmas", e deles recebido, na condição de discípula, um treinamento especial, para desenvolver seus poderes paranormais, de forma controlada, a fim de que pudesse fazer uso deles como instrumento para a instrução do mundo ocidental. Nos Estados Unidos, estabeleceu uma duradoura aliança de trabalho e companheirismo com Henry Olcott, com quem fundou a “Sociedade Teosófica”. Em 1877, os dois transferiram a sede da “Sociedade” para a Índia e passaram a viver lá, até que um incidente, o “Caso Coulomb”, abalou gravemente sua reputação internacional, quando foi declarada culpada de fraude, num relatório publicado pela “Sociedade de Pesquisas Psíquicas de Londres”. Voltou, então, para a Europa, onde continuou escrevendo e divulgando a Teosofia. Seus anos finais foram difíceis, pois vivia, frequentemente, adoentada e envolvida em discussões públicas, tinha de administrar a “Sociedade” que fundara, e que crescia rapidamente, e a quantidade de trabalho que se impunha era enorme.


Helena Blavatsky.

HELENA BLAVATSKY foi descrita, por seus contemporâneos, em extremos de admiração e de desprezo, embora fosse uma figura fascinante para todos, pelo menos no que diz respeito ao seu carisma, inteligência e vivacidade pessoal, em que não estava ausente um grande senso de humor, que se expressava da maneira mais cômica quando falava mal de si mesma e levava às gargalhadas seus amigos. Seu comportamento nada tinha de previsível ou polido. Estava longe das convenções sociais, era dramática, impulsiva e propensa a dar escândalos. A opinião alheia lhe era indiferente, mas não era esnobe. Não demonstrava ter uma natureza sensual, mas falava abertamente sobre sexo. Era muito obesa, adorava comidas gordurosas e vestia-se de modo confuso, preferindo largas túnicas exóticas e vestidos soltos, que tornavam seu perfil volumoso ainda mais indistinto; gostava de usar uma profusão de anéis. Era barulhenta, falava incessantemente, exceto quando escrevia, mas era uma conversadora brilhante, que cativava, imediatamente, seus ouvintes com uma ininterrupta série de histórias deslumbrantes sobre suas viagens e experiências incomuns em países exóticos. Na discussão pública, era, praticamente, imbatível, mantendo uma posição de extrema autoconfiança e veemência, suportadas por uma erudição e versatilidade que impressionavam a todos. Fumava, sem parar, cigarros de fumo turco, que ela mesma enrolava e oferecia a todas as suas visitas, gostava de haxixe, de café e de chá. Contrariada, tinha acessos de intensa cólera, quando proferia maldições e outros impropérios, nas cerca de quarenta línguas e dialetos que dominava, os quais, em segundos, passavam para um humor tranquilo, carinhoso e jovial: uma "bipolar", como se diz hoje. Em certas épocas, bebia "brandy" em quantidade “o suficiente para matar um iaque tibetano”, como ela mesma dizia. Na fase de apogeu de sua carreira, as excentricidades de seu comportamento e sua própria figura física eram o exato oposto de quem, de acordo com as expectativas da época, se apresentava como uma discípula de santos e sábios. Esteve, durante toda sua carreira pública, envolvida em polêmicas e deixou muitas declarações intencionalmente contraditórias sobre sua vida.



       Agora, depois de já termos sido apresentados à Dona HELENA, digo-lhes que, se a querem “conhecer pessoalmente”, corram ao “Teatro Fashion Mall”, pois ela lá está, feliz por receber aqueles que se propõem a ouvir suas histórias e façanhas. Sim, porque o que vemos naquele palco é algo surpreendente. Não fui lá à procura de uma aula de TEATRO, porém foi o que vi; é o que nos proporciona a estupenda atriz BETH ZALCMAN, durante 60 minutos, que, do ponto de vista do tempo psicológico, o interno, aquele que “nós fazemos”, correspondem, talvez, a 15. Sim, não percebemos a passagem do tempo, as 60 voltas do ponteiro maior, porque o trabalho de BETH, digno de premiação, se encarrega de não permitir que nos desliguemos daquela interessantíssima figura, tanto no palco como entre a audiência, numa cena bem descontraída.



Beth Zalcman.


    BETH é uma excepcional atriz, cujo talento, o qual, embora já demonstrado em tantos trabalhos, em todas as mídias, precisa ser mais identificado e valorizado pelo grande público, apesar de já ter completado 40 anos de carreira. Entre os que já a conhecem atuando, ela é unanimidade. Em 2015, ao lado de Simone Kalil, foi vista por mais de 50.000 pessoas, no espetáculo “Brimas”, texto de sua autoria, pelo qual recebeu indicações a prêmios, dirigida por LUIZ ANTÔNIO ROCHA, função que este repete na encenação em tela.


  

   A “aula” a que me referi corresponde a uma exuberante interpretação de BETH ZALCMAN. Para construir a personagem, a atriz encontrou a voz correta, assim como o ritmo e as variações de intensidade, que “flutuam” de acordo com as necessidades de cada cena e ação. Acompanha esse grande acerto sua postura corporal, de uma mulher cansada e muito vivida, ainda que, naquele último dia de sua vida, estivesse com 59 anos. BETH fala pelas palavras, pelos olhos e, muito, pelas mãos, as quais explora com um brilhantismo que nos hipnotiza.



     A meu juízo, este espetáculo, que já RECOMENDO, com muito empenho, apresenta três pontos de grande destaque: a interpretação, a direção e a iluminação. Já discorri sobre o trabalho de BETH ZALCMAN. LUIZ ANTÔNIO ROCHA repete uma direção impecável, explorando todos os infinitos recursos de interpretação da atriz, não economizando em boas ideias e resoluções para todas as cenas. Entre seus principais trabalhos, como diretor, destaco “Paulo Freire, o Andarilho da Utopia”; “Zilda Arns, a Dona dos Lírios”; a já citada “Brimas”; e “Frida Kahlo, a Deusa Tehuana”. Em “HELENA BLAVATSKY, A VOZ DO SILÊNCIO”, ele chega a alçar a iluminação à categoria de “intérprete”, visto que esta “dialoga e contracena” com a atriz, da primeira à última cena, de uma forma que poucas vezes vi acontecer num palco. Que imenso entrosamento existe entre o diretor, a atriz e RICARDO FUJJI, o iluminador da peça! RICARDO faz uso de muitas mudanças de luz e cores, cada uma mais expressiva que a outra e completamente integradas às cenas. Peremptoriamente, afirmo que o trabalho de RICARDO é para ser indicado a prêmios, com expressiva condição de conquistas, e, para mim, é o melhor trabalho, no gênero, com que tive contato neste ano.


Beth Zalcman e Luiz Antônio Rocha.


   Todos os demais elementos de criação, nesta montagem, funcionam a contento, como a dramaturgia, o cenário, o figurino, o visagismo, e a trilha sonora.



O texto original, o de estreia como dramaturga, de LÚCIA HELENA GALVÃO, filósofa, professora, escritora, poetisa, palestrante, e voluntária, há 33 anos, na organização “Nova Acrópole do Brasil”, onde atua, ministrando aulas e palestras sobre diversos temas ligados à Filosofia à maneira Clássica, é bem claro, e a dramaturga conseguiu compactar, em uma hora, os melhores momentos da vida de BLAVATSKY, de uma forma bem próxima ao que, sobre ela, escreveram seus biógrafos e admiradores. A narrativa de uma "fábula", envolvendo uma anciã e Buda, é excelente e me obriga a suportar o desejo de dar "spoiler".



O cenário, de EDUARDO ALBINI, reproduz, com bastante fidelidade e com detalhes bem precisos, um quarto simples, da época em que a protagonista viveu. Basicamente, uma mesa/escrivaninha e uma cadeira de braço, sobre um discreto tapete. Sobre o móvel, muitos objetos, a serem utilizados no decorrer da encenação. Muitos livros, empilhados e espalhados pelo chão, dando uma ideia de "desordem", de um certo "caos".



ALBINI também assina o belo figurino, único, usado pela atriz. A certo momento, BETH pega uma peça, a qual, por conta da minha ignorância, no assunto, não consigo saber se é um “xale, uma pashmina ou uma echarpe”, ou outro nome que aquilo possa receber, e a coloca sobre os ombros. Esse detalhe é importante, já que, ao falar de sua vivência na Índia, mais adiante, a atriz faz uso da peça à moda das mulheres indianas.



É deveras interessante a caracterização, que transforma BETH na personagem, resultado de um ótimo trabalho de visagismo, executado por MONA MAGALHÃES.



Infelizmente, não consta, na FICHA TÉCNICA, o nome do responsável pela boa trilha sonora, na qual se destacam os sons que nos chegam, característicos das culturas musicais dos Estados Unidos e da Índia, quando a atriz fala de suas andanças por Nova Iorque e Bombaim.


  


 

 FICHA TÉCNICA:

 Texto Original: Lúcia Helena Galvão

Encenação: Luiz Antônio Rocha

Assistente de Direção: Ilona Wirth

 

Interpretação: Beth Zalcman

 

Cenário: Eduardo Albini

Figurino: Eduardo Albini

Iluminação: Ricardo Fujji

Visagismo: Mona Magalhães

Consultoria de Movimento (gestos): Toninho Lobo

Operador de luz: Gabriel Oliveira

“Marketing” Digital: Reação Web

Fotos: Daniel Castro, Andréa Menegon, Marlon Maycon, Flávia Canavarro, Kim Leekyung e Lucas Pacheco

Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação - João Pontes e Stella Stephany

Idealização e Produção: Beth Zalcman e Luiz Antônio Rocha

Parceria: Organização Internacional Nova Acrópole do Brasil

Realização: Teatro em Conserva / Espaço Cênico Produções Artísticas e Mímica em Trânsito Produções Artísticas


 


 



SERVIÇO: 

Temporada: De 27 de julho a 17 de setembro de 2023.

Local: Teatro Fashion Mall (São Conrado Fashion Mall).

Endereço: Estrada da Gávea. Nº 899 – loja 213 – São Conrado – Rio de Janeiro.

Capacidade: 420 lugares.

Dias e Horários: Sexta-feira, às 21h; sábado, às 20h; e domingo, às 19h.

Valor dos Ingressos: R$100,00 (inteira) e R$50,00 (meia-entrada).

Horários de funcionamento da Bilheteria: De terça-feira a dom, das 14h às 20h.

Vendas “on-line”: Plataforma Sympla.

Duração: 60 minutos.

Classificação Etária: 12 anos.

Gênero: Monólogo.


 

 

 

    Para quem é amante de um TEATRO da melhor qualidade, considero imperdoável não assistir a este espetáculo, que convida o público a uma reflexão sobre a busca do Homem pelo conhecimento filosófico, espiritual e místico.

 

 



 

FOTOS: DANIEL CASTRO, ANDRÉA MENEGON, MARLON MAYCON, FLÁVIA CANAVARRO, KIM LEEKYUNG e LUCAS PACHECO. 

 


 

 

GALERIA PARTICULAR:






 

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