“BOB ESPONJA,
O MUSICAL”
ou
(TAMBÉM ESTOU
NESTA:
“BEST FRIENDS
FOREVER!”)
ou
(VALEU A PENA
ESPERAR.)
Quando assisto a uma peça de TEATRO, se não gostei,
calo-me, tento esquecer a experiência ruim e lamento, sim, o tempo perdido,
embora saiba que “isso faça do jogo”. Se, porém, o espetáculo me
agrada, não lhe poupo elogios, dependendo do grau de prazer e emoção que a
montagem me causou e procuro escrever sobre ele, no mais breve tempo, com a
intenção, principalmente, de tentar convencer os que me leem a assistir ao
trabalho. Sou assim, não vou nem quero mudar. Quem não gostar “que coma
menos” ou recuse o que tenho a oferecer “para ser degustado”.
Desde pequeno, quando gosto de uma peça, um filme, um livro, por exemplo,
mergulho na utopia de que todos os que amo devem passar pela mesma adorável vivência.
Fico querendo que todos os que me são caros também possam usufruir do mesmo
prazer que eu tive. E é com esse espírito que passo a escrever sobre “BOB
ESPONJA, O MUSICAL”, em cartaz na “Cidade das Artes Bibi Ferreira”,
no Rio de Janeiro.
Postado
numa das minhas redes sociais, no dia 28 de maio próximo passado: Geralmente,
PARA MIM, pelo menos, dia de sessão “VIP” não conta, não
serve, para eu escrever uma crítica sobre um espetáculo, POR VÁRIOS MOTIVOS.
Um deles é que, via de regra, me reservam um lugar afastado do palco, o que não
permite uma observação bem apurada do que se vê em cena. Na “VIP”
de “BOB ESPONJA, O MUSICAL”, na gigantesca Grande Sala, da
“Cidade das Artes Bibi Ferreira”, ocorrida no dia 12 de maio próximo passado,
destinaram-me a fila “S”, de onde, além de não conseguir enxergar
bem os detalhes de que necessito, ainda deixei de ouvir algumas coisas, por
conta de crianças, que falavam sem parar, ALTO. Ontem, revi o
espetáculo. Se, mesmo com os óbices da primeira vez, saí da “Cidade das
Artes” encantado, ontem, numa poltrona central, na fila “C”,
a convite do meu querido amigo GUSTAVO BARCHILON, “atingi
o Nirvana”. O espetáculo é lindo demais, “Broadway na veia”,
e EU RECOMENDO QUE ASSISTIAM A ELE LOGO, PORQUE A TEMPORADA, INFELIZMENTE,
NÃO É LÁ MUITO LONGA (Já estão com estreia marcada em São Paulo, para o
final do mês de julho.). E
RATIFICO O QUE ESCREVI.
Para as pessoas que me conhecem e confiam
no meu gosto teatral, por ser próximo ao delas, só o parágrafo acima bastaria,
para que se sentissem motivadas a assistir ao musical, entretanto, com bastante
esforço, para ser conciso, o máximo possível, não poderia deixar de esmiuçar a
minha avaliação sobre essa montagem, antes, porém, falando um pouco dela na “Meca
dos Musicais”.
Trata-se de um espetáculo da Broadway,
com o título original de “The SpongeBob Musical” e tem a
peculiaridade de contar com músicas de vários artistas, libreto de KYLE JARROW, baseado na série
animada de televisão "SpongedBob SquarePants", do canal Nickelodeon, que é
exibida também no Brasil. Estreou, em junho de 2016, em Chicago e, em dezembro de 2017, na Broadway, com
muitos elogios da crítica local, tendo recebido 12 indicações ao "Tony Award 2018" e muitos
prêmios.
SINOPSE (detalhada):
Antes
do início, propriamente dito, do espetáculo, Patchy, o Pirata (WILL ANDERSON), fã número um de BOB
ESPONJA, após o terceiro sinal, sai da plateia e se senta no palco,
revelando que viajara até ali, para assistir ao musical.
Dois seguranças pedem que ele se retire, pois o “show”
está prestes a começar, mas ele não sai e é expulso, afirmando que está sendo
vítima de “discriminação a piratas”.
Não consegue êxito, é tirado à força daquele lugar
e um dos guardas se desculpa, convidando o público a apreciar o espetáculo.
BOB ESPONJA (MATEUS RIBEIRO), acompanhado de seu
caracol de estimação, Gary Caracol, acorda e dá as
boas-vindas ao dia, cumprimentando seus vários amigos de sua cidade natal, a Fenda
do Biquíni, incluindo seu melhor amigo, Patrick Estrela (DAVI SÁ), seu vizinho Lula Molusco (RUBEN GABIRA) e sua amiga Sandy (ANALU
PIMENTA), enquanto caminha para o restaurante “O Siri Cascudo”.
No trabalho, seu chefe, o Sr. Sirigueijo
(NAICE), diz à filha, Pérola (SUZANA SANTANA),
que, um dia, ela administrará o restaurante, mas esta não recebe aquilo com boa
aceitação.
Com o desinteresse de Pérola,
pela proposta do pai, BOB ESPONJA manifesta o desejo de se tornar
gerente do estabelecimento comercial, visto que se achava talhado para a
função.
O Sr. Sirigueijo ri da ideia, acha-a
totalmente descabida e diz a BOB ESPONJA que ele é “só uma simples
esponja”.
Então, um violento tremor agita, repentinamente, a
cidade inteira.
Uma reportagem de TV revela que o tremor fora
causado pelo Monte Imenso, um vulcão que fica próximo à cidade e
que, em breve, entraria em erupção.
BOB ESPONJA conforta seu amigo Patrick, que
está nervoso, reiterando que eles serão melhores amigos para sempre (“BBF”
= “Best Friends Forever”).
Com a cidade em pânico, em função da desgraça
iminente, o casal de vilões, “Plankton” (TAUÃ DELMIRO)
e “Karen, o Computador” (LUÍSA VIANNA), tenta convencer os
cidadãos a entrar em uma cápsula de fuga, que lhes garante segurança, o que, na
verdade, é um ardil de seu esquema secreto para hipnotizar os cidadãos na cápsula e fazê-los gostar do amigo que os serve em seu restaurante, o “Balde de Lixo”,
concorrente de “O Siri Cascudo”.
As pessoas da cidade, sem saber, apoiam essa ideia
e decidem realizar um concerto musical, de última hora, com o objetivo de
arrecadar fundos para uma possível salvação da cidade, e Lula Molusco,
apresenta a ideia de um “show” solo, porém ela é,
imediatamente, descartada.
Em vez disso, Pérola sugere
que uma famosa banda de “rock”, “Os Skates Elétricos”,
toque no referido “show”, todos concordam e Lula
Molusco é nomeado organizador do evento.
Apesar dos pedidos de Sandy, de que a
ciência poderia ajudá-los a resolver o problema, os habitantes da cidade a ignoram,
por ser um mamífero terrestre, uma esquila.
BOB ESPONJA, no entanto, é contra a ideia de deixar a cidade e
acredita que os cidadãos devem se unir, para salvar a Fenda do Biquíni.
Ele pensa nas palavras, de desencorajamento, que o Sr
Sirigueijo lhe dirigiu e se pergunta se ele poderia salvar a cidade,
pedindo ajuda a Patrick e Sandy.
O Sr. Sirigueijo encara o desastre
ecológico, uma tragédia, como uma oportunidade de ganhar dinheiro, realizando
uma “venda apocalíptica”, o que deixa Pérola
preocupa com a ganância de seu pai, acreditando que aquilo “o cegava”,
com relação aos seus cuidados para com ela.
Enquanto isso, BOB ESPONJA convence Patrick
e Sandy a se unirem, escalar o vulcão e impedir que ele entrasse em
erupção, com um dispositivo de bolhas, que Sandy construiria, determinados
a ter sucesso com a experiência.
Antes de começarem a pôr seu plano em execução, um
grupo de sardinhas, as quais detectaram sabedoria nos pensamentos de Patrick,
durante a reunião, da qual também haviam participado, aparece e elas decidem
torná-lo seu novo líder.
Numa crise de vaidade, Patrick gosta da ideia e decide
desistir do plano de BOB ESPONJA, para que possa desfrutar da repentina
notoriedade, o que irrita o amigo e os dois discutem, deixando de ser “melhores
amigos”.
Depois que Patrick sai, Sandy
diz a BOB ESPONJA que as coisas vão ficar bem e ele recebe palavras de
incentivo e encorajamento de todos que o cercam, marcando o fim do primeiro
ato.
Antes do início da segunda parte do “show”, há um novo prólogo, quando Patchy, novamente, entra no palco, dizendo
à plateia que “os piratas são perseguidos por outros por causa de
estereótipos”, e o segurança do Teatro, mais uma vez, intervém
para a retirada do “importuno” personagem.
BOB ESPONJA acorda e faz a saudação a um novo dia, embora se
esperasse que o vulcão entraria em erupção.
Na Fenda do Biquíni, reinam, a essa
altura, a anarquia e caos, um clima de histeria, com a Prefeita (CRISTIANA
POMPEU) impondo uma “ditadura” sobre as pessoas, e uma
multidão, enfurecida, começa a caçar Sandy, pensando que suas
invenções científicas são a causa da iminente erupção do vulcão.
Sandy se esconde da multidão e mostra
a BOB ESPONJA o engenhoso dispositivo bolha, o “Disruptor de
Erupção”, e eles planejam jogá-lo dentro do vulcão e salvar a cidade.
De volta à Fenda do Biquíni, Plankton
teme que Sandy e BOB ESPONJA subam, com sucesso, a
montanha e salvem a cidade, mas Karen lhe diz que havia encontrado
seu fabricante de avalanches, afirmando que poderiam usá-lo, para criar uma
avalanche, à qual BOB ESPONJA e Sandy não conseguiriam sobreviver.
Em seguida, “Os Skates Elétricos”
chegam e Lula Molusco pergunta se ele poderia se apresentar com
eles, no “show” que estava sendo organizado, como um ato de
abertura, e a banda reagiu, dizendo que só o permitiria se Lula Molusco
providenciasse todos os itens de uma longa lista de exigências.
Enquanto isso, BOB ESPONJA e Sandy
sobem o vulcão com grande dificuldade, com a esquila tentando melhorar o ânimo,
lembrando o amigo do que aprenderam na aula de karatê, sobre nunca desistir.
BOB ESPONJA não pode deixar de pensar em como sente a falta de
Patrick, naquela aventura, para ajudá-los,
enquanto, na Fenda do Biquíni, Patrick ganha a vida
como um guru desinteressante e também sente falta de BOB ESPONJA, até
que resolveu deixar seus seguidores para trás e partir para ajudar BOB
ESPONJA.
Lula Molusco consegue todos os itens da
lista, exceto um, o que faz com que a banda se recuse a deixá-lo se apresentar,
apesar de seus insistentes pedidos, chamando-o de “fracassado”, o
que o deixa profundamente irritado, uma vez que aquele adjetivo o perseguia,
desde a infância.
Aquele “xingamento” desencadeou um ataque,
com muita raiva, do ofendido à banda, a qual acabou desaparecendo do local.
Com a saída do grupo musical, Lula Molusco,
agora sozinho, insistindo em que não é um “perdedor” e, para provar
isso a si mesmo, inicia um fantástico número de sapateado, no que é acompanhado
por um “coro de coadjuvantes”, fruto de sua imaginação.
Devido, contudo, ao fato de a banda ter
desaparecido, não há mais concerto e os cidadãos da cidade começaram a lutar
violentamente.
De volta à montanha, Plankton e Karen
usam o dispositivo que provoca avalanches e BOB ESPONJA cai da montanha.
Patrick, que, arrependido, vai à sua
procura, salva-o, com um dispositivo a jato que Sandy inventara,
os dois reatam a velha amizade e seguem Sandy até o cume da
montanha.
Quando chegam ao topo, Sandy e Patrick
não conseguem alcançar a borda, de onde precisam jogar o “Disruptor
de Erupção” dentro da cratera e se voltam para BOB ESPONJA, que
duvida de suas habilidades.
É quando os três se lembram de que, por sua
constituição física, BOB ESPONJA é o único que consegue se espremer, em
áreas apertadas, e que seu otimismo os levou até ali.
Com muita determinação, o protagonista consegue lançar
o dispositivo dentro do vulcão e, logo, começam a perceber uma grande confusão na Fenda do
Biquíni, e voltam para lá, a fim de impedir que a luta piore.
BOB ESPONJA, o "rei do otimismo", tenta acalmar todos, insistindo que, apesar do que
possa acontecer, eles sempre terão um ao outro.
Quando chega a hora de o vulcão entrar em erupção,
todos se preparavam para a morte, no entanto o tempo passou e não ocorreu a
esperada erupção, mas apenas bolhas caem no ar, em sinal de que o “Disruptor
de Erupção” funcionara e a aventura havia terminado com total êxito.
Com a Fenda do Biquíni salva, todos
se desculpam por seus comportamentos.
Plankton e Karen revelam
seu segredo e o Sr. Sirigueijo decide promover BOB ESPONJA a gerente do seu “O Siri Cascudo”.
Todos, então, muito felizes, decidem que deveriam
comemorar a sua salvação com um novo “show”, liderado por Pérola,
que cantava muito bem, e Lula Molusco.
Sandy passa a ser recebida de volta, com total
aceitação, pelos cidadãos da Fenda do Biquíni.
Patchy volta e, finalmente, consegue
se infiltrar no “show”, com a aquiescência de todos.
“Gran Finale!”
Parti
para a Cidade das Artes com as melhores expectativas, todas
mais que ultrapassadas, ao fim do "show", e com uma certeza: eu era um “zero à
esquerda” em matéria de BOB ESPONJA. Sabia, apenas, que era a personagem central de um desenho animado, porém nunca havia assistido a algum
episódio e só conhecia sua imagem estampada em camisetas, brinquedos e outros
produtos ou em propagandas. Confesso que achava estranho uma esponja ser herói
de desenho animado. Mais que estranho, esdrúxulo. No reino infantil, porém,
tudo é possível, se a imaginação humana não for castrada ou se o próprio ser
humano não se permitir “viajar na imaginação”. Um ex-aluno, que
me acompanhava no dia da sessão para convidados, “versado em BOB ESPONJA”,
antes do início da peça, me deu uma “aula relâmpago” sobre o
universo do personagem e as suas informações me deixaram mais intrigado ainda. BOB
é uma esponja marinha, mas a imagem que eu conhecia era de uma “esponja
de lavar louça”. Ou estou errado? Sandy era uma “esquila terrestre que vivia no fundo do mar”. Alôôô!!! Usando outras palavras, meu amigo me
disse que eu teria de ser mais “permeável”, “desencanar”
e "embarcar naquele sonho". Topei, então, o desafio de aceitar aquela “realidade”,
“surfei” nas ondas da fantasia e não me arrependi. Meu corpo saiu
do Teatro com o mesmo peso de quando nele entrei; em compensação,
minha alma parecia ter passado por um “rigoroso spa”, de tão leve
que ficou. Que espetáculo lindo!!!
Logo que se adentra a Grande Sala
e se avista o gigantesco palco, a primeira reação é parar, para ter a certeza
de que existe uma realidade à nossa frente, e nos beliscarmos, para termos a
convicção de que não estamos sonhando. Não é sonho nem imaginação; é,
simplesmente, o mega cenário criado pelo talento de NATÁLIA LANA, que
foi obrigada a dividir sua tarefa de cenógrafa com outros artistas, de tal
monta é sua obra. Cinco equipes de construção se encarregaram do trabalho de tornar
real o que estava no papel e nas pranchetas da grande artista. NATÁLIA
me disse que trabalhou com total liberdade, para criar, e que “a nossa
cenografia é bem diferente da original”, o que pode ser
comprovado, em vídeos ou por quem teve a oportunidade de assistir à montagem
norte-americana. São palavras de NATÁLIA, para mim, durante uma conversa
nossa: “Consegui criar um cenário escultórico(*) (A boca de cena e a cortina de boca,
por exemplo, são feitas em material furta-cor, em alto-relevo,), tendo inspiração em elementos do fundo do mar, como na boca de
cena, nos corais, nas escadarias sinuosas e nos fechamentos de cena. Alguns
elementos, como o abacaxi, os prédios e o ‘Siri Cascudo’, escolhemos
representar o mais fiel possível ao desenho, pois quem assistiu, ou assiste, a ‘BOB
ESPONJA’ tem uma relação afetiva com esses elementos.”. Números ligados à cenografia: 10 cenários de grandes
proporções; mais de 2500m2; mais de 4 toneladas
de peso; 7000 bolinhas de piscina; 250m2
de plotagem em tecido; 450m de plástico holográfico e 1,5km de tubos de
ferro. Tudo isso sem falar no reaproveitamento de mais de 100 m2 de embalagens plásticas, que iriam para o lixo. (*) Explicação: NATÁLIA
estava se referindo a algo que remonta a uma grande instalação artística, não,
exatamente, uma representação do real. Um exemplo: os corais não são como
corais, mas esculturas que lembram corais, com o uso da tridimensionalidade. É
um dos mais lindos e arrojados projetos cenográficos que já vi montado num
palco.
(Foto: Gilberto Bartholo.)
Por oportuno, no tocante à liberdade de criação, eis
as palavras de RENATA BORGES, idealizadora, produtora e diretora geral do espetáculo,
quando do anúncio da montagem brasileira: “‘BOB ESPONJA, O MUSICAL’ terá uma montagem original
no Brasil, tendo a base da versão da Broadway, mas com total liberdade
criativa. Procuramos realizar algo que a ‘Touché’ sempre faz: produções próprias,
seguindo o que a ‘bíblia’ do musical manda, mas com uma concepção original e
direção autoral.”.
Essa liberdade era, exatamente, do que FABIO
NAMATAME, um dos melhores figurinistas brasileiros, precisava, para fazer
jorrar sua criatividade e bom gosto, nos cerca de 120 figurinos, além
dos adereços e acessórios. Os figurinos têm como referência o universo dos
personagens, como não poderia deixar de ser, “mas sem tentar fazer uma
mera reprodução do desenho” e, na sua confecção, NAMATAME se
valeu de uma grande variedade de materiais: tecidos, telas plásticas,
impressões digitais em tecidos, espumas dubladas, borrachas e outras matérias
bastante diferenciadas, “com cores muito fortes, para representar a
variedade cromática dos seres do fundo do mar”. O detalhe das cores,
vibrantes, quentes, é fundamental, uma festa para os nossos olhos, um elemento
de grande atração para os pequenos, principalmnente. Segundo o próprio FABIO
NAMATAME, “O figurino foi feito em cima do conceito dadaísta...”,
implementado, pelo artista, especialmente para a encenação. O figurinista
também se preocupou, ao máximo, com o conforto dos atores e a funcionalidade de
todas as peças, levando em consideração, por exemplo, que cada ator do “ensamble” troca
de roupa, pelo menos, quatro vezes – têm pouco tempo para isso -, fora
os números de sapateado e as trocas de perucas. Os figurinos são outra atração
à parte, no espetáculo. Dentro da livre e genial concepção artística de NAMATAME,
estão bem de acordo com cada personagem, cuja caracterização, a sua identidade
cênica, é completada com o excelente trabalho de visagismo de FELICIANO SANROMAN.
Um cenário e um conjunto de figurinos,
arrojados e criativos, além de multicoloridos, não saltariam aos nossos olhos,
não fosse o fato de serem evidenciados, receberem o destaque merecido, por uma
estupenda iluminação, feérica, punjante e alegre, fruto do criterioso trabalho
de desenho de luz, assinado por MANECO QUINDERÉ, tendo, como assistente,
RUSSINHO.
Sempre que vou assistir a um musical em
cuja FICHA TÉCNICA consta o nome de ALONSO BARROS, como o
artífice da coreografia, já sei que, na hora de escrever a crítica à peça,
terei que reservar um espaço de destaque para esse elemento, tão importante em
espetáculos do gênero. Sempre foi assim e não seria diferente agora. Além de
belíssimo, o espetáculo é bastante dinâmico e boa parte desse dinamismo pode
ser creditada à direção de movimento e aos números coreografados por ALONSO e muito bem executados
pelo elenco, incluindo, na minha visão de mero apreciador da dança, contudo um
insipiente nessa seara, o que entendi como passos sofisticados, de difícil
execução. Creio que o maior destaque, na coreografia, é a cena de sapateado,
brilhantemente executada por RUBEN GABIRA (Lula Molusco), como
solista, tendo um coro a acompanhá-lo.
Achei deliciosas as canções, compostas
por vários artistas, como DAVID
BOWIE, CINDY LAUPER, JOHN
LEGEND, STEVEN TYLER e JOE PERRY (da
banda “Aerosmith”), PANIC! AT THE DISCO, THE FLAMING
LIPS e SARA BAREILLES, entre outros. Salvo engano, é o primeiro
musical – não me lembro de outro – a não ter todas as canções compostas
pela(s) mesma(s) pessoa(s). Ainda no ambiente da música, é preciso que se faça
uma menção muito positiva à orquestra, formada por 10 exímios multi instrumentistas,
que toca ao vivo, e ao trabalho de regência e direção musical da maestrina LAURA
VISCONTI, que, nos arranjos musicais, respeitou as partituras originais.
GABRIEL D’ANGELO nos garante um
som puro e cristalino, capaz de fazer com que ouçamos tudo o que é dito e cantado
no palco. Numa das pontas do palco, no proscênio, praticamente, um DJ se ocupoa
de fazer a sonoplastia que é exigida em algumas cenas. Sons curiosos e
engraçados, muito ilustrativos.
Com relação ao texto, ele é leve,
aparentemente, com apenas o intuito de divertir, entretanto, nas entrelinhas,
há muitos ensinamentos, mensagens subjacentes que merecem atenção. ANA
TOLEDO é a responsável pela versão brasileira, e o produto final de seu trabalho
é muito interessante. Destaco as deliciosas brincadeiras feitas, pela
versionista, utilizando referências da realidade brasileira, como a “Universidade
Crustáceo de Sá”; o poeta “Fernando Peixoa” (“Tudo
vale a pena, se a alga não é pequena.”); o locutor e apresentador “Cid
Moreia”; o “aplicativo de compras da Shopee”; o “Girino
Esperança”, da “Rede Golfo”; o drinque “gim com
alga tônica”; a “conversa pra peixe-boi dormir”; a região
do “Hamburquistão”; o “pegar pra esquilo expiatório”;
a “concha acústica da Fenda do Biquíni”; e o “Lula Palooza”.
Com relação ao elenco, só elogios.
A todos, principalmente ao grupo que compõe o núcleo mais chegado ao
protagonista, personagens que têm maior participação na trama.
MATEUS RIBEIRO,
por todos os trabalhos que já fez, em musicais – e foram muitos -,
dispensa adjetivos, isso aos 29 anos. Com inúmeras indicações a prêmios,
e vencedor tantas vezes, ele se apresenta, neste musical, como um forte
candidato a muitos prêmios, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Talentoso e super
carismático, MATEUS conquista o público desde sua primeira entrada, ao
sair de sua casa, o famoso abacaxi (Aceita um abacaxi no fundo do mar, e,
ainda por cima, servindo de moradia a uma esponja marinha, que dói menos.
Momento descontração.), e mantém essa atração até a última cena do “show”.
Considero MATEUS, um dos maiores atores de musicais da sua geração, um “ator
coringa”, um “camaleão”,
que, a cada novo trabalho, um novo desafio, sai de um personagem e assume outro
completamente diferente do anterior, emendando um trabalho no outro. Como
exemplo, posso citar o seu último, antes do “BOB”, que foi viver Santos
Dumont, no musical “Além do Ar”. Mas também já foi Peter
Pan, o menino que se recusava a crescer; Chaves, do
seriado da TV, em “Chaves – Um Tributo Musical”; Lipe,
um vampiro, em “Vamp, O Musical”; e por aí vai... A construção de
seu personagem, aqui, é muito marcante, principalmente por sua postura
corporal, seu andar meio desengonçado, com um detalhe para as mãos, “abanando”,
a cada passo, e sua voz, incrivelmente semelhante à de quem faz a voz do
personagem no desenho animado (Fui conferir, depois de ter assistido à peça.).
Contar com MATEUS RIBEIRO, num elenco, quer como protagonista, quer em
outro qualquer papel, já é muito para a garantia de sucesso do espetáculo.
Fiquei profundamente encantado com o trabalho de DAVI
SÁ, interpretando o melhor amigo do “BOB”, Patrick.
Salvo engano, é seu primeiro trabalho em musicais e o ator já “meteu o pé
na porta” e gritou: “Eu sou o DAVI e aqui é o meu lugar!”.
Sim, o lugar é todo seu! Quero poder aplaudir seu talento tanto muitas vezes, como o
fiz em “BOB ESPONJA, O MUSICAL”.
Uma grande atriz de musicais, ANALU PIMENTA é
outra que garante parte do sucesso de uma montagem do gênero. Além de
interpretar bem, responde, satisfatoriamente, às coreografias e canta uma
enormidade. É adorável a sua composição da personagem Sandy. Aproveitando
a oportunidade, já que estou falando em voz feminina, registro o grande prazer
que sinto, quando vejo e ouço SUZANA SANTANA (Pérola),num
palco. Que voz portentosa e afinada!
Com um lugar garantido, como aquele que faz rir, até mesmo calado, sem dizer uma fala, TAUÃ DELMIRO, mais uma vez, comprova que sabe fazer valorizar um personagem coadjuvante, muitas vezes, roubando uma ou outra cena. No caso, aqui, como o vilão Plankton, fazendo par com outra excelente atriz de musicais, LUÍSA VIANNA, Karen, O Computador. Há uma excelente química entre o casal de atores, o que rende ótimos momentos neste musical.
(Foto: Gilberto Bartholo.)
NAICE, que
interpreta o ambicioso e esperto Sr. Sirigueijo, é uma forte
presença, entre os personagens coadjuvantes (O personagem; não o ator.),
com seu vozeirão.
De há muito, RUBEN GABIRA, um veterano do TEATRO,
principalmente em musicais, já merecia um papel de destaque, o que aqui lhe
chegou, ao intrerpretar o personagem Lula Molusco. “Rubinho”
agrega brilho às cenas das quais participa e, nesta montagem, especificamente,
deixa sua marca indelével na já citada cena em que sonha ser a estrela do “show”,
num belíssimo solo como sapateador. E nos encanta, quando canta.
Todos os demais 16 atores/cantores/dançarinos contribuem,
sobremaneira, para a realização de um musical que merece ser assistido por quem
aprecia uma boa montagem no gênero.
GUSTAVO BARCHILON, mais uma vez, se sai muito bem, como diretor de um
musical, depois do enorme, e merecido, sucesso recente, obtido com a excelente
e premiada montagem de “Barnum, O Rei do Show”. “BOB ESPONJA,
O MUSICAL” é considerado, pelo próprio diretor - e concordo com ele
plenamente - um grande desafio, pelo fato de não se tratar de uma
reprodução da versão original, um simples “fac-símile”, mas um
trabalho quase totalmente autoral, respeitadas as características da série de
TV, porém de forma a humanizar o “cartoon”, “sem o deixar
caricato”, como ele mesmo o diz. É bem difícil a tarefa de apresentar
bonecos, personagens de desenho animado, humanizados, sem quebrar, no entanto,
o encanto que o "cartoon" desperta no seu público. Que fique bem claro que a leitura brasileira deste musical não é uma
réplica, mas uma decodificação,
uma recognização de um original, com molho e temperos auriverdes, bem tropicais.
Disso, sem dúvida, BARCHILON entende muito e se destaca, quando o faz.
O diretor e parte do elenco.
FICHA TÉCNICA:
Baseado na Série de Animação de Stephen Hillemburg
Canções Originais: Yolanda Adams, Steven Tyler, Joe
Perry, Sara Bareilles, Jonathan Coulton, Alex Ebert, The Flaming Lips, Lady A,
Cyndi Lauper, John Legend, Panic! At The Disco, Plain White It’s, They Might Be
Giants e T.I
Canções: David Bowie, Tom Kenny e Andy Paley
Músicas Adicionais: Tom Kit
Produção Musical: Tina Landau
Direção Geral, Produção e Idealização: Renata
Borges
Direção Artística: Gustavo Barchilon
Assistência de Direção: Lucas Pimenta
Direção Musical e Regência: Laura Visconti
Versão Brasileira: Anna Toledo
Coreografia e Direção de Movimento: Alonso Barros
Cenografia: Natália Lana
Figurinos: Fabio Namatame
Desenho de Luz: Maneco Quinderé
Assistência de Desenho de Luz: Russinho
Desenho de Som: Gabriel D´Angelo
Visagismo: Feliciano Sanroman
Direção de Arte: Luiz Pimenta e Eduardo Juffer
Elenco:
Mateus Ribeiro (Bob Esponja), Davi Sá (Patrick Estrela), Analu
Pimenta (Sandy), Tauã Delmiro (Plankton), Ruben Gabira (Lula Molusco),
Naice (Sr. Sirigueijo), Luísa Vianna (Karen, o Computador),
Suzana Santana (Pérola), Ana Luiza Ferreira (Senhora Puhh e Cover
de Pérola), Will Anderson (Patchy, o Pirata), Cristiana Pompeu (Prefeita),
Diego Campagnolli (Perch Perkins), John Seabra (Larry, a Lagosta),
Thadeu Torres (Buster Bluetang, Skates Elétricos, Coro e Cover de
Plankton), Léo Romano (Velho Jenkins e Cover de Patrick),
Letícia Nascimento (Sardinha e Coro), André Ximenes (Skates
Elétricos e Coro), Gabi Camisotti (Skates Elétricos, Coro e
Cover de Karen), Pamella Machado (Coro e Cover de Sandy e
Prefeita), Tecca Maria (Swing), Eddy Norole (Coro), Rhuan
Santos (Coro e Cover de Lula Molusco), Vicente Oliveira (Coro)
e Lucas Bocalon (Coro e Cover de Bob Esponja)
Orquestra:
Laura Visconti (regência), Alexandre Queiroz (piano 1 e segundo segente),
Heberth Souza (piano 2), Evelyne Garcia (piano 3), Pedro Silveira (violões nylon e aço, guitarras elétrica e acústica, banjo e ukulelê), André Poyart
(violões nylon e aço, guitarras elétrica e semi-acústica, banjo, mandolim e "lap steel"), Eduardo Simões (baixo elétrico e acústico), Rafa Maia (bateria e "drum pad"), Levi Chaves (sax alto e tenor, clarinete e flauta), Ana Rebouças
(violino) e Gestel Nascimento (trumpete e frugel)
Produção de Elenco: Giselle Lima
Direção de Produção: Roberta Juricic e Alex
Felippe
Coordenação de Produção: André Gress
Fotos: Leo Aversa
Assessoria de Imprensa - Alan Diniz (Xavante Comunicação)
(Foto: Gilberto Bartholo.)
(Foto: Gilberto Bartholo.)
(Foto: Gilberto Bartholo.)
(Foto: Gilberto Bartholo.)
SERVIÇO:
Temporada: De 12 de maio a 16 de julho de
2023.
Local: Cidade das Artes Bibi Ferreira (Grande
Sala).
Endereço: Avenida das Américas, nº 5300 –
Barra da Tijuca – Rio de Janeiro. (Estacionamento, GRÁTIS, no local.)
Dias e Horários: 6ªs feiras, às 15h e
às 20h; sábados, às 16h e às 20h; domingos, às 17h.
Valor dos Ingressos: Plateia: R$180,00 e R$ 90,00 (meia entrada); Frisa Lateral: R$140,00 e R$70,00 (meia entrada); Camarote: R$140,00 e R$70,00 (meia entrada); Galeria: R$100,00 e R$50,00 (meia entrada); Ingresso Popular: R$50,00 e R$25,00 (meia entrada).
Vendas: "Site" SYMPLA.
Duração: 2h30min (com intervalo de 15
minutos).
Classificação Etária: Livre.
Gênero: Musical.
Depois da montagem da Broadway, o Brasil
é o primeiro país a receber
o espetáculo, o que só vem ratificar a nossa importância na produção de grandes
musicais, ocupando um dos primeiros lugares, no pódio dos maiores centros de criação
desse produto. “BOB ESPONJA, O MUSICAL” chegou até nós, em pouco tempo,
após sua estreia mundial, graças ao esforço, à determinação e ao espírito
empreendedor de RENATA BORGES, idealizadora, produtora e diretora-geral
do “show”,
à frente da “Touché Entretenimento”, que já prepara novas estreias para muito em breve, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Alvíssaras: Muitos empregos
para os artistas e técnicos brasileiros.
(Foto: autoria desconhecida.)
"BOB ESPONJA, OMUSICAL" é uma peça destinada
a todas as idades e, ainda que possa parecer uma história ingênua, “água
com açúcar”, retratando o dia a
dia dos habitantes de uma
região submarina, mostra-os “superando as adversidades, mostrando que a
população unida e mais, principalmente, os sentimentos verdadeiros conseguem
salvar o mundo”. Já no início do derradeiro número musical, fica bem
explícito que a união e os bons sentimentos podem
salvar o lar, no caso, dos habitantes da Fenda do Biquíni, um
microcosmo de algo bem maior: o planeta Terra. Talvez seja essa mensagem a responsável
maior pelo sucesso do espetáculo, que EU RECOMENDO, COM O MAIOR EMPENHO, às famílias e que ainda espero rever, pelo menos, mais uma vez.
(Foto: Gilberto Bartholo.)
FOTOS:
LEO AVERSA
GALERIA PARTICULAR:
(FOTOS: JOÃO PEDRO BARTHOLO)
(Foto: Luiz Buarque.)
Com Luís Quesada e LuisaCatoira.
VAMOS AO TEATRO!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS
DE ESPETÁCULO
DO BRASIL!
A ARTE EDUCA E CONSTRÓI,
SEMPRE!
RESISTAMOS, SEMPRE MAIS!
COMPARTILHEM ESTE TEXTO,
PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR
NO TEATRO BRASILEIRO!
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