“TRÁFICO”
ou
(ATIREM A PRIMEIRA PEDRA!)
ou
(A DEGRADAÇÃO HUMANA TEM
NOME E ENDEREÇO.)
E
a temporada de monólogos continua aberta, e firme, no Rio de Janeiro.
Felizmente, até o presente momento, o ano de 2022 vem sendo bastante
profícua, nesta cidade, com trabalhos merecedores dos mais vibrantes aplausos,
como é o caso de “TRÁFICO”, em cartaz no Teatro Poeirinha,
encerrando o ano teatral daquela simpática casa, em Botafogo, Rio
de Janeiro (VER SERVIÇO.).
Foto: Gilberto Bartholo.
Aguardei, com bastante ansiedade, pare ver encenado mais um solo
escrito por SERGIO BLANCO, grande dramaturgo franco-uruguaio, já
bastante conhecido pelos brasileiros, por conta das montagens de duas de
suas principais obras: “A Ira de Narciso” e “Tebas Land”,
o que já era suficiente para que eu fosse ao Poeirinha, na noite
de estreia, com a certeza de que seria testemunha de mais um sucesso de público
e de crítica, tendo BLANCO como um dos protagonistas responsáveis
por isso.
Foto: Gilberto Bartholo.
Há alguns pontos de convergência que ligam as três peças,
as duas primeiras, anteriormente montadas no Brasil, e “Tráfico”,
o alvo desta crítica. Aquelas tiveram suas estreias, no Rio de
Janeiro, em 2019, tendo sido “A Ira de Narciso”
uma das grandes e mais procuradas atrações do “Festival de Curitiba”,
em 2018, passando por outras cidades, até chegar à (ex-)Cidade Maravilhosa, de onde partiu
para uma belíssima carreira, seguindo para outras cidades brasileiras. “A
Ira de Narciso” e “Tráfico” foram escritas no formato de “autoficção,
“gênero” sobre o qual falarei adiante. “Tebas Land” e “Tráfico”
receberam um excelente tratamento de direção por parte de VICTOR
GARCIA PERALTA. ROBSON TORINNI, um dos dois protagonistas de “Tebas
Land” é quem estrela “TRÁFICO”. Partindo das impressões que as
duas peças, “A Ira...” e “Tebas...”, me
causaram – duas OBRAS-PRIMAS, a meu juízo -, a ponto de me levar a
assistir a cada uma delas algumas vezes, tudo me levava a crer que eu “não
perderia a viagem”, se fosse, numa noite fria e chuvosa, da minha casa
até o Teatro Poeirinha, dirigindo, num percurso de 30 quilômetros
para ir e mais 30 para voltar. E não deu outra.
“A Ira de Narciso”, espetáculo dirigido
por Yara de Novaes, serviu para que eu alicerçasse, mais ainda, a
minha imensa admiração pelo talento e a coragem de Gilberto Gawronski,
expondo-se, nu e cru, num trabalho arrebatador. “Tebas Land”
foi ganhador de muitos prêmios (“A Ira de Narciso” também os merecia.)
e levava, para o palco, de forma irrepreensível, a metalinguagem,
inspirada no mito de Édipo e na vida de São
Martinho de Tours, santo europeu do século IV, tendo,
como tema central, um parricídio. Em ambos os espetáculos, o
público deixava o Teatro completamente arrasado, emocionalmente, “derrotado”,
“por nocaute”, diante de tão cruel realidade, entretanto, como
aconteceu comigo, querendo rever as duas peças outras vezes. Masoquismo?
Não! O aproveitamento da oportunidade de assistir a montagens que
dignificam o TEATRO BRASILEIRO. E “TRÁFICO” só vem ratificar
isso, constituindo um trio de grandes espetáculos.
Declaro-me, “despudoradamente”, “fã de carteirinha” de SERGIO BLANCO, um dos mais importantes dramaturgos latino-americanos contemporâneos. Nasceu no Uruguai (Montevidéu – 1971), porém está radicado em Paris, desde 1998, cidade que escolheu, para se dedicar ao seu trabalho de escrita dramática, sendo, também, ator e diretor, além de formado em Filologia Clássica e Arte Teatral, já tendo sido agraciado, merecidamente, com vários prêmios, como o “Prêmio Nacional de Dramaturgia do Uruguai”, o “Prêmio Internacional Casa de las Américas”, o “Prêmio de Dramaturgia do Município de Montevidéu”, o “Prêmio Fundo Nacional de Teatro”, o “Prêmio Florencio de Melhor Dramaturgo”, além de outros, na Grécia e na Inglaterra. Desde 2008, faz parte, com outros companheiros, da gestão da “Sociedade de Artes Contemporâneas COMPLOT”. Seus textos já foram traduzidos em português, francês, inglês, grego e japonês. A base de sua obra teatral caracteriza-se por um “gênero teatral autônomo”, a autoficção, termo cunhado pelo escritor francês Serge Doubrovsky, que o desenvolveu em romances, misturando relatos reais, pessoais, com invenção: verdade e mentira.
Assim como os dois espetáculos
anteriores, acima mencionados, “‘TRÁFICO’ não é para os fracos”.
É preciso ir para o Teatro – e eu já sabia disso –
preparado para ser bastante “golpeado”, pronto para receber “socos
desferidos na boca do estômago ou na face”, por “punhos de aço”,
ou “profundas estocadas, da parte de um exímio esgrimista”, uma
vez que o dramaturgo parece testar nossa resistência ao sofrimento e,
também, à empatia, quando, da forma mais “abissal” possível, nos
mostra que a coexistência entre as pulsões de vida e de morte, que
coabitam em todo ser humano, sentimentos representados, na psicanálise,
respectivamente, por Eros e Thanatos, deuses
mitológicos que, na ciência freudiana, correspondem ao desejo erótico
e ao fascínio pela destruição, estão concentrados no personagem Alex.
É possível, ao espectador,
se ele se permitir deixar-se provocar, procurar - e encontra, em níveis não
padronizados, entre os indivíduos - Eros e Thanatos
no seu “eu”, para conseguir administrar as tentações propostas
por um e outro. E se eu conseguir me fixar somente na vida, no preenchimento
dela apenas pelo amor, conduzido por Eros? Ótimo! E se eu
conseguir fugir à tentação de ser seduzido pelo deus que se compraz na
morte, na destruição, Thanatos? Melhor ainda! Como o exemplo
de Alex pode me servir, para traçar o meu caminho e fazer as
minhas próprias escolhas? Corro o perigo
de, realmente, encontrar um Alex dentro de mim? Em quantas
pessoas eu consigo enxergar essa dualidade? Como não a percebi, até agora,
pulsando dentro de mim, se, de verdade, ela existe?
SINOPSE:
A peça se passa na periferia de uma cidade
latino-americana, cheia de desigualdades, onde vive Alex (ROBSON
TORINNI), um jovem e atraente garoto de programa.
Os problemas familiares, o relacionamento conturbado
com a sua namorada e a vontade de vencer na vida, representada pelo sonho de
comprar uma moto de alto luxo, o levam para caminhos sedutores e, também, muito
violentos.
A partir de uma paixão, a história acessará as áreas
mais sombrias da vida desse personagem, o qual, paralelamente à sua
profissão de garoto de programa, se tornará um frio e covarde assassino de aluguel.
Aos poucos, começa a surgir uma trama fascinante, que
mistura a narração dos seus encontros, sonhos e seu dia a dia.
Ao longo da peça, Alex vai se
desnudando, expondo o seu lado mais ingênuo e mostrando o seu lado mais
monstruoso.
Como a proposta de mais um texto
seu centrado na autoficção, SERGIO BLANCO
mistura relatos reais com invenção, ou seja, verdade e mentira.
No início da peça, com sua própria identidade de ator, ROBSON
TORINNI explica, ao público, que vai contar a história de Alex.
Enxergo, aqui, uma certa relação com a teoria do “distanciamento”,
de Brecht, quando este propõe uma
“cisão” entre o ator e a personagem e, também,
entre os espectadores e a história narrada, para que estes, de
uma forma mais real e autêntica, possam fazer juízos de valor sobre o que está
sendo representado. Trechos
da vida do dramaturgo também estão inseridos no texto, quando
cria o personagem de um professor universitário, como ele, e que
leva seu nome, o qual passa por um envolvimento com Alex e ganha
o apelido de “o francês”. É esse personagem, apenas
citado, quem encoraja o garoto de programa a entrar no mundo do crime. Creio
que, com isso, BLANCO deseja chamar a nossa atenção para as escolhas, que
fazemos, das pessoas nas quais devemos, ou não, confiar e, também, nos mostrar quão
influenciáveis e frágeis, diante de um “dominador”, somos. O que
de mais “forte”, acusativo, se pode dizer – os “julgadores
de plantão” – sobre a atividade exercida por um “michê”,
é que se trata de algo “imoral”, condenável, do ponto de vista ético
ou religioso, sem que seja preciso punir essa pessoa, entretanto o ato
de tirar uma vida humana, por qualquer motivo, extrapola esses conceitos e é
encarado como crime, sujeito a penas impostas por um órgão de justiça,
representando a sociedade. E Alex transita nas duas esferas.
ROBSON TORINNI e VICTOR GARCIA PERALTA cuidaram
da tradução e adaptação do texto, que deve estar muito próxima
do original, já que ambos estão bem alinhados e familiarizados com o
trabalho e o pensamento do dramaturgo, pesando, ainda mais, para um bom
trabalho final do texto em português, o fato de PERALTA dominar o
idioma de BLANCO, por ser argentino de nascimento, radicado, para a
nossa alegria, no Brasil. É claro que os dois tradutores e
adaptadores, visando a uma melhor comunicação com o público
brasileiro, tiveram que fazer uso de palavras e expressões, gírias e jargões do universo dos garotos de programa, que só
existem na língua portuguesa ou que soariam melhor que outras, se tivessem sido
traduzidas fidedignamente, o que constitui um peso favorável à tradução.
Nesta adaptação, seus responsáveis não se preocuparam em medir o tom das
palavras e expressões, utilizando uma linguagem bem realista e própria do
tipo dos personagens, que pode até melindrar ou chocar algumas
pessoas, porém não poderia ter sido feito de outra forma. Palavras também
ferem; às vezes, mais que agressões físicas ou, também, o nu, para alguns
pudicos. Ao saber que a peça tem a indicação etária a partir de 18
anos, o que é muito raro, hoje em dia, no Brasil, a pessoa
pode ir ao Teatro, imaginando, ainda mais se souber,
antes, do que trata a peça, que o ator, em algum momento, pelo
menos, poderá estar nu, em cena, o que, absolutamente, não acontece. Creio que
a referida indicação se deve ao emprego de um vocabulário muito “underground”,
chulo, como não poderia deixar de ser, repito, e às cenas de insinuação
ou simulação de sexo e violência, extremamente “fortes” e impactantes.
Com relação a essas cenas, confesso que um fator me incomodou, no texto. Concentra-se nos mínimos detalhes dos métodos empregados por Alex,
para abater as suas vítimas indefesas, narrados e representados, mimicamente,
por ele, principalmente quando o alvo dos crimes são crianças. Creio que isso
poderia ter sido omitido, entretanto não tenho o direito, nem qualquer outra
pessoa, de fazer tal exigência ao dramaturgo, até porque isso faz
parte das intenções do autor. O outro fator é a percepção de um pouco de
inverossimilhança, quanto aos sucessivos desaparecimentos e retornos do personagem
do/ao cenário de seus crimes, sem ser molestado, o que demorou muito a
acontecer. “Licenças poéticas”. Aceitemo-las!
VICTOR
GARCIA PERALTA “marca
mais um gol de placa”, à frente da direção deste solo.
PERALTA percebeu, com muita propriedade, que o texto é universal
– acho ser proposital o fato de não haver, na peça, nenhuma indicação
espacial determinada, ou seja, não fica claro em que lugar, propriamente, as
coisas acontecem, a não ser a citação de que tudo ocorre “na periferia de
uma cidade sul-americana”; não
há essa preocupação - e, cada vez mais, atual. E, também, como bom conhecedor
da realidade brasileira, nos mostra um Alex que pode ser nosso
vizinho de porta, colega de faculdade, amigo do clube ou, até mesmo um nosso
familiar, alguém que existe, de verdade, que “extrapola as garras da
ficção”. Antes da estreia oficial, em cumprimento ao edital a que fez jus, o espetáculo fez três
apresentações, em três lonas
culturais, situadas em “comunidades” do Rio de Janeiro, as quais eu continuo chamando de “favelas”, contrariando o “chato”
do “politicamente correto”, e me confidenciou o diretor
ter ouvido comentários de vários espectadores, com outros, relacionando
o que estavam vendo, na encenação, com a vida de Fulano ou
Sicrano. Isso, porque, como já disse acima, um Alex
pode estar muito mais próximo de nós do que possamos imaginar. São palavras do
diretor: “A peça fala sobre pessoas sem chances na vida, que acabam tendo
que seguir caminhos violentos, da corrupção dos poderosos e da hipocrisia de um
grupo de ‘progressistas’. A história de Alex é a história de muitos, no Brasil.
Pessoas pobres, frutos de um sistema que não lhes dá oportunidades, que sofrem
violência familiar, morte de pais, e precisam se virar, muito cedo, na vida.”. Simbolicamente, Alex cobra isso ao "francês", que o direcionou ao estágio maior de degradação, mas não lhe dá ouvidos e o ignora, quando "a casa cai". Essas palavras de PERALTA, que endosso, “in totum”, já seriam o bastante
para que ninguém pense que vai ao Teatro Poeirinha à procura de
um simples lazer, terminando a noite num bar, com rodadas de chopes e pizzas.
Acho muito difícil alguém conseguir comer e beber, após ter assistido a “TRÁFICO”.
O texto é um estopim para detonar a “bomba da reflexão”.
E, para isso, o diretor trabalhou nos mínimos detalhes. Paralelamente ao
seu direcionamento, no palco, houve a valorosa contribuição de TONY RODRIGUES,
numa excelente direção de movimento.
Quanto à atuação de ROBSON
TORINNI, é a terceira vez que o vejo em cena, num palco. A primeira
foi em “A Sala Laranja no Jardim de Infância”, em 2017,
também com direção de PERALTA. Ali, gostei muito dele,
como ator. A segunda foi no magnífico “Tebas Land”, em 2019,
quando troquei o verbo “gostar” pelo pronominal “apaixonar-se”.
E, agora, não sei mais como evoluir na escala de admiração por seu trabalho.
É a primeira vez que ROBSON não divide o palco com alguém, está sozinho,
em cena, como Alex, ao lado de sua moto – seu sonho de consumo
-, alternando relatos de encontros sexuais com outros de grande violência, dando
voz, também, aos demais personagens que transitam na trama.
Considero isso um ato de grande bravura e coragem. São 90 minutos de
entrega total ao nobre ofício de representar, da forma mais visceral
possível (Sei que o adjetivo já está bastante “desgastado”, porém,
para mim, é de um significado muito profundo, a ponto de eu não conseguir substituí-lo
por um sinônimo.). A interpretação vai ganhando dimensões
maiores, à proporção que o personagem passa ser mais realista, preso a
uma violência crescente, e vai, cada vez mais, tornando-se promíscuo e
envolvido em ações que o degradam, como ser “humano”. É
comovente, às raias da perfeição, o trabalho de ator de TORINNI,
por meio da exploração de seu corpo e de sua voz. Acrescente-se a
isso tudo o detalhe de como a plateia é provocada pela sensualidade
e magnetismo que tanto o ator como o personagem nela despertam,
em mulheres e homens.
Transcrevo, aqui, palavras do ator,
do “release” que recebi, de RACHEL ALMEIDA (RACCA
COMUNICAÇÃO): “O maior desafio deste projeto é não ter outro ator
para trocar em cena. É a minha primeira experiência em um solo, então estou
aprendendo a jogar com a plateia. O texto me tocou bastante, desde a primeira
vez em que o li, por falar sobre uma pessoa que, pelas circunstâncias de uma
vida periférica, sem oportunidades, não conquista nada e segue pelo caminho do
crime. A partir daí, a peça toca em vários temas como desejo, sonho, criação,
solidão, sexualidade, vício, separação, falta de esperança, beleza, traição e
crime.”.
O cenário e o figurino
foram, aqui, reunidos numa só rubrica, direção de arte, assinada por GILBERTO
GAWRONSKI, para a qual só tenho elogios. Sem, absolutamente, desmerecer a
importância daqueles dois elementos de criação, afirmo que GAWRONSKI
pensou da melhor forma possível: diante de um texto tão pujante e de uma
interpretação tão plena e vigorosa, por que ocupar o espaço
cênico com alguma cenografia sofisticada, cheia de elementos, se texto
e ator quase que se bastam, para ocupar o vazio? Com um mínimo de
objetos – apenas um capacete de
motociclista e uma jaqueta de couro, preta, no chão, ambos, ao centro do palco,
e dois enormes espelhos, fixados a barras de ferro, no alto da parede do fundo,
como a sugerir os retrovisores de uma motocicleta -, o artista
preencheu, de forma muito criativa, a área utilizada pelo ator.
E, quanto ao figurino, o “básico”, “clichê”,
de um prostituto: além da jaqueta, que o ator veste, tão logo se
apresenta ao público, como ele mesmo, transformando-se no personagem,
uma calça “jeans”, bem colante, para sugerir a carne que ela
cobre, e uma camiseta regata, branca, igualmente justa, deixando bem realçados
os músculos do peitoral de TORINNI. Ou de Alex? Ou de ambos?
Uma bota complementa a indumentária, além de um cordão com uma grande medalha de Nossa Senhora Aparecida.
Foto: Gilberto Bartholo.
Não sei em que se inspirou BERNARDO
LORGA, para pensar no desenho de luz da peça, porém posso
assegurar que a luz lhe cai bem, “como uma luva”, em todas
as cenas, com uma constante variação de intensidade e cores, para ajudar na
moldura das ações. Há momentos em que luzes coloridas se alternam,
sucessivamente, no mesmo ritmo, lembrando, um pouco, a iluminação frenética
utilizada nas discotecas ou boates.
A um espetáculo dessa
monta, não poderia faltar uma apropriada trilha sonora/sonoplastia, mais
um dos muitos acertos de MARCELLO H. São muito bem escolhidas as canções
tomadas como temas ou “a música do personagem X”, anunciadas por Alex,
ouvidas no celular do personagem. Fora isso, há sons marcantes,
sublinhando as cenas.
SERGIO BLANCO foi
de uma felicidade total, ao ter sugerido a ROBSON TORINNI que montasse o
texto, no Brasil. Este e PERALTA são os idealizadores
desta encenação, que conta com a acertada direção de produção de SÉRGIO SABOYA e SILVIO BATISTELA, repetindo a dupla de “Tebas Land”.
FICHA TÉCNICA:
Texto: Sergio Blanco
Adaptação: Robson Torinni e Victor Garcia Peralta
Direção: Victor Garcia Peralta
Atuação: Robson Torinni
Direção de Arte: Gilberto Gawronski
Iluminação: Bernardo Lorga
Sonoplastia: Marcello H.
Direção de Movimento: Toni Rodrigues
Assessoria de Imprensa: Rachel Almeida (Racca
Comunicação)
Fotos: Gabriel Nogueira
Direção de Produção: Sérgio Saboya e Silvio Batistela
Produção Executiva: João Eizô Y. Saboya
Idealização: Robson Torinni e Victor Garcia Peralta
SERVIÇO:
Temporada: De 03 de novembro a 18 de dezembro de
2022.
Local: Teatro Poeirinha.
Endereço: Rua São João Batista, nº 104 – Botafogo –
Rio de Janeiro – RJ.
Telefone: (21)2537-8053.
Dias e Horários: De quinta-feira a sábado, às
21h, e domingo, às 19h.
Valor dos Ingressos: R$60,00 (inteira) e R$ 30,00
(meia entrada).
Lotação: 50 pessoas.
Duração: 80 minutos.
Classificação Etária: 18 anos.
Venda de ingressos: https://bileto.sympla.com.br/event/77969/d/165271/s/1101610
Gênero: Monólogo Dramático (Autoficção)
Após a última fala do personagem, depois de ROBSON
ter atravessado o pequeno corredor que divide os dois grupos de cadeiras do
auditório, há uma projeção, na parede do fundo do palco, que classifico como o “tiro
de misericórdia”, surgido da inteligência, sensibilidade e criatividade
do diretor do espetáculo, que segue abaixo:
A CADA 7 HORAS, UMA MULHER É VÍTIMA DE FEMINICÍDIO,
NO BRASIL.
A CADA 27 HORAS, UMA PESSOA LGBTQIA+ É MORTA, NO
BRASIL.
A CADA 54 MINUTOS, UMA CRIANÇA É ABANDONADA, NO
BRASIL.
A CADA 25 MINUTOS, UM JOVEM É ASSASINADO,
NO BRASIL.
Se me perguntassem por que eu diria a
alguém que deve sair da zona de conforto e proteção que sua casa lhe oferece,
para ir ao Teatro Poeirinha, com o propósito de assistir
a “TRÁFICO”, eu cometeria um plágio, utilizando palavras de GILBERTO
GAWRONSKI, em uma entrevista dada a um jornalista, na época em que foi
o protagonista de “A Ira de Narciso”: “Acho
que as pessoas devem ir, na verdade, ao TEATRO, antes de tudo. E esse
espetáculo (Ele fala de “A Ira...”; eu,
de “TRÁFICO”.) é a essência desse TEATRO, que une
as pessoas, sabe? Nós vivemos uma época de divergências e intolerâncias e a
nossa única possibilidade de aproximação é na sensibilização e compreensão do
outro. O TEATRO habita esse lugar, o lugar da tolerância para com ideias
diferenciadas. Se você não quer trocar, fica sozinho em casa. É o lugar da
reflexão do homem sobre si próprio. Ir ao TEATRO é uma atividade perigosa,
porque ele pode mexer em aspectos nossos que não temos nem dimensão,
sabe? ‘Hamlet’, por exemplo, denuncia o assassinato do próprio pai
no TEATRO, pela sensibilização. Não interessa termos leis, se não temos pessoas
sensíveis para entender essas leis. E o TEATRO ocupa esse lugar da
sensibilização, onde eu posso me afeiçoar à dor do outro. Estamos todos nesse
momento incerto, mas eu tenho o orgulho de dizer que eu ainda me sinto coerente
com o discurso que eu levo desde que comecei.”. Isso foi dito há três
anos, e continua valendo nos dias de hoje. Obrigado, querido “xará”,
pela honra de poder encerrar esta crítica com essa sua
belíssima reflexão e, mais ainda, por ter permitido que eu o fizesse.
FOTOS:GABRIEL NOGUEIRA
GALERIA PARTICULAR:
Com o querido e talentoso amigo ROBSON TORINNI.
(Foto: Marcello H.)
VAMOS AO TEATRO,
COM TODOS OS CUIDADOS!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO
DO BRASIL,
COM TODOS OS CUIDADOS!!!
A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE!!!
RESISTAMOS, SEMPRE MAIS!!!
COMPARTILHEM ESTE TEXTO,
PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!
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