“DUETOS”
ou
(QUEM NÃO GOSTAR
DESTA COMÉDIA
BOM SUJEITO NÃO É.)
Está, cada vez mais, difícil encontrar, em cartaz, uma boa
COMÉDIA, no Rio de Janeiro, que faça jus à sua importância,
como gênero teatral. Tropeçamos em monturos de textos muito
ruins, montagens idem, de péssimo gosto, apelativos, os quais, muito longe de
agradar a um público e atraí-lo, embora haja, sim, quem goste dessas coisas
horrendas, afasta, do TEATRO, as pessoas de bom gosto, que apreciam um texto
cômico inteligente, com o propósito de, apenas e simplesmente, divertir ou,
além disso, provocar reflexões, uma vez que TODO HUMOR É CRÍTICO. Estou,
aqui, escrevendo esta crítica com muito prazer, com uma satisfação
incomensurável, sobre uma das melhores COMÉDIAS a que assisti, nos últimos
tempos. O espetáculo de que falo é “DUETOS”, em cartaz no Teatro
das Artes” (VER SERVIÇO.).
“Um é pouco, DOIS É BOM, três é demais”. Esse “aforismo”
se aplica, muito bem, ao espetáculo aqui analisado. Apenas DOIS, PATRICYA
TRAVASSOS e MARCELO FARIA, dão conta do recado. E como dão!!!
Aliás, para se fazer a devida justiça, ao olhar para a FICHA TÉCNICA
desta COMÉDIA, com todas as letras maiúsculas, qualquer pessoa
que conheça, não só o trabalho dos atores, mas, também, todos os artistas de
criação envolvidos no projeto, não poderá afirmar outra coisa, mesmo antes
de assistir ao espetáculo, a não ser esta frase: “NÃO HÁ COMO ISSO
NÃO DAR CERTO”. Ratifico a frase e afirmo: Deu, está dando e
ainda dará, por muito tempo. “DUETOS” é o tipo da produção
que, a despeito de todas as dificuldades para que as pessoas resolvam, ou
possam, ir a um Teatro, tem tudo para ficar em cartaz por
muito tempo, a julgar pela casa lotada, no segundo dia da temporada,
quando assisti à peça, e pela reação do público. Todos deixaram o Teatro
das Artes felizes, leves, fazendo comentários elogiosos ao que viram e
dizendo que irão indicar o espetáculo a Fulano, Beltrano,
Sicrano... A divulgação espontânea, de uma pessoa a
outras, é o melhor meio de difusão de uma montagem teatral e de se
fazer lotar um Teatro. Eu já decidi que quero assistir, de novo,
a “DUETOS”, porque É UM ESPETÁCULO MUITO BOM. E já tratei de espalhar isso
aos quatro cantos do mundo.
COMÉDIA ruim é das coisas que mais me irritam, quando
vou a um Teatro, e me provocam um tremendo arrependimento, por ter
empregado tão mal o meu tempo. Infelizmente, é o que acontece, na maioria das
vezes. Por outro lado, quando, “no meio do deserto”, encontramos
um “agradabilíssimo oásis”, como “DUETOS”, eu me sinto tão
recompensado, tão feliz e não vejo a hora de divulgar a peça, escrever
sobre ela e recomendá-la, como estou fazendo agora.
“DUETOS”,
do premiado dramaturgo britânico PETER QUILTER, já foi encenada
em mais de 20 países e traduzida para 10 idiomas, e recebe, agora, sua
primeira montagem no Brasil. QUILTER é
dramaturgo do West End londrino e da Broadway.
Isso não é pouca coisa, e suas peças foram traduzidas para 30
idiomas e apresentadas em mais de 40 países. Atualmente, o autor
tem mais de 14 produções ativas, acontecendo pelo mundo, totalizando
mais de 30 espetáculos realizados.
Sim,
o texto é excelente, entretanto sinto o dever, ou a obrigação, de citar o
nome de quem trabalhou na tradução da obra para a língua
portuguesa: JOÃO POLESSA DANTAS, que traz, no nome, um DNA “poderoso”.
É ótima a sua tradução, uma vez que há incomensuráveis diferenças entre
o senso de humor dos ingleses e o dos brasileiros. É necessário um trabalho de “carpintaria”
muito atento, para manter a essência do texto original, das piadas, tudo
voltado para a nossa realidade, ainda que possamos considerar “DUETOS”
atemporal, sem o menor compromisso com alguma “geografia”, para
que os fatos e as ações se realizem, ou com diferentes classes sociais e
culturais, porque envolve situações do dia a dia de qualquer ser humano.
Qualquer um, do público, pode se ver naqueles oito personagens.
Como consta, no “release”, a mim enviado por STELLA STEPHANY (JSPONTES ASSESSORIA DE IMPRENSA), “O texto de QUILTER examina o mundo caótico do amor e dos relacionamentos modernos, onde ‘a grama do vizinho é sempre mais verde que a nossa’”. Não tenho o hábito de fazer alusão aos patrocinadores, porém cheguei à conclusão de que não seria correto, justo, de minha parte, omiti-los. “DUETOS” é apresentado e patrocinado pela Brasilcap, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com produção geral e realização da Inova Brand, sem o que tenho a impressão de que a concretização do projeto seria inviável.
SINOPSE:
A peça retrata, de forma cômica, os encontros e desencontros da vida amorosa
contemporânea, através
de quatro histórias de uma mulher e um homem – não
necessariamente casais –, às voltas com seus próprios desejos e traumas, em
busca do amor, e enfrentando a solidão.
As quatro histórias, são, pela ordem:
“ENCONTRO ÀS CEGAS”: JONATHAN e WANDA marcam um encontro,
através de um aplicativo de relacionamento. Ambos se esmeram para “agradar”,
um ao outro, mas, claro, nada sai como o esperado. Eles esperam, desta vez,
acertar. Será que vai acontecer?
“QUASE CASADOS”: JANE prepara uma festa de aniversário para
seu chefe, ARY. Ele não se interessa por mulheres, um” eufemismo”,
para dizer que ele é, assumidamente, “gay”, mas ela não vê isso
como empecilho, para um possível casamento. “A esperança é a última que
morre”. Será que morreu?
“DIVÓRCIO AMIGÁVEL”: SHIRLEY e BETO decidiram passar
férias na Espanha, para finalizar seu divórcio. Enquanto se
afogam nos drinques, vão entendendo que estão longe de ser o “ex-casal
bem resolvido”, que pensavam ser. Será que o divórcio se concretizará mesmo?
“MAIS UMA VEZ NOIVA”: ÂNGELA está se casando pela
terceira vez, para desgosto de seu irmão, TOBIAS. Pouco antes da
cerimônia, uma sucessão de incidentes leva-a a crer em mau presságio. Confusa,
não sabe mais se quer casar. Haverá, ou não, casamento?
Todas as perguntas, em negrito, que aparecem no final
do resumo de cada história, foram acréscimos meus, com a intenção de
criar a curiosidade e o interesse em quem me lê. Quando fiz referência aos artistas
de criação do espetáculo, não estava sendo exagerado, visto que poucas produções
conseguem reunir um “time” tão competente, homogêneo, em
qualidade, num projeto só. Isso me leva a fazer um comentário particular
sobre o trabalho e a responsabilidade de cada um, nesta montagem.
Nada mais tendo a acrescentar sobre o texto, a não ser
o fato de que nunca é desperdício de tempo, nem redundância, lembrar que “humor
+ inteligência têm que caminhar juntos” – o que não falta aqui -, senão
“o leite desanda”, começarei a fazer comentários sobre o excelente
cenário, assinado por J.C. SERRONI, o que, convenhamos, não é
nenhuma novidade, atendendo à concepção do diretor. Em cada lateral do
palco, há um pequeno camarim, onde a atriz e o ator farão
as trocas de roupa, para cada cena, às vistas do público. De acordo com a luz,
obra do mestre AURÉLIO DE SIMONI, estes camarins estarão ora
visíveis, ora invisíveis. Os demais elementos não são fixos, e são mudados, de
cena para cena, por um casal de contrarregras. A maior parte do espaço
cênico serve de base para todos os ambientes.
Além da preocupação com a intensidade da luz, nos momentos
de troca de figurinos, visto que as paredes dos camarins são diáfanas, AURÉLIO,
como já era de se esperar, regula a iluminação de acordo com os estados
emocionais dos personagens ou de acordo com o nível de exigência de cada
história, com variações bem ajustadas.
Contar com o concurso de CLAUDIO TOVAR, assinando os figurinos
de um espetáculo de TEATRO, é garantia de acerto total. Grande
artista plástico que é, TOVAR canaliza, para os modelos que assina,
em todas as peças com as quais colabora, sua digital, traduzida por uma
paleta variadas de cores, assim como – detalhe que muito me agrada –
seus bordados e aplicações. Todos os figurinos são fabulosos,
com destaque para o vestido de noiva, na última história, que é
um dos gatilhos mais acionados na cena. Está mais para o "bolo da noiva". E os atores, principalmente PATRICYA,
exploram-no de uma forma que nos leva a gargalhar muito. O figurino é uma
grande piada, de extremíssimo bom gosto. Na primeira história,
apesar de a intenção ser mostrar roupas de fina elegância e bom gosto, estas se
tornam “desajustadas”, por conta do “desajuste” do
casal “estranho”, para dizer o mínimo. Na segunda, o tom
de “elegância exagerada”, e para o personagem de FARIA
“dar pinta”, fica por conta dos "detalhes" do figurino masculino, embora o exagero também se faça presente nos da roupa usada por PATRICYA. Na terceira, ambos os personagens, para “entrar no clima da
proposta criada pelos próprios”, vestem-se com trajes típicos
mexicanos, muito engraçados, por conta da total falta de “adequação”,
por parte dos personagens que os vestem. Quanto à última “aventura”,
creio já ter falado o suficiente. Falta acrescentar que gargalhei à farta, acho
que, até, de forma “deselegante”. Que fazer? Não consegui me conter.
Mas, se tiverem de apontar o dedo para alguém, por causa disso, que não seja só
para mim, mas para uma plateia inteira.
Humor se faz por meio de palavras e, também por gestos
corporais, de toda ordem. A postura corporal também pode, e deve, ser
explorada, numa boa COMÉDIA, o que ocorre aqui, graças ao trabalho de preparação
corporal, feito por DANI VISCO.
Cabem, ainda, elogios à acertada trilha sonora, a cargo de RODRIGO PENNA, e ao visagismo, que transforma, completamente, por fora, os atores em personagens bem diferentes, um do outro, trabalho de RAFAEL SENNA.
ERNESTO PICCOLO, que, de “piccolo” - “pequeno”,
em italiano -, não tem nada, quando o convidam para dirigir uma COMÉDIA
– poderia enumerar muitas, dirigidas por ele, todas elas grandes
sucessos, de público e de bilheteria, como, por exemplo, “Divã”, “Doidas
e Santas” e “A História de Nós Dois” -, mostra que tem
grande talento para esse fazer. Às vezes, tenho a impressão de que ele é quem
mais se diverte com o que faz. Suas direções são sempre inteligentes,
criativas e dinâmicas, todos os adjetivos mais que necessários, para fazer o espetáculo
“render” bastante e corresponder às expectativas dos assistentes.
Não foi diferente aqui.
Já comecei a gostar do espetáculo, antes mesmo de ele
começar, quando é projetada uma peça de propaganda dos patrocinadores,
mostrando um encontro do casal de atores num camarim, de verdade,
do Teatro, num “bate-papo” bem descontraído, e,
durante o diálogo, ambos falam da satisfação de estarem retornando ao trabalho,
aos palcos, com os Teatros voltando à ativa e, achei da maior importância
– não sei de quem foi a ideia, mas aplaudo-a bastante – falarem da importância
do TEATRO para a economia de um país, ao desfilar todas as atividades
econômicas ligadas a ele, direta e indiretamente, e sobre a quantidade de profissionais empregados, empenhados num trabalho que, aparentemente, é de apenas duas pessoas num palco.
Quantas famílias dependem do TEATRO para a sua sobrevivência!!!
Achei essa iniciativa belíssima e, ao final da projeção, “fiz o louco que
aplaude sozinho”. Parabéns pela brilhante ideia!
As vezes que tive a oportunidade de ver PATRICYA TRAVASSOS
num palco são superiores às que assisti a MARCELO representar
pessoalmente. Acompanho o trabalho de PATRICYA, desde os remotos anos da
década de 70, quando, sob a influência do
excelente humor dos britânicos do Monty Python, fez parte do grupo
de TEATRO “Asdrúbal Trouxe o Trombone”, ao lado de gente
do gabarito de Hamilton Vaz Pereira, Regina Casé, Perfeito
Fortuna, Patrícia Pillar, Luís Fernando Guimarães,
Evandro Mesquita, Nina de Pádua e Cazuza,
entre outros, em grandes sucessos, como “Trata-me Leão” e “Aquela
Coisa Toda”. Em mais de 40 anos
de carreira, com 35 novelas, 10 filmes,
9 peças de TEATRO, 3 livros publicados, mais de 30 músicas
compostas, em seu currículo, além de atriz, é excelente
roteirista e dramaturga. Admiro muito seu jeito de fazer humor, trabalhando,
com maestria, a voz e as máscaras faciais. Nesta peça, às
vezes, com seu silêncio, uma boa pausa e uma caprichada “máscara”,
ela consegue provocar gargalhadas, no público, sem dizer uma palavra. Difícil seria afirmar em qual das quatro personagens ela mais se destaca, porém, observando
melhor, acho que é nas duas últimas histórias que ela explora melhor sua veia
humorística, de considerado calibre.
Fazia tempo que não via MARCELO em cena. Sempre o tive na conta de um ator, como tantos, de boas possibilidades, entretanto confesso que ele me surpreendeu, positivamente, em grande escala, em todas as cenas, com o destaque para o personagem da primeira história. Acho que ele nem precisava falar. Sua figura, sua postura e seu comportamento cênico já seriam suficientes para nos fazer rir. Os tiques nervosos do personagem e o seu “desconforto”, presentes, também, nas suas falas e pausas, são perfeitos. O “timing”, para o humor, de PATRICYA já era meu grande e velho conhecido, mas ele existe, no mesmo grau, em MARCELO FARIA, que se tornou famoso pelos seus mais de 30 anos de carreira, 35 novelas, 5 filmes e 10 peças de TEATRO, entre elas “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, que ficou 5 anos em cartaz, e “Razões para Ser Bonita”, ao lado de Ingrid Guimarães, durante 3 anos. Que excelente dupla de atores comediantes!!! Que “química” ótima há entre os dois, sempre um “lançando a bola” na medida certa, para o companheiro de equipe, não para um “adversário”.
São quatro histórias distintas, com um mesmo enredo: encontros e desencontros, solidão e a busca pelo amor e por um/a companheiro/a ideal. Isso representa um grande desafio para PATRICYA e MARCELO, o que só faz valorizá-los como intérpretes.
Passo a transcrever umas interessantes palavras do diretor:
“A peça, na sua essência, fala de solidão, mesmo, e de uma forma muito
divertida. Das relações mais diversas que o ser humano experimenta, para tornar
a solidão menos dolorosa. São os encontros às escuras; a secretária e o patrão
que têm uma relação de amor, em que só não casam, não transam; o casal que vai
separar, vai experimentar a solidão, mas não consegue; e, por fim, a noiva que
está casando pela terceira vez e dá tudo errado. É uma lente de aumento,
uma sátira dessas situações”.
Texto: Peter Quilter
Tradução: João Polessa Dantas
Adaptação: Patricya Travassos e Ernesto Piccolo
Direção: Ernesto Piccolo
Assistente de Direção: Kattia Hein
Elenco: Patricya Travassos e Marcelo Faria
Cenário: J.C. Serroni
Figurino: Claudio Tovar
Iluminação: Aurélio de Simoni
Preparação Corporal: Dani Visco
Trilha Sonora:
Rodrigo Penna
Visagismo: Rafael
Senna
Registro Fotográfico: André Wanderley e Felippe Costa
Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação - João
Pontes e Stella Stephany
Diretor de Produção: Claudio Tizo
Produtora Administrativa: Filomena Mancuzo
Produção Geral e Administração: Sérgio Lopes – INOVA
BRAND
Produção Geral e Marketing: Mauricio Tavares – INOVA
BRAND
Realização: INOVA BRAND, Secretaria Especial da
Cultura e Ministério do Turismo
SERVIÇO:
Temporada: De 05 de agosto a 02 de outubro de 2022.
Local: Teatro das Artes.
Endereço: Rua Marquês de São Vicente, nº 52 – Shopping
da Gávea – 2º piso - Gávea – Rio de Janeiro.
Telefone: (21)2540-6004.
Dias e Horários: Sextas-feiras e sábados, às 21h; domingo, às
20h.
Valor dos Ingressos: R$100,00 e R$50,00 (meia entada);
Ingresso popular (10% capacidade) R$50,00 e R$25,00 (meia entrada).
VENDAS: bilheteria e www.duetosacomedia.com.br
Duração: 90 minutos.
Classificação Etária: Livre.
Não percam esta rara oportunidade de se deliciar com uma verdadeira
COMÉDIA, que, muito longe de ser uma “arte menor”, como,
infelizmente, alguns desinformados consideram, é um trabalho dificílimo de
ser executado, em todas as etapas, para merecer os nossos mais sinceros aplausos.
FOTOS:
ANDRÉ WANDERLEY
e
FELIPPE COSTA
E VAMOS AO TEATRO,
COM TODOS OS
CUIDADOS!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS
DE ESPETÁCULO
DO BRASIL,
COM TODOS OS
CUIDADOS!!!
A ARTE EDUCA E
CONSTRÓI, SEMPRE!!!
RESISTAMOS, SEMPRE
MAIS!!!
COMPARTILHEM ESTE
TEXTO,
PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!
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