“LONGA JORNADA
NOITE ADENTRO”
ou
(O OCASO DE
UMA “FAMÍLIA”.)
ou
(A DEGRADAÇÃO
VISTA POR UMA
LENTE ESPECIAL.)
Como nos faz falta ver, em 2022, quando passamos por “tempos
bicudos”, por conta de uma pandemia, que virou o mundo de ponta-cabeça,
e de um (DES)governo federal que odeia a ARTE e os ARTISTAS, uma produção
da altíssima qualidade, como “LONGA JORNADA NOITE ADENTRO”. É digna
de muitos aplausos a iniciativa, de SELMA MORENTE e CÉLIA FORTE, ao
produzir um dos clássicos da dramaturgia norte-americana, texto
de EUGENE O’NEILL, em cartaz no espaço do Tucarena, em São
Paulo (VER SERVIÇO.).
Trata-se de um texto autobiográfico, por meio do qual,
de maneira muito corajosa, o dramaturgo divide, com o seu público, uma
verdadeira legião de admiradores, mundo afora, da qual faço parte (Ele e
Tennessee Wiliams são meu dois preferidos dramaturgos norte-americanos.),
as dores e os sofrimentos que passou dentro de uma família disfuncional,
na qual dedos são apontados, de um para o outro de seus quatro membros,
cobranças e acusações flutuam no ar, pairam num ambiente em que, entre outras
mazelas, a droga encontrou abrigo e colaborou, ela, principalmente, para uma
degradação familiar, se é que, algum dia, ali, o conceito de “família”
tenha existido.
Consta que, quando O’NEILL terminou de escrever a peça,
considerada sua melhor obra - também penso assim -, em 1941,
decidiu que ela não poderia ser lida nem montada, senão vinte e cinco anos
após a sua morte. Quando indagado sobre as razões dessa exigência, ele
teria respondido apenas que uma das personagens ainda vivia. Alguns
amigos mais chegados saborearam o privilégio de ler os originais, antes de que
eles fossem enviados para os cofres da Randon House, a editora que
publicava seus textos, e para a Biblioteca da Universidade de Yale.
A vontade do autor, entretanto, não foi cumprida, uma vez que, por
necessidade de dinheiro, talvez, ou por outra razão, em 1956, três anos
depois de sua morte, sua viúva, Carlotta Monterey, liberou a
publicação e a montagem da peça. Foi desfeito, então, o grande
mistério e tornou-se público o motivo pelo qual o dramaturgo não
desejava que a peça fosse a público tão logo ele entregasse alma a
Deus. Era porque, com essa autobiografia dramática, como tantos
a chamariam, ele, também considerado, por muitos, o “pai da tragédia
moderna” ou o “introdutor do moderno TEATRO norte-americano”,
“ressuscitava seus mortos - o pai, a mãe e o irmão”, traçando um
comovente retrato da família O’NEILL, no qual o autor se
identificava com o personagem EDMUND, o caçula da família. “Família”?!
Em 1941, ao concluir a peça, apenas EDMUND-EUGENE estava vivo. Apesar de seu caráter autobiográfico, “o texto nos mostra muito mais do que um retrato do artista quando jovem”. O’NEILL reproduziu, na peça, apenas parte de sua vida. Alguns fatos reais, segundo seus biógrafos, não foram revelados. e algumas coisas, no texto, pertencem ao campo da ficção. O certo, porém, é que EUGENE O’NEILL está “vivo”, nesta obra, tuberculoso na juventude, dominado pelo medo de se tornar um alcoólatra, como o irmão, filho de uma mulher que se deixou cair no vício das drogas, ou foi empurrada, involuntariamente, para ele, e de um ator famoso, “que aviltou seu talento em peças de sucesso comercial”. “Mas esse destino particular, ao ser recriado por meio do TEATRO, ganhou dimensão maior — graças, precisamente, ao caráter inconfundível das experiências pessoais do autor —, transfigurando-se e revestindo-se de um sentido comum e universal”. Depois que termina a peça e permitimos que nossas mentes procurem explicações e justificativas para tudo o que se viu em cena, fica - para mim, pelo menos, ficou – a sensação de que o texto foi escrito com um único propósito, da parte de O’NEILL: perdoar sua família e a si mesmo, expurgar a “sujidade” de tudo o que marcou a sua vida e expulsar os “fantamas” que ainda o atormentavam.
SINOPSE:
“LONGA JORNADA NOITE ADENTRO” é um drama familiar, que se passa
em 1912, e em um único dia, iniciando-se a ação logo após o café
da manhã e terminando por volta da meia-noite.
A ação acontece na casa de veraneio dos TYRONE,
em Groton, Connecticut.
O patriarca da família, JAMES (LUCIANO CHIROLLI),
é um homem idoso, que, há muito, abandonou as aspirações de ser um grande ator,
escolhendo viajar, apresentando sempre a mesma peça, que lhe rende um bom
dinheiro.
Sua esposa, MARY (ANA LUCIA TORRE), a grande protagonista da trama, largou
seus sonhos de menina, de se tornar atriz ou freira, para acompanhar o marido,
nas constantes turnês.
Ela se tornou viciada em morfina, com
pouco ou nenhum contato com a realidade, desde o nascimento do filho mais novo,
que corresponde ao dramaturgo, na trama.
O texto pode ser considerado uma “radiografia”
de uma “família”, TYRONE, destruída; ou melhor,
autodestruída.
O casal tem dois filhos: o mais velho, JAMIE
(GUSTAVO WABNER), é um ator fracassado, que foi “forçado”
a seguir os passos do pai e se tornou um alcoólatra, visto que não era capaz de
se manter em nenhum outro emprego.
JAMIE tem inveja do talento do irmão mais novo, EDMUND (BRUNO
SIGRIST), um jovem que pretende se tornar escritor, mas pode ter sua
carreira abreviada pela tuberculose.
EDMUND, influenciado pelo irmão mais velho, também se envereda pela
bebida, pois se sente culpado pelo vício da mãe e não suporta vê-la em tal
estado.
A criada da casa, CATHLEEN (MARIANA ROSA),
acompanha a ação e, algumas vezes, tenta dar apoio a MARY, sem sucesso.
Enfrentamentos constantes acontecem durante esse dia,
e o texto vai expondo, gradativamente, o passado turbulento da "família".
A jornada de um longo dia termina numa noite
infernal, na qual os três homens da família se embriagam, enquanto MARY,
tomada pelos efeitos da morfina, fala, como se ainda fosse jovem, absolutamente
desconectada da realidade.
É sempre um prazer indescritível poder assistir a uma montagem
da envergadura de “LONGA JORNADA NOITE ADENTRO”, texto que
estudei bastante, durante meu curso de Letras (Português/Inglês),
na Universidade Federal do Rio de Janeiro, dentro de uma
disciplina que dissecava textos de dramaturgos norte-americanos. Este
texto, de EUGENE O’NEILL, ganhou o “Pulitzer
Priz”, em 1957, porém nunca eu tinha tido, antes, a
oportunidade de vê-lo encenado. Felizmente, embora tivesse de esperar tanto
tempo, por falta de oportunidade, para ver o texto representado, esse
dia chegou. Puno-me, por perder a chance, não por minha vontade, de não ter
assistido à montagem de 2003, com Cleyde Yáconis e Sérgio
Britto, por exemplo, representando o casal TYRONE.
A montagem em tela é uma das melhores coisas a que assisti
nos últimos anos, pela felicidade de reunir tantos elementos que merecem o
maior destaque, a começar pelo texto, que considero, sempre, a “espinha
dorsal”, em qualquer encenação. É denso, é realista, é intenso,
é pesado, é forte; é cruel. Toca, até mesmo, as pessoas menos sensíveis e aquelas
que, procurando um “distanciamento”, até para evitar o sofrimento
– é um texto dilacerador de corações, para os que sabem praticar a empatia -
conseguem racionalizar: “O que estou vendo é TEATRO, não é nada de verdade.”.
A construção dos diálogos é algo primoroso, muito pela excelente
tradução de SERGIO MÓDENA, que também assina a brilhante direção,
mais uma, na vitoriosa carreira do consagrado diretor. Eles são
carregados de amor e ódio, de acusações e defesas, de culpas e arrependimentos,
de arremedos de alegria e dores expressas. De acordo com o diretor da peça,
“Os personagens se acorrentam em um círculo vicioso. Se punem e são
punidos, julgam e são julgados, perdoam e são perdoados, tudo com o intuito de
expurgar os próprios ressentimentos e as marcas deixadas pelo outro.”. Ainda,
segundo MÓDENA, “o realismo de O’NEILL é permeado de fortes
signos, metáforas e simbologias. É o que podemos chamar de realismo poético”.
Uma vez captado tudo isso, por aquele que vai estabelecer a
linha de conduta dos atores, foi iniciado um árduo e doloroso
processo de criação e ensaios, para quase todos do elenco, os que
conhecem, de perto, de certa forma, alguns dos sérios problemas que a peça
aborda, que resultou, como já disse, num dos melhores e mais lindos espetáculos
a que assisti, nos últimos anos, e, talvez, o melhor trabalho de direção, de
SERGIO MÓDENA, até o presente momento, em mais de duas décadas de TEATRO,
com dezenas de grandes sucessos, de público e de crítica, e a despeito de ser
um diretor eclético, que tanto dirige, muito bem, COMÉDIAS, dramas
e musicais. (Pelo respeito que tenho ao gênero “COMÉDIA” e por ele,
via de regra, ser tão desprestigiado, de forma estúpida, no Brasil, sempre
grafo o vocábulo, utilizando apenas letras maiúsculas. Detalhe: a peça aqui
analisada passa a milhas e milhas de distância de ser uma COMÉDIA.).
A
escolha do elenco não poderia ser melhor e é um dos pontos mais altos
desta montagem, e cada um dos cinco artistas que o compõem merece
palavras de destaque, a começar por DONA ANA LUCIA TORRE (O “DONA”
é um tratamento que tenho o hábito de empregar, como forma de uma merecida
reverência às grandes damas do TEATRO BRASILEIRO, mesmo para as que são minhas
amigas pessoais e com as quais tenho uma certa intimidade. Para os atores,
“SENHOR”.). Considero-a pertencente à galeria de nossas maiores intérpretes.
Jamais a reprovei, por qualquer de suas atuações anteriores, e tenho muita
dificuldade em escolher a peça em que ela melhor atuou. E olha que foram
muitas! Sempre é a mais recente, porque, logo, logo, DONA ANA vem
com outro trabalho, para me confundir na escolha. Sua MARY TYRONE é
irretocável. Para ela, assim como outras personagens (Esse
finalzinho é acréscimo meu.) “MARY TYRONE é um turbilhão e um
enorme desafio. Esse texto é o sonho de qualquer atriz. A melhor coisa na vida,
e nessa profissão, é ter desafios e aprender a superá-los. Posso dizer que
estou vivendo num inferno, com a MARY, e, ao mesmo tempo, nas nuvens”.
A ação desastrosa da morfina, naquela mulher, vai se mostrando numa
gradação, de destruição física e moral, a olhos vistos, no decorrer daquele
único dia. A personagem é totalmente cônscia da sua doença, embora não
pareça, uma vez que, para, talvez, não fazer adoecer os demais membros da
família, já "enfermos", já apresentando suas “patologias”, ela tenta esconder o vício, para o que utiliza os mais diferentes
artifícios, entretanto, de uma forma mais que visível, este é detectado pelos
que a cercam, e um dos elementos “delatores” são suas mãos, que
vão ficando tortas, num trabalho extremamente encantador da atriz.
É
deveras comovente e primorosa sua interpretação, na construção de sua personagem.
Ora se apresenta com as preocupações e o
desvelo de uma mãe, ora demostra muita fragilidade e um comportamento próximo a
um estado de loucura, ora se culpa por uma maternidade compulsória, ora age com
brutal crueldade, em função, principalmente, creio eu, de uma abstinência, por
querer resistir ao vício, adquirido por conta da imperícia de um
médico, o qual lhe prescreveu a droga, para atenuar fortes dores. Esse seu comportamento rude também pode ser um mecanismo de defesa ou de autodestruição. MARY
apresenta uma constante preocupação com sua aparência, aos olhos da “família”,
mais concentrada na apresentação de seus cabelos, um comportamento
metafórico, sem dúvida. Todos os aplausos do mundo merece DONA ANA LUCIA
TORRE, por sua MARY, que já foi interpretada por ícones do TEATRO
BRASILEIRO, como DONA Cacilda Becker, DONA Nathália
Timberg e DONA Cleyde
Yáconis. É impressionante como a atriz
vai se transformando, fisicamente, no decorrer de apenas um dia, como se fosse
uma degradação ao longo de uma vida, representada por suas máscaras faciais,
postura corporal, gestos e voz. A responsabilidade da atriz
era muito grande, e ela correspondeu a isso, a ponto de ter sido, recentemente,
indicada a melhor atriz, num destacado prêmio de TEATRO da cidade
de São Paulo, pelo que a felicito.
Não
fica atrás, em importância e talento, LUCIANO CHIROLLI, um veterano ator
de TEATRO, que nos emociona, com sua impecável interpretação de JAMES
TYRONE, o patriarca daquela “família”. Que parceiro à altura da atriz lhe foi destinado! Admirador, de longa
data, de seu trabalho, eu sempre aguardava, com muita expectativa, sua entrada
em cena, porque sabia que, como ator, que também sou, teria a
oportunidade de aprender muito com ele. O personagem de CHIROLLI
assume comportamentos diversos, com cada um dos demais membros dos TYRONE,
e faz isso com total maestria, marca do que pode ser considerado um ator de
grandes possibilidades, um devoto de seu ofício.
GUSTAVO
WABNER e BRUNO SIGRIST são os dois filhos. O primeiro, desejado; o
segundo, não. WABNER, um pouco afastado do palco, como ator, nos
últimos tempos, dedicando-se mais a dirigir, volta a pisar as tábuas em
grande estilo, como um JAMIE bastante convincente, provando que um personagem
coadjuvante pode, e deve, ser percebido, pelo espectador, com a
força de um personagem protagonista. O mesmo se aplica a SIGRIST,
para mim, uma grande e agradabilíssima surpresa. Acompanho sua carreira
desde quando o vi brilhando, ao lado de um homogêneo elenco, na montagem
de “O Despertar da Primavera”, com direção de Charles
Möeller e Claudio Botelho, em 2009. Nesses treze
anos de carreira, BRUNO se dedicou a atuar em musicais, o que
faz com bastante virtuosismo, já que domina as três habilidades que o TEATRO
MUSICAL exige: interpretar, cantar e dançar. Se não me
equivoco, é a primeira vez que o ator interpreta um personagem tão
denso, num drama, a encarnação do dramaturgo. Ambos são
merecedores de muitos aplausos.
E o
que dizer de MARIANA ROSA, que interpreta a serviçal CATHLEEN? Um
pouco do mesmo que falei sobre GUSTAVO WABNER, e que também se aplica a BRUNO
SIGRIST, com relação à importância de um ator ou atriz, na interpretação
de um papel coadjuvante (Sempre gosto de reforçar que o personagem é
coadjuvante; o ator ou a atriz nunca.). As intervenções da personagem são
poucas, contudo, em todas, ela salta aos olhos do espectador, porque a atriz
sabe muito bem como valorizar sua CATHLEEN. Ela defende a personagem,
que, “no frigir dos ovos”, é a única, na condição de personagem,
que aparenta um quê de sanidade mental. Digo “aparenta”, porque,
vez por outra, parece também já ter sido contaminada pela insanidade dos
demais. Afinal de contas, manter-se saudável, mentalmente, quando se é
bombardeada por quatro – quatro contra um é “covardia” –, não é
função lá muito fácil. Ela tenta, sem sucesso, contornar as situações
conflituosas. É incrível como, com tão poucas entradas em cena, e com um texto
limitado, quantitativamente falando, MARIANA consegue ser tão
notada. Eu e os dois amigos que me acompanhavam, naquela inesquecível noite, falamos muito
sobre o trabalho dessa extraordinária atriz, também merecedora de muitos
aplausos.
Detendo-me,
um pouco mais, agora, no trabalho de direção, de SERGIO MÓDENA,
há nele detalhes de finíssimo bom gosto e criatividade, que merecem destaque,
como a escolha de uma arena para a encenação. O círculo pode ser
considerado uma das várias metáforas sugeridas na encenação: o círculo
da vida. Uma outra é o fato de todos os móveis do cenário estarem
cobertos por um fino tecido branco, como se fosse a neblina, outra excelente
metáfora da peça, que é removido, logo no início do espetáculo, pelo
personagem EDMUND (O’NEILL), como que querendo mostrar, ao público, a sua
família, um convite a que nos incorporemos àquele drama particular. A mais
representativa de todas as metáforas me parece ser o fato da existência de
uma perene neblina, do lado de fora da casa, como o desejo, paradoxal, no seu
íntimo, do autor, e, talvez, medo também, de deixar que sua intimidade e
da família sejam tornadas públicas. Ela vai se tornando, com o decorrer do dia,
cada vez mais densa e presente. As entradas e saídas dos personagens em
cena me pareceram milimetricamente pensadas. A ideia de iniciar o espetáculo
com o personagem EDMUND lendo a dedicatória escrita no livro, com o
texto da peça, para sua mulher, terminando com um “EUGENE O’NEILL”,
é de extrema sagacidade e auxilia o público, em geral, a acompanhar a "jornada" daquela “família”. Trabalho primoroso e extremamente sensível
de direção!
Sergio Módena
Acompanhando,
pelas redes sociais, chamadas para a estreia da peça, fiquei bastante
interessado pelas imagens do cenário que eram publicadas. Muito curioso,
porque, apenas pelas fotos, já o achava muito lindo e “misterioso”.
Esse interesse e essa curiosidade em vê-lo à minha frente tomavam corpo, por
ele, em si, e por ser assinado por um dos mais competentes cenógrafos
deste país, ANDRE CORTEZ, que nunca perde a oportunidade de se fazer
presente e importante numa montagem teatral. A simplicidade da cenografia
concorre, no mesmo nível, com o que de muito ela representa, na concepção do diretor,
ao querer romper com o realismo. A metáfora também está presente nessa linda
cenografia, na qual entram móveis, com predominância de cadeiras e do branco, confundindo-se com a neblina, dispostos de forma meio aleatória, fora
de uma construção “normal”, totalmente dentro do clima “caótico”,
“desalinhado”, “fora da ordem”, como é a vida da “família”
TYRONE. Mais um trabalho nota DEZ, para ANDRE CORTEZ.
E como
FABIO NAMATAME foi feliz na criação dos figurinos da peça,
todos de finíssimo bom gosto e acerto! E com um detalhe que julgo bastante
interessante: apesar de ser uma “peça de época”, passada em 1912,
NAMATAME nos surpreende, com figurinos, de certa forma, atemporais,
porque o texto também o é, talvez – é bem provável que eu tenha pegado o
atalho certo – com a intenção de trazer, para os dias de hoje, aqueles conflitos,
que podem estar presentes em famílias de alguns da plateia. Aplaudo,
estusiasticamente, o trabalho do grande figurinista!
Como é bela e precisa a iluminação de ALINE SANTINI! Não
há uma cena que não merecesse a luz adequada, para auxiliar, com sua
plasticidade, as intenções do dramaturgo e da direção. O seu desenho
de luz é bem variado e “comme il faut”, põe em destaque o que
merece maior evidência e, nos momentos certos, abre mão da intensidade, com o
propósito de, talvez, ocultar um pouco do que é dolorido e para enfatizar o tom
de mistério e de “embaçamento” que determinadas cenas requerem. A
iluminação é um elemento de criação fundamental, numa montagem
teatral, podendo valorizá-la ou destruí-la. Aqui, o dedo de ALINE entrou
com o pressionamento mais que correto.
Para
finalizar os comentários sobre o trabalho de todos os artistas de criação,
nesta montagem, faltava fazer uma alusão a MARCO FRANÇA,
responsável pela trilha sonora da peça, criada com um viés
intimista, sublinhando, com precisão, as cenas, como um importante elemento
de apoio e colaboração, para alimentar os sentimentos que cada uma delas deve provocar no espectador.
FICHA TÉCNICA:
Texto: Eugene O´Neill
Idealização, Tradução e Direção: Sergio Módena
Diretor Assistente: Lurryan Nascimento
Música Original: Marco França
Elenco: Ana Lucia Torre (Mary Tyrone), Luciano
Chirolli (James Tyrone), Gustavo Wabner (Jamie Tyrone), Bruno Sigrist (Edmund
Tyrone) e Mariana Rosa (Cathleen)
Cenário: Andre Cortez
Assistente de Cenário: Maristella Pinheiro
Cenotécnico: Tibúrcio Produções
Figurino: Fábio Namatame
Produção de Figurinos: Carolina Zilig
Iluminação: Aline Santini
Trilha Sonora: Marco França
Visagista: Dhiego Durso
Operador de Som: Pedro Moura
Operador de Luz: Marcos Fávero
Camareira: Verônica Moraes
Contrarregra e Camareiro: Ricardo Santana
Coordenação e Comunicação: Beth Gallo
Assessoria de Imprensa: Morente Forte – Thais Peres
Programação Visual: Vicka Suarez
Fotos: Priscila Prade
Filmagem: Jady Forte
Redes Sociais e Textos: Ana Paula Barbulho
Coordenação Administrativa: Dani Angelotti
Assistência Administrativa: Alcení Braz
Assistente de Produção: Rebecca Momo
Administradoras da Temporada: Magali Morente e Alcení
Braz
Produção Executiva: Martha Lozano
Produtoras: Selma Morente e Célia Forte
SERVIÇO:
Temporada: de 25 de
junho até 28 de agosto de 2022.
Local: Teatro TUCARENA.
Endereço: Rua Monte Alegre, nº 1024 – Perdizes - São Paulo.
Dias e Horários: sextas-feiras e sábados, às 20h30min; aos domingos,
às 18h30min.
Valor dos Ingressos:
R$80,00 (inteira) e R$40,00 (meia entrada).
VENDAS:
Sympla
ou
nas bilheterias do TUCARENA.
Capacidade: 252
lugares.
Duração:
120 minutos.
Classificação
Etária: 16 anos.
Gênero: Drama.
Para
encerrar esta já longa crítica, algumas coisas devem ficar bem patentes. Uma
delas é que o texto, por mais doloroso, para qualquer espectador,
e ser, como sempre é um texto teatral, uma ficção, é atemporal
e retrata os dramas reais de muitas famílias, até hoje. E de outras que
ainda virão a existir, porque a alma humana tem sempre duas faces, sendo que a
negativa é a que menos é posta às vistas dos audientes. Outra é que, para
assistir a uma encenação deste texto, o espectador –
falo dos mais sensíveis – precisa estar preparado para “receber
fortes socos na boca do estômago” e, pelo menos, esboçar uma reação a
eles. Não é um TEATRO para entretenimento; é, isso sim, uma tragédia contemporânea, no seu sentido
mais amplo.
FOTOS: PRISCILA
PRADE
GALERIA PARTICULAR
(FOTOS: LEONARDO
SOARES BRAGA.)
E VAMOS AO TEATRO,
COM TODOS OS
CUIDADOS!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS
DE ESPETÁCULO
DO BRASIL,
COM TODOS OS
CUIDADOS!!!
A ARTE EDUCA E
CONSTRÓI, SEMPRE!!!
RESISTAMOS, SEMPRE
MAIS!!!
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TEXTO,
PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!