“OUTRAS
MARIAS”
ou
(TODAS AS MARIAS
CABEM NA INTERPRETAÇÃO
DE UMA ATRIZ
COM “A” MAIÚSCULO.)
Uma ótima ficha
técnica e uma boa sinopse são dois motivos que fazem nascer, em mim,
o interesse por assistir a um espetáculo de TEATRO. Foi por conta
desses dois motivos, principalmente, que aceitei o convite de CHRISTOVAM DE
CHEVALLIER (Assessoria de Imprensa), para assistir a uma peça, um solo,
no Teatro II, do SESC Tijuca, local a que vou, sempre, com o
maior prazer, porque, além de ser aprazível, conta com um “time”
de funcionários, extremamente educados e solícitos, que sabem como tratar o
público. Foi no último sábado, dia 11 de junho (2022), e a peça se chama
“OUTRAS MARIAS”, com texto de MARCIA ZANELATTO, direção
de PATRÍCIA SELONK, estreando na função, espetáculo estrelado por
CLARA SANTHANA.
Considero-me, até certo ponto, “suspeito”, para
analisar o trabalho de CLARA, desde quando a vi atuando em “Deixa
Clarear”, texto, também, de ZANELATTO, espetáculo no qual
a talentosa atriz e cantora interpretava a saudosa Clara Nunes. A peça foi um sucesso absoluto, de público e plateia, conquistou vários
prêmios, além de ter tido uma vida longa, felizmente, tendo
sido vista, ao longo de nove anos, por mais de 500 mil espectadores.
De
lá para cá, eu me tornei um dos mais ardorosos fãs do trabalho de CLARA SANTHANA,
o que não significa que eu a “endeusaria”, se a sua atuação, em “OUTRAS
MARIAS”, não merecesse meus mais calorosos aplausos. Atores e atrizes
podem se apresentar de forma magistral, em alguns trabalhos, e nem tanto, em
outros. Isso é normal acontecer, o que não tem sido o caso de CLARA. Ela
se supera a cada atuação, a cada novo projeto de que faz parte.
“Maria” deve ser o nome mais popular, para as
mulheres, no Brasil. E por que não em outras partes do planeta,
com suas variações? Segundo o “release”, enviado pelo querido CRHISTOVAM,
“Maria é, segundo a mitologia semita, a mulher
escolhida por Deus, para gerar e criar seu filho, Jesus. (...) Muitas são as
Marias que lutaram (e lutam) por fazer valer seus direitos neste país tão
desigual”. Foi a partir daí que CLARA SANTHANA partiu
para uma profunda pesquisa, muito bem sucedida, sobre “as nossa
importantes marias”. A atriz e cantora, agora, evoca sete
mulheres, figuras históricas, emblemáticas, como Maria Bonita e Maria
Felipa de Oliveira, pouco conhecida esta, mas que que lutou, como uma grande heroína, na “Conjuração
Baiana”, em 1798, além de “marias” que se tornaram
divindades, em cultos de origem brasileira e matriz africana, como Maria
Molambo, Maria Navalha, Maria Quitéria e a mais conhecida
delas, Maria Padilha, amante de um monarca, no antigo reino de Castela.
Elas têm suas vidas e lutas contadas e cantadas neste lindo musical, “OUTRAS
MARIAS”.
Extraído
do “release”: “As histórias de vidas dessas ‘marias’
sustentam a narrativa, que, por sua vez, resulta da costura entre textos
falados e cantados. Alguns deles são célebres como “Olha, Maria”, música de Tom
Jobim, letrada por Vinicius de Moraes e Chico Buarque, e “Saias e Cor”,
parceria de Ana Costa e Zélia Duncan. Essas canções misturam-se a ladainhas e a
pontos e louvores às entidades religiosas, como “Arreda homem” e “Pra Ser Rainha”,
ambos de domínio público. Um dos temas é a inédita “Brinca, Maria”, composta
pelo professor Luiz Antônio Simas, um dos mais respeitados estudiosos do samba
e da africanidade no país.”.
Um
detalhe bastante interessante, e importante, é que, por decisão da própria
CLARA SANTHANA, idealizadora do projeto, quase toda a equipe
inserida nele é formada por mulheres, muito talentosas, como MARCIA
ZANELATTO (texto), CLAUDIA ELIZEU (diretora musical), PATRÍCIA
SELONK (diretora) e CÁTIA COSTA (diretora de movimento). “Como
as mulheres retratadas no espetáculo lutaram por seus direitos e, algumas,
foram vítimas de feminicídio, quis ter cabeças femininas, auxiliando na
concepção e no resultado deste trabalho”, justifica CLARA. Nada
mais legítimo e facilmente aceito como uma grande ideia e homenagem à mulher brasileira.
Trata-se
de um espetáculo “forte”, “robusto” e “impactante”,
por diversos motivos. Um deles é o próprio texto, uma “colcha de
retalhos”, cada um deles se abrindo e fechando, formando, todos, uma unidade
dramatúrgica de excelente qualidade. MARCIA ZANELATTO sabe fazer
isso como ninguém.
Ao
adentrar o minúsculo local onde se dá a encenação, o espectador
se depara com um cenário bonito, mas simples e com poucos elementos, e
não se dá conta da surpresa que o espera. Refiro-me, especialmente, a uma peça
cenográfica, um manequim, que se abre em quatro partes, por quatro pequenas
portinholas, deixando à mostra uma grande quantidade de detalhes e objetos, no
interior oco da referida peça, muitos dos quais são utilizados pela atriz,
em cena. Mais um belo trabalho de DÓRIS ROLLEMBERG.
DANIELA SANCHEZ assina uma iluminação que se adéqua a cada história explorada e cria, com suas variações de cores e intensidades de luz, momentos de rara beleza, dialogando com todos os demais elementos de criação do musical.
O figurino,
criado por WANDERLEY GOMES, é bastante simples e funcional, porém se
torna muito valorizado pela forma como a atriz o utiliza, com ênfase
para uma saia longa, de dupla face.
Pelo fato de CLARA SANTHANA ser uma excelente cantora, dona de uma belíssima e afinada voz, CLÁUDIA ELIZEU não deve ter tido tanto trabalho, para tratar da ótima direção musical do espetáculo. Toda a parte musical não apresenta um senão, uma vez que, além dos talentos e competências de CLAUDIA e CLARA, lá estão, ainda, BEÀ AYÒÓLA, uma exímia percussionista, e VERÓNICA FERNANDES, tocando acordeão, as duas acompanhando a protagonista, ao vivo, nas canções, durante todo o espetáculo.
PATRÍCIA
SELONK estreia, com o pé direito, na atividade de direção artística.
Uma das nossas grandes atrizes faz uso de sua vasta experiência nos
palcos e a divide com CLARA. Passa-nos a impressão de que houve um
grande entrosamento entre ela e a atriz, para que suas ideias e soluções
pudessem ser aplicadas e produzir os efeitos esperados por ambas. São corretas
e variadas as suas boas marcações, explorando todo o espaço cênico, e, para
cada uma das “marias”, uma diferente linha de atuação.
Uma
dos nomes mais importantes, para a beleza do espetáculo é o de CÁTIA COSTA,
responsável por um excelente trabalho de direção de movimento, explorando, ao
máximo, a potencialidade da atriz, na utilização da uma das ferramentas de
trabalho do ator/atriz, que é o seu corpo; a outra é a voz.
Não
seria justo, se não fizesse alusão à participação de DIEGO NARDES, responsável
pelo visagismo de CLARA.
FICHA TÉCNICA:
Atuação, Idealização e Pesquisa: Clara Santhana
Texto: Marcia
Zanelatto
Direção:
Patrícia Selonk
Direção
Musical: Claudia Elizeu
Direção de
Movimento: Cátia Costa
Percussão: Beà
Ayòóla
Acordeão: Verónica Fernandes
Atriz Convidada
(voz em “off”): Ilea Ferraz
Cenografia:
Dóris Rollemberg
Iluminação: Daniela
Sanchez
Figurino:
Wanderley Gomes
Visagismo:
Diego Nardes
Arte Gráfica:
Raquel Alvarenga
Fotos Arte:
João Saidler
Fotos Cena:
Ariel Cavotti
Bordadeira:
Angela Santtana
Assessoria de
Imprensa: Christovam de Chevalier
Produção
Executiva: Nicholas Bastos
Direção de
Produção: Diga Sim! Produções (Sandro Rabello)
Realização:
Naine Produções Artísticas
Realização
SESC/ ARRJ
Projeto contemplado no EDITAL SESC RJ DE CULTURA 2022
SERVIÇO:
Temporada: de
02 de junho a 03 de julho de 2022.
Local: Sesc
Tijuca - Teatro II.
Endereço: Rua
Barão de Mesquita, 539 – Tijuca – Rio de Janeiro.
Telefone:
(21)4020-2101.
Dias e Horários:
quintas, sextas-feiras e sábados, às 19h; domingos, às 18h.
Valor dos Ingressos:
Grátis (PCG), R$7,50 (Credencial Plena), R$15,00 (meia-entrada) e R$ 30,00
(inteira).
Funcionamento da
Bilheteria: de terça-feira a domingo, das 9h às 19h.
Classificação Indicativa:
12 anos.
Duração: 60 minutos.
Lotação: 44
lugares.
Gênero:
Musical.
As histórias de cada uma das sete personagens
apresentam aspectos que nos emocionam por demais, umas mais que outras,
valorizados, intensamente, por uma interpretação magistral de CLARA
SANTHANA, e o somatório de tudo isso é mais que suficiente para que eu RECOMENDE
O ESPETÁCULO, COM BASTANTE ÊNFASE.
FOTOS: JOÃO SAIDLER (arte)
E
ARIEL CAVOTTI
(cena)
GALERIA PARTICULAR:
(Com Clara Santhana.)
E VAMOS AO TEATRO,
COM TODOS OS
CUIDADOS!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS
DE ESPETÁCULO
DO BRASIL,
COM TODOS OS
CUIDADOS!!!
A ARTE EDUCA E
CONSTRÓI, SEMPRE!!!
RESISTAMOS, SEMPRE
MAIS!!!
COMPARTILHEM ESTE
TEXTO,
PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!
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