CARMEN
–
A
GRANDE
PEQUENA
NOTÁVEL
(UMA ÓTIMA OPÇÃO
PARA “CRIANÇAS” DE 8 A 80 ANOS.)
Exatamente hoje
(domingo), quando consegui um tempo, para começar a escrever sobre um espetáculo teatral, vendido como infantojuvenil, mas que é indicado para
todas as idades, ele encerra a sua segunda
vitoriosa temporada, esta no Teatro
Itália (São Paulo). A primeira aconteceu no CCBB – São Paulo, de 15 de
setembro de 2018 a
26 de janeiro do ano em curso (2019). Depois de um hiato, e graças a muita
batalha da produção, representada,
principalmente, pelo diretor de produção,
MAURÍCIO INAFRE, “CARMEN – A GRANDE PEQUENA NOTÁVEL”
conseguiu, com muito sacrifício, emplacar uma segunda temporada de sucesso, no Teatro Itália, já mencionado, iniciada
no dia 23 de março passado, fechando as cortinas hoje, 28 de abril, também como já foi dito.
Tinha
muito interesse em assistir à peça,
que é um musical, muito para poder
aplaudir, mais uma vez, o talento de AMANDA
ACOSTA. Antes de conhecer o trabalho, eu já gostava da peça, só imaginando o que seria capaz de fazer, em cena, essa admirável atriz e cantora, de quem me
declaro fã e admirador à enésima potência, além de tê-la no meu limitado rol de
amigos, condição esta que não pesará, em
nada, na curta (por falta de tempo) análise que farei da peça, à qual
assisti no dia 20 de abril, numa
ensolarada tarde de sol, no horário das
15h, com LOTAÇÃO ESGOTADA, em plena Semana
Santa.
SINOPSE
O musical conta a história da cantora CARMEN MIRANDA (AMANDA ACOSTA), portuguesa, de origem, e
brasileira, de coração, de sua chegada ao Brasil,
ainda criança, passando pelas rádios, suas primeiras gravações em disco, pelo
cinema brasileiro e o Cassino da Urca,
ao estrelato nos filmes de Hollywood.
Inspirado no livro homônimo, infantojuvenil, de HELOÍSA SEIXAS e JÚLIA ROMEU, o espetáculo
conta e canta, para toda a família, os 46
anos de vida dessa “PEQUENA NOTÁVEL”,
que levou a música e a cultura brasileira para os quatro cantos do mundo,
principalmente os Estados Unidos da
América.
É
bom dizer que o livro homônimo, de HELOÍSA SEIXAS e JULIA ROMEU, que também são as responsáveis pela ótima adaptação dramatúrgica da obra, foi o vencedor do Prêmio FNLIJ de Melhor Livro de Não Ficção
(2015), e apresenta o universo artístico da diva CARMEN MIRANDA (1909-1955) para o público de todas as idades.
O
espetáculo conquistou vários prêmios em São
Paulo , pela temporada
de 2018, além de muitas outras indicações.
De acordo com o “release”, enviado por MAURÍCIO INAFRE, “Em 2019, Carmen completaria 110 anos. Portuguesa, radicada no Brasil, ela se tornou um dos maiores símbolos da cultura brasileira, para todo o mundo.”.
Considero
“CARMEN – A GRANDE PEQUENA NOTÁVEL” um dos melhores musicais infantojuvenis a
que já assisti em toda a minha vida, por todo o conjunto de acertos que ele
contém, a começar pelo texto. A
transposição de uma obra literária
para o palco não é tarefa das mais
fáceis, o que não me parece ter ocorrido aqui, embora eu, ainda, não tenha lido
o livro, mas pretendo fazê-lo, uma vez que o trabalho foi realizado por suas
próprias autoras. Por outro lado,
por ser um musical biográfico, poderia
cair na chatice do didatismo narrativo,
entretanto HELOÍSA e JÚLIA tiveram a devida competência para
usar uma linguagem que atingisse as crianças, os jovens e os mais velhos,
abusando de tiradas engraçadas, utilizando um humor leve e descontraído. É,
portanto um texto ágil, com diálogos bem construídos. Além disso, a estrutura dramatúrgica é apresentada em
quadros, aparentemente independentes, mas que se coadunam, formando um todo,
indivisível.
Achei
ótima a estética empregada pelo diretor, KLÉBER MONTANHEIRO, que optou por uma estrutura que muito se
assemelha à do velho e bom Teatro de
Revista, grande “coqueluche” (Entreguei
a idade. KKK), na época de CARMEN.
Segundo o diretor, “Utilizamos a divisão em quadros, o reconhecimento imediato de tipos
brasileiros e a musicalidade presente, colaborando, diretamente, com o texto
falado, não como um apêndice musical, mas sim como dramaturgia cantada.”.
Isso é muito bom, para os mais antigos, os quais fazem uma viagem ao passado (Havia muitos idosos na platéia.) e
também para proporcionar, aos mais jovens, papais, crianças e jovens, a
oportunidade de conhecer um modo de se fazer TEATRO, que marcou uma época e duas ou três gerações, porém foi
deixado de lado, até mesmo, marginalizado.
O
diretor, de forma inteligente,
conduz muito bem o trabalho do elenco
e propõe soluções bastante criativas, em cada quadro. KLÉBER MONTANHEIRO também assina o cenário e os figurinos
da peça.
Como
a proposta principal do espetáculo
é, justamente, homenagear esse ícone da Música
Popular Brasileira, que foi, e, ainda, é, CARMEN MIRANDA, preservando-lhe a memória, como não poderia deixar
de ser, os figurinos da protagonista são inspirados nos
desenhos dos originais das roupas que ela usava, em seus “shows” e demais
apresentações artísticas, com destaque para as baianas estilizadas, todas muito
excêntricas e que tanto agradaram, principalmente, aos norte-americanos,
durante a época em que ela, entre eles, fez grande sucesso, entre os anos de 1930 e 1950. São figurinos bem lúdicos e coloridos, com muitas pitadas de Tropicalismo (Este, quando esteve em
voga, bebeu na fonte de CARMEN, sem
a menor dúvida). Os trajes vestidos pelos demais personagens, todos de muito bom gosto, obedecem à estética da época
em que se passa a história.
O
cenário também é um dos pontos
positivos do espetáculo,
reproduzindo os principais ambientes propostos pelo livro, aqueles em que CARMEN
esteve presente, no Rio de Janeiro,
como o porto, onde atracou o navio que a trouxe, com a família, d’além-mar; sua
casa e as ruas da (ex-)Cidade
Maravilhosa; a loja de chapéus, onde ela trabalhou; um estúdio de rádio; os
estúdios de Hollywood e as telas de
cinema, além do “céu”, para onde ela foi cantar, em 5 de agosto de 1955. Destacam-se, na cenografia, as cinco letras que formam seu nome, bem grandes, móveis,
resistentes, feitas de madeira, e que, embaralhadas, de acordo com as cenas, servem para a formação de outras palavras, além de CARMEN,
como MAR e MÃE (forçando um pouquinho a barra), por exemplo.
A
seleção musical é excelente, dentro
da direção musical, a cargo de RICARDO SEVERO. Na parte musical, de acompanhamento, a pequena banda faz um ótimo trabalho – MAURÍCIO
MAAS, BETINHO SODRÉ, MONIQUE SALUSTIANO e MARCO FRANÇA -, com destaque para este,
que também atua, esporadicamente, com graça e desembaraço, provocando risos na plateia.
Todos do elenco – DANIELA CURY, LUCIANA
RAMANZINI, MARIA BIA, SAMUEL DE ASSIS e FABIANO AUGUSTO - merecem
elogios, desdobrando-se em mais de um personagem. Não incluí, na relação
anterior, o nome de AMANDA ACOSTA,
pelo fato de que ela merece um destaque especial. Não por representar a protagonista, mas pela forma como o
faz. AMANDA é uma atriz camaleônica, cuja carreira
acompanho e admiro desde os seus primórdios. Além de excelente atriz e cantora, tem uma “facilidade”
de assimilar a voz, o jeito de cantar e os trejeitos de suas personagens biográficas, atrizes e cantoras, como foi o
caso, no ano passado, de Bibi Ferreira
(Parecia uma encarnação de Bibi. Não
havia, ainda, falecido, na época, a grande diva do TEATRO BRASILEIRO.), de
quando AMANDA pulou para CARMEN, no mesmo patamar de perfeição
da personagem anterior. Reparem que
utilizei a palavra “facilidade”
entre aspas, porque, na verdade, o resultado final da preparação, aquilo que AMANDA leva para o palco, é fruto de um
profundo e árduo trabalho de estudo das características das personagens. Um talento superlativo!!!
A direção se preocupou com mínimos
detalhes como, por exemplo, a maneira da
cantar e falar de todos os personagens. Diz o diretor do espetáculo: “As
interpretações dos atores obedecem à prosódia de uma época, influenciada, diretamente,
pelo modo de falar ‘aportuguesado’, o maneirismo de cantar, proveniente do
rádio, em que as emissões vocais traduzem um período e uma identidade específica”.
Não
poderia deixar de registrar a boa
iluminação (desenho de luz), cuja autoria é de MARISA BENTIVEGNA, que não economiza e abusa de cores e intensidade, para
evidenciar a alegria que o espetáculo
se propõe a passar ao público.
FICHA TÉCNICA:
Autoras do Livro e Adaptação Teatral: Júlia Romeu e Heloísa Seixas
Direção, Cenários e Figurinos: Kleber Montanheiro
Elenco: Amanda Acosta (Carmen Miranda), Daniela Cury, Luciana
Ramanzini, Maria Bia, Samuel de Assis e Fabiano Augusto
Músicos: Maurício Maas, Betinho Sodré, Monique Salustiano e Marco
França.
Desenho de Luz: Marisa Bentivegna
Direção Musical: Ricardo Severo
Visagismo: Anderson Bueno
Direção de produção: Maurício Inafre
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Por motivos
óbvios, não publico o SERVIÇO da peça, uma vez que, quando esta crítica estiver sendo publicada, o espetáculo já terá encerrado a temporada.
A produção se empenhou bastante,
para trazer o musical para o Rio de Janeiro, porém, infelizmente,
não foi possível. Está tudo, cada vez mais, difícil, nesse sentido. É uma pena
que os cariocas não puderam ter a oportunidade de assistir a este magnífico espetáculo. Tomara que os DEUSES DO TEATRO se apiedem de nós e,
um dia (Quem sabe?!), possamos
assistir a uma terceira temporada,
no Rio de Janeiro, cidade onde viveu
CARMEN e que tanto admira e respeita
o trabalho de AMANDA ACOSTA, já há
muito tempo e, com maior destaque, depois de sua brilhante composição de uma diva, Bibi Ferreira, em “Bibi –
Uma Vida em Musical”, que tantos prêmios conquistou por estas bandas!
Carmen Miranda.
Amanda (Carmen Miranda) Acosta.
(FOTOS: LEEKYUNG KIM.)
E VAMOS AO TEATRO!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!
A ARTE EDUCA E CONSTRÓI!!!
RESISTAMOS!!!
COMPARTILHEM ESTE TEXTO, PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!
Espetáculo maravilhoso, um dos melhores musicais que assisti em minha vida, salve o teatro!
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