DOIS
CASAMENTOS
(DA
TELA PARA O PALCO,
UM
ESPETÁCULO “TCHÉKHOVRODRIGUIANO”.)
Depois
de uma temporada no Mezanino do Espaço SESC, em Copacabana, está em cartaz, até o dia 10 de setembro, às 4ªs e 5ªs feiras, no Teatro Cândido Mendes (Ver SERVIÇO.), a peça “DOIS CASAMENTOS”, uma experiência nova
para o consagrado cineasta, neófito em TEATRO,
LUIZ ROSEMBERG FILHO, autor do texto e diretor do espetáculo.
A
peça é uma adaptação, para o palco, do filme homônimo, de ROSEMBERG, numa produção de CAVI
BORGES, com PATRÍCIA NIEDERMEIER
e ANA ABBOTT, no elenco.
Ana Abbott e Patrícia Niedermeier.
De
acordo com o programa da peça, na
visão do autor do texto e diretor, “‘DOIS CASAMENTOS’ propõe uma
investigação sobre as fronteiras entre TEATRO
e cinema. É uma soma dos afetos, numa
busca da felicidade, contra os tantos fascismos da representação envelhecida do
matrimônio! Não mais o casamento como
religiosidade ou negócio, e sim uma união de pensamentos e corpos, pelo saber e
pela PAIXÃO. Que se viva o prazer e não o bode da má
representação dos poderes da vida!”
A sinopse da peça é muito simples,
bastante vaga, entretanto dá margem a muitas elucubrações:
SINOPSE:
“Duas noivas, enquanto aguardam ir para o altar, conversam sobre a
vida, o afeto e o casamento.”
A
produção é, por demais, simples e modesta,
entretanto o resultado é bastante satisfatório.
Para
uma primeira experiência em direção
teatral, ROSEMBERG se saiu bem, e
seu trabalho está pleno de características do cinema, como os cortes entre as
cenas, com “black-outs”, completos ou parciais, como se para separar os “takes”
de um filme. Na maior parte do tempo, os
movimentos das duas atrizes tendem mais à lentidão, ficando o foco da ação mais
no bom texto e na expressividade facial das duas, como
nos “close-ups”.
Dona Carminha e Jandira.
Do
ponto de vista do texto e da atuação, excelente, por sinal, das duas
atrizes, PATRÍCIA NIEDERMEIER (DONA
CARMINHA) e ANA ABBOT (JANDIRA),
o espetáculo apresenta uma certa identidade com os universos de Anton Tchékhov e Nélson Rodrigues.
PATRÍCIA defende o lado tchékhoviano, enquanto, a ANA, cabe o toque rodriguiano. DONA CARMINHA é mais “cabeça”, pé no chão,
consciente da realidade, ao passo que JANDIRA
é mais “coração”, ingênua, sonhadora; nas atitudes, pensamentos e vocabulário. Até o nome parece de personagem de Nélson Rodrigues.
A robustez de
personalidade de DONA CARMINHA
choca-se contra a fragilidade de JANDIRA. Duas personagens interessantes, cujos destinos
se cruzam, para que possamos, através dos seus diálogos, refletir sobre o
casamento e tudo o que a ele está atrelado.
LUIZ ROSEMBERG FILHO, entrado nos
setenta anos de idade e que, há trinta, estava
sem realizar um único filme, até filmar “DOIS
CASAMENTOS”, faz parte de uma
geração de cineastas, conhecida como "Cinema
de Invenção” ou “Cinema
Marginal", os quais realizaram filmes radicais e ousados, nos anos 60
e 70. Muitos deles ficaram, ou ainda
permanecem, desconhecidos do público, por nunca terem sido exibidos, em função
de questões com a censura ou outras. Seus trabalhos, pouco exibidos no Brasil,
já participaram de importantes festivais internacionais, como o de Cannes e o
de Berlim.
Não precisa de legenda.
Um
palco quase despido de elementos cenográficos;
dois únicos figurinos, vestidos de
noivas, de (MÁRCIA PITANGA); uma
excelente iluminação, de VINÍCIUS BRUM e ALESSANDRO BOSCHINI, um vindo do cinema e outro, do TEATRO; uma boa direção musical, de RODRIGO
MARÇAL e LUCIANO CORREIA; duas ótimas atrizes, muito profissionais. O resto fica ao seu julgamento.
Eu
recomendo o espetáculo. Simples, despretensioso,
quase sem divulgação (apenas o “de boca
em boca”), sem patrocínios, mas feito com muito amor e garra, o que
valorizo bastante.
Bastidores: (Da esquerda para a direita) Cavi Borges, Patrícia Niedermeier,
Luiz Rosemberg Filho e Ana Abbott.
FICHA TÉCNICA:
Texto e Direção: Luiz Rosemberg Filho
Elenco: Patrícia Niedermeier e Ana Abbott
Produção: Cavi Borges
Iluminação: Vinícius Brum e Alessandro Boschini.
Figurinos e Direção de Arte: Márcia Pitanga
Trilha Sonora: Rodrigo Marçal e Luciano Correia
Programação Visual: Marcelo Brandão
Hair Design e Visagismo: Othon Spener
SERVIÇO:
Teatro Cândido Mendes: Rua Joana Angélica, 63 – Ipanema – Rio de
Janeiro
TelefOne: 2523-3663
Capacidade: 110 lugares (um lugar para cadeirante)
Temporada: Até 10 de setembro (2015)
Dias e Horários: 4ªs e 5ªs Feiras, às 21h
Valor do Ingresso: R$40,00 (inteira); R$20,00 (meia-entrada)
Duração: 70 minutos
Classificação Etária: 14 anos
Venda internet: www.compreingressos.com
(FOTOS: VINÍCIUS
BRUM.)
Muito legal a crítica!!!!!!
ResponderExcluirDeixa as pessoas curiosas para ve-la!!!
Fiquei curiosa, vou conferir!
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