segunda-feira, 17 de agosto de 2015


DOIS

CASAMENTOS

 

 

(DA TELA PARA O PALCO,

UM ESPETÁCULO “TCHÉKHOVRODRIGUIANO”.)

 

 

 

 

 

 


 

 

 

            Depois de uma temporada no Mezanino do Espaço SESC, em Copacabana, está em cartaz, até o dia 10 de setembro, às 4ªs e 5ªs feiras, no Teatro Cândido Mendes (Ver SERVIÇO.), a peça “DOIS CASAMENTOS”, uma experiência nova para o consagrado cineasta, neófito em TEATRO, LUIZ ROSEMBERG FILHO, autor do texto e diretor do espetáculo.

 

            A peça é uma adaptação, para o palco, do filme homônimo, de ROSEMBERG, numa produção de CAVI BORGES, com PATRÍCIA NIEDERMEIER e ANA ABBOTT, no elenco.

 

 

 


Ana Abbott e Patrícia Niedermeier.

 

 

            De acordo com o programa da peça, na visão do autor do texto e diretor, “‘DOIS CASAMENTOS’ propõe uma investigação sobre as fronteiras entre TEATRO e cinema.  É uma soma dos afetos, numa busca da felicidade, contra os tantos fascismos da representação envelhecida do matrimônio!  Não mais o casamento como religiosidade ou negócio, e sim uma união de pensamentos e corpos, pelo saber e pela PAIXÃO.  Que se viva o prazer e não o bode da má representação dos poderes da vida!”

 

              A sinopse da peça é muito simples, bastante vaga, entretanto dá margem a muitas elucubrações:



 

 
SINOPSE:
“Duas noivas, enquanto aguardam ir para o altar, conversam sobre a vida, o afeto e o casamento.”
 

 



            A produção é, por demais, simples e modesta, entretanto o resultado é bastante satisfatório.

 

            Para uma primeira experiência em direção teatral, ROSEMBERG se saiu bem, e seu trabalho está pleno de características do cinema, como os cortes entre as cenas, com “black-outs”, completos ou parciais, como se para separar os “takes” de um filme.  Na maior parte do tempo, os movimentos das duas atrizes tendem mais à lentidão, ficando o foco da ação mais no bom texto e na expressividade facial das duas, como nos “close-ups”.

 

 

 


Dona Carminha e Jandira.

 

           

            Do ponto de vista do texto e da atuação, excelente, por sinal, das duas atrizes, PATRÍCIA NIEDERMEIER (DONA CARMINHA) e ANA ABBOT (JANDIRA), o espetáculo apresenta uma certa identidade com os universos de Anton Tchékhov e Nélson Rodrigues. 

 

PATRÍCIA defende o lado tchékhoviano, enquanto, a ANA, cabe o toque rodriguiano.  DONA CARMINHA é mais “cabeça”, pé no chão, consciente da realidade, ao passo que JANDIRA é mais “coração”, ingênua, sonhadora; nas atitudes, pensamentos e vocabulário.  Até o nome parece de personagem de Nélson Rodrigues. 

 

A robustez de personalidade de DONA CARMINHA choca-se contra a fragilidade de JANDIRA.  Duas personagens interessantes, cujos destinos se cruzam, para que possamos, através dos seus diálogos, refletir sobre o casamento e tudo o que a ele está atrelado.

 

            LUIZ ROSEMBERG FILHO, entrado nos setenta anos de idade e que, há trinta, estava sem realizar um único filme, até filmar “DOIS CASAMENTOS”, faz parte de uma geração de cineastas, conhecida como "Cinema de Invenção” ou “Cinema Marginal", os quais realizaram filmes radicais e ousados, nos anos 60 e 70.  Muitos deles ficaram, ou ainda permanecem, desconhecidos do público, por nunca terem sido exibidos, em função de questões com a censura ou outras.  Seus trabalhos, pouco exibidos no Brasil, já participaram de importantes festivais internacionais, como o de Cannes e o de Berlim.

 

 

 


Não precisa de legenda.

 

 

 

            Um palco quase despido de elementos cenográficos; dois únicos figurinos, vestidos de noivas, de (MÁRCIA PITANGA); uma excelente iluminação, de VINÍCIUS BRUM e ALESSANDRO BOSCHINI, um vindo do cinema e outro, do TEATRO; uma boa direção musical, de RODRIGO MARÇAL e LUCIANO CORREIA; duas ótimas atrizes, muito profissionais.  O resto fica ao seu julgamento.

 

            Eu recomendo o espetáculo.  Simples, despretensioso, quase sem divulgação (apenas o “de boca em boca”), sem patrocínios, mas feito com muito amor e garra, o que valorizo bastante.

 

 

 


Bastidores: (Da esquerda para a direita) Cavi Borges, Patrícia Niedermeier,

Luiz Rosemberg Filho e Ana Abbott.

 

 

 

 
FICHA TÉCNICA:
 
Texto e Direção: Luiz Rosemberg Filho
 
Elenco: Patrícia Niedermeier e Ana Abbott
 
Produção: Cavi Borges
 
Iluminação: Vinícius Brum e Alessandro Boschini.
 
Figurinos e Direção de Arte: Márcia Pitanga
 
Trilha Sonora: Rodrigo Marçal e Luciano Correia
 
Programação Visual: Marcelo Brandão
 
Hair Design e Visagismo: Othon Spener
 
 

 

 

 

 
SERVIÇO:
 
Teatro Cândido Mendes: Rua Joana Angélica, 63 – Ipanema – Rio de Janeiro
 
TelefOne: 2523-3663
 
Capacidade: 110 lugares (um lugar para cadeirante)
 
Temporada: Até 10 de setembro (2015)
 
Dias e Horários: 4ªs e 5ªs Feiras, às 21h
 
Valor do Ingresso: R$40,00 (inteira); R$20,00 (meia-entrada)
 
Duração: 70 minutos
 
Classificação Etária: 14 anos

Venda internet: www.compreingressos.com

 

 

 

 

(FOTOS: VINÍCIUS BRUM.)

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