“SÓ VENDO COMO DÓI
SER MULHER
DO TOLSTÓI”
ou
(DA “ARTE” DE
SER UMA
“SOFIA”
E SOBREVIVER
COM
DIGNIDADE.)
ou
(UMA ÓTIMA
PERSONAGEM
PARA UMA
ATRIZ MELHOR AINDA.)
Inicio esta crítica chamando a sua atenção para a originalidade
do título desta peça, que, além de ser o extrato máximo da obra, ainda
é extremamente comercial, daqueles produtos que já vêm com uma ótima embalagem,
capaz de atrair muitos interessados neles. Desde quando recebi o convite para a
primeira temporada, que aconteceu no Teatro Rogério Cardoso,
dentro da Casa de Cultura Laura Alvim, fiquei encantado com tal
título, muito atraído por ele. Outros fatores, como a temática da
peça e a FICHA TÉCNICA me impeliam a assistir àquela montagem. Em
virtude de tantos compromissos a serem cumpridos, já que recebo, diariamente,
convites para espetáculos de TEATRO, infelizmente, só consegui realizar
meu desejo de conferir o espetáculo, salvo engano, no seu penúltimo dia de
temporada, 19 de setembro passado. Gostei imensamente do que vi –
MUITO MESMO - e, como ocorre, quando isso se dá, tive vontade de correr
para a minha casa, a fim de escrever a crítica – favorável, é claro –
que o espetáculo merecia, entretanto não o fiz, por dois motivos: estava muito
assoberbado e cansado, além de achar que não valeria a pena, como divulgação,
já que só conseguiria tornar pública a minha enorme admiração pela peça depois
de terminada a temporada. Como ouvi, das bocas de ROSE ABDALLAH, que idealizou
a montagem e interpreta a personagem, Sofia Tolstói,
e de JOHAYNE HILDEFONSO, o diretor, que estava prevista
uma nova temporada da peça – a atual – no Teatro Dulcina,
assumi, com os dois, o compromisso de rever o espetáculo e escrever sobre ele,
o que faço agora, com imenso prazer.
O casamento de Sofia Tolstói com o
célebre escritor russo Leon Tolstói, autor de “Guerra
e Paz” e “Anna Karenina”, foi um pesadelo patriarcal, machista e
abusivo, como comprovam os diários escritos por ela durante os 48
anos de relacionamento do casal.
Por dois séculos, ofuscada pela fama do marido,
só agora, na era dos movimentos de empoderamento das mulheres, a voz de Sofia
começa a ser ouvida.
O escritor Ivan Jaf construiu um
belíssimo monólogo, baseado nesses diários.
Uma atriz, enquanto se prepara para entrar em
cena, no papel de Sofia, revoltada com o homem Tolstói, mistura sua voz
feminista atual à da personagem e sua história.
Em uma linguagem do nosso tempo, Sofia,
enfim, fala.
Nos bastidores da vida de um grande homem, havia mesmo uma grande mulher, mas ela foi massacrada e oprimida.
“Por trás de um grande homem, há sempre uma grande
mulher”, diz um ditado popular. No caso de Tolstói e Sofia,
é preciso ficar claro como o adjetivo “grande” se aplica a um e a
outro. Tosltói, foi um grande escritor, porém foi
um reles homem, um desprezível ser, o “Pai da
Misogenia”, um ser cruel, vil, um “verme”,
que merece que lhe viremos o rosto. Quanto a ela, o adjetivo se encaixa como
uma luva, no sentido de ser uma pessoa elevada, que suportou, por 48 anos,
toda a sorte de terror psicológico, desprezo, humilhação e dor, tudo imposto
pelo marido. E aí nos perguntamos: Por que ela suportou todo aquele sofrimento,
calada, por tanto tempo? E a resposta é muito simples e clara, na forma de um
conselho: Faça uma pesquisa sobre o papel da mulher na sociedade da época em
que Sofia Tolstói viveu e encontrará, por si só, a
resposta. E quantas mulheres conhecemos, ainda hoje, que sofrem o mesmo que Sofia
sofreu nas mãos de Tolstói? E as mulheres vítimas de
feminicídio, num pais como o Brasil, que, em 2022, liderou as estatísticas sobre
esse hediondo crime – uma mulher morta a cada seis horas, num total de
1437 vítimas? Falta um mês para terminar o ano de 2023 e
os estudos e pesquisas já apontam um aumento de 2,6% em relação
ao quantitativo do ano passado.
Sofia viveu uma relação tóxica, por parte do célebre
escritor russo Leon Tolstói. Essa é a grande revelação deste monólogo, que
muita gente – aqui eu me incluo - não conhecia. A protagonista nasceu em 22 de agosto de 1844 e faleceu em 4 de
novembro de 1919, aos 75 anos de idade. Em 1862, aos 18 anos, conheceu o
marido, 16 anos mais velho que ela. Em setembro daquele ano, casaram-se.
Para se aquilatar o grau de desprezibilidade de Tolstói, como homem,
bastaria dizer que, na véspera da cerimônia de casamento, ele chegou ao extremo
de ter dado, “de presente”, a Sofia seus diários, com detalhes sórdidos
das relações sexuais que mantivera com mulheres serviçais. Era um depravado,
que vivia envolvido com prostitutas e que, por muita sorte, se livrou de
contrair sífilis, mas não escapou de episódios de gonorreia. Sofia
Tolstói sempre foi devotada ao marido e ao trabalho literário dele,
tendo sido, inclusive, copista de "Guerra e Paz" (1225 páginas, na edição original), reescrevendo o manuscrito
sete vezes, já que a letra do escritor era péssima. Ela foi cronista e
documentarista da vida com Leon Tolstói e teve uma série de
cadernos seus publicada, com tradução para o inglês, na década de 1980.
Também escreveu suas memórias, com o título de “My Life”. Após muitos anos de atritos e crescentes
crises no casamento, essa grande mulher se viu livre do jugo,
da tirania, do marido, com o falecimento deste, em 1910.
Eu poderia, numa forma
bastante “enxuta”, me referir a esta peça com uma única frase, que até
poderia surpreender os que me leem, aos quais sugiro assistir, urgentemente, ao espetáculo, já
na reta final desta segunda temporada (VER
SERVIÇO.):
“SÓ VENDO COMO DÓI SER MULHER DO TOLSTÓI” é uma OBRA-PRIMA, um dos melhores espetáculos teatrais a que assisti em 2023, e não se consegue encontrar uma única falha nesta montagem.
Justificativas para a minha avaliação do espetáculo? Não
faltam, a começar pelo excelente texto, escrito por IVAN JAF.
O dramaturgo demonstra ter mergulhado, profundamente, numa pesquisa
sobre a vida conjugal, de quase meio século, de Liev (Leon)
e Sofia Tolstói, conseguindo transpor, para o papel, tudo o que
merecia destaque nessa relação, para que ficasse bem marcado o clima de terror
que o marido impunha à esposa, os absurdos cometidos pelo homem Tolstói,
e, ao mesmo tempo, enaltecer, ainda que tardiamente, a figura da mulher
submissa e humilhada, presa aos dogmas da época de numa sociedade profundamente
machista. Pela boca de Sofia, JAF faz alusão a dois outros
grandes escritores russos, Fiódor Dostoiévski, o
qual, junto com Tolstói, foi considerado os dois maiores escritores russos de
todos os tempos, e Anton Techkov, um transformador da dramaturgia do século XX.
Tchekhov,
na peça, é lembrado por uma de suas célebres frases: “Tudo bem pregar o amor, mas o que
os pobres mais precisam são bons hospitais, escolas decentes e liberdade para
pensarem o quiserem”. Outro grande autor russo, Máximo Gorki, também mereceu
ser citado, na peça, quando JAF
lembra uma frase do autor da peça “Ralé”: “Nunca vi alguém mais hostil com
as mulheres; não há nada que Tolstói goste mais do que maltratar as mulheres.”.
Isso, dito por um outro homem daquela época, atesta o grau de seriedade do
assunto.
O dramaturgo ainda faz alusão, em seu
texto, ao “Domostroy”, que, em russo, significa “ordem
na casa”, um conjunto de regras religiosas e sociais, do século XVI
com 67
capítulos, referentes a assuntos familiares da sociedade russa. As
regras do "Domostroy" pregavam um reforço à obediência e
submissão a Deus, ao Czar e à Igreja. As obrigações
básicas eram o jejum, a oração, a veneração de ícones e a doação de esmolas. Para
os investigadores modernos, é uma preciosa fonte para se saber sobre a sociedade
russa e a vida dos ricos boiardos (senhores feudais) e comerciantes. Pode-se dizer que o “Domostroy”,
o qual deveria se chamar “DoMONSTROy”,
seria uma espécie de código moral para os ricos. É lembrado, ainda hoje,
quando se deseja fazer referência aos modos tradicionais de vida, associados
à tirania patriarcal, como nos exemplos seguintes: “Uma esposa que é boa, laboriosa e
silenciosa é uma coroa para seu marido.” e “Não te compadeças de uma jovem,
enquanto a golpeias; se a castigas com uma vara, não morrerá, mas se tornará
mais saudável". Um dos “ensinamentos” mais deploráveis do “Domostroy”:
“Se o marido não domar a
esposa, todo o lar desmorona!”. E Tolstói era um seguidor do “Domostroy”.
JAF utiliza uma linguagem de hoje, bem
simples e direta, sem meias palavras, incluindo palavrões nem um pouco
gratuitos, o que facilita muito a comunicação entre a atriz e o público. A
dramaturgia, num solo, deve conter um diferencial, com relação a peças que
reúnem mais de um ator no palco. Se não for construída com empatia e juntando “ganchos”,
alternando-se momentos de maior ou menor tensão; se não contiver pitadas de um
humor, nem que seja bem refinado, se possível; e se não for uma boa história,
do interesse da plateia, o sucesso não será garantido. IVAN JAF, a meu
juízo, acertou em cheio e foi cirúrgico no seu texto.
Outro ponto importantíssimo, na encenação de um monólogo, é
que a direção encontre soluções criativas, para fugir à monotonia, quer com
marcações que tornem o espetáculo dinâmico, quer por outros recursos à sua mão.
Quando os DEUSES DO TEATRO conspiram, positivamente, ninguém os
segura. Isso aconteceu em “SÓ VENDO COMO DÓI SER MULHER DO TOLSTÓI”, já
que, além da excelente qualidade do texto, trata-se de uma produção que conta
com o corretíssimo trabalho de direção, de JOHAYANE HILDEFONSO,
a magnífica interpretação de uma atriz grandiosa, ROSE
ABDALLAH, e, ainda por cima, traz, na FICHA TÉCNICA, nomes
consagrados do universo dos artistas de criação, “cada um
no seu quadrado” e todos, coletivamente, trabalhando, para que a
montagem chegasse ao um fabuloso resultado. Afinal de contas, TEATRO não
é a ARTE do COLETIVO?
É muitíssimo bom o trabalho de direção de JOHAYANE
HILDEFONSO, que soube captar roda a essência do texto e trabalhar, junto à
atriz, para que não pairasse nenhuma dúvida quanto às intenções do dramaturgo.
Tudo fica muito claro, pelas mãos do diretor. É boa a ideia de fazer a atriz
entrar pela plateia, sem ninguém esperar, vociferando contra Tostói;
ainda a atriz, não a personagem. É ótimo o conjunto de marcações. Da mesma
forma, funciona muito bem o momento em que a atriz executa uma série de movimentos,
à primeira vista, desconexos, sem nada ter a ver com a peça, mas que serão
repetidos, quase ao final da peça, em outro contexto, aí, então, entendidos. Muito oportuna e criativa é também a imagem da atriz, enquanto dá o texto, passando uma caneta de tinta prateada, na cabeça, como um tique nervoso, para compor a personagem envelhecida. A
sensibilidade e o respeito pelas mulheres, por parte de JOHAYNE, é
diametralmente oposto à posição de Tostói.
Conheço o trabalho de ROSE ABDALAH “de outros
carnavais”, desde 1995, principalmente por suas atuações na “Cia. Os Fodidos Privilegiados”,
fundada em 1991 pelo mestre Antônio Abujamra. Sempre a
considerei uma boa atriz, ocupando um determinado patamar – uma boa colocação –
na minha lista de boas intérpretes, entretanto confesso que, com sua Sofia,
ROSE subiu muitos degraus na minha “escada
da fama”. Na posição de jurado de algum prêmio de TEATRO, eu não hesitaria em voltar meus olhos para ela, pensando na
possibilidade de vê-la como Melhor Atriz do Ano, pelo que vi até
agora, numa disputa acirrada com outras grandes no ofício, tais como Rosana
Stavis, por “A Aforista”, ainda em cartaz, no CCBB – RJ; Beth
Zalcman, por “Helena Blavatsky – A Voz do Silêncio”,
também ainda em cartaz, no Teatro dos 4; e Sirlea Aleixo, por “Furacão”.
ROSE compôs a personagem com total
força e empatia, parecendo querer fazer de SOFIA
a porta-voz de seus próprios anseios e revolta, chamando a si a vez e a voz
para representar todas as mulheres de hoje que passam por situações análogas à
da “mulher
de Tolstói”. Tanto quando fala por si, a mulher, a atriz, quanto quando
empresta seu corpo e sua voz à personagem, ROSE
o faz com total verdade, com muita emoção e toca o público, o qual sabe
reconhecer seu talento e a aplaude à farta, como ela bem o merece.
“SÓ
VENDO COMO DÓI SER MULHER DO TOLSTÓI” é
um belíssimo e importantíssimo espetáculo teatral, erguido à força de muito
trabalho, garra e dedicação, da parte de um grupo de pessoas, sem nenhum tipo
de patrocínio e apoio. A falta de recursos financeiros foi compensada, e muito
bem, pelo imenso talento e o amor ao TEATRO, de todos os envolvidos no
projeto, dos quais ressalto os nomes dos responsáveis pela cenografia,
figurinos, iluminação, visagismo e música
original.
Tanto a cenografia quanto o figurino
são frutos de um trabalho coletivo, de um único quarteto de artistas: GIOVANNI
TARGA, ALESSANDRA MIRANDA, MIGUEL SASSE e
RICARDO FERREIRA. Num palco nu, apenas uma penteadeira clássica, com um
toque de contemporaneidade, uma vez que é totalmente revestida por recortes
coloridos de capas de revistas, coladas ao móvel. A ele, foi acoplado um banco,
com o mesmo revestimento. O figurino,
recém- premiado num importante festival de Teatro brasileiro – a “FITA
– Festa Internacional de TEATRO de Angra dos Reis”, no Rio de Janeiro -, é uma verdadeira
obra de arte e fica no chão, para ser vestido pela atriz, à vista da plateia: um traje de época, muito bem desenhado e confeccionado em camadas
e com muitos detalhes de acabamento, que a atriz veste, aos poucos, enquanto
vai compondo a personagem. Um detalhe: ao entrar pela plateia, ROSE
veste um traje hodierno, do qual ela se despe, já no palco para vestir o figurino da personagem. Quase ao
final da peça, com a personagem já envelhecida, Sofia se vê livre de algumas
camadas daquela “cebola” e
veste um traje de inverno, igualmente deslumbrante, com direito a gola de peles
e um “ushanka”, típico chapéu
de inverno, usado pelos russos abastados.
EVELYN SILVA – salvo engano, não conhecia nenhum trabalho anterior desta “designer” de luz – nos brinda com
uma luz simples, porém muito bonita, de bom gosto, cujas mudanças entram com bastante precisão em cada cena.
Sempre
que escrevo sobre uma peça de TEATRO, procuro evidenciar, caso seja
pertinente, o trabalho de visagismo,
valorizando-o ao máximo, por sua grande importância numa montagem e como uma
sincera e justa homenagem e reconhecimento a profissionais que “passam batidos” para a maioria das
pessoas, nas quais incluo os críticos teatrais. Aqui, ANCELMO SALOMÃO SAFFI desenhou
e propôs um perfeito trabalho de caracterização externa da personagem, que a
própria atriz vai executando, à frente de um “espelho de camarim”, outro
grande acerto da direção.
Companheiro
dos palcos de ROSE e JOHAYNE, desde os tempos da “Cia. Os Fodidos Privilegiados”, ANDRÉ
ABUJAMRA assina mais uma de suas excepcionais trilhas sonoras. Se último trabalho a que tive acesso, na peça “A Cerimônia do Adeus”, à qual
assisti este ano, me fez sair do Teatro
totalmente impactado. No espetáculo ora comentado, sua música original é deslumbrante.
Idealização:
Rose Abdallah
Autor: Ivan Jaf
Direção: Johayne Hildefonso
Atuação: Rose Abdallah
Cenografia: Giovanni Targa, Alessandra Miranda, Miguel
Sasse e Ricardo Ferreira
Figurinos: Giovanni Targa, Alessandra
Miranda, Miguel Sasse e Ricardo Ferreira
Desenho de
Luz: Evelyn Silva
Visagismo
e Adereços: Ancelmo Salomão Saffi
Direção de
Arte: Giovanni Targa
Música Original: André Abujamra
Costureira: Edeneire Santos
Marcenaria: Alexandre Ramos
Fotografia: Vitor Kruter
“Designer” Gráfico: Maurício Tavares / Inova Brand
Artes
Gráficas e Redes Sociais: Silvana
Costa
Assessoria
de Imprensa: Sheila Gomes
Direção de
Produção: Rose Abdallah e Sandro
Rabello
Produção Executiva: Márcio Netto / Ganga Projetos Culturais
Realização: Rose Abdallah / Abdallah Produções e Sandro Rabello / Diga Sim Produções
Temporada:
De 15 de novembro a 07 de dezembro de 2023.
Local:
Teatro Dulcina.
Endereço:
Rua Alcindo Guanabara, nº 17 – Cinelândia – Centro – Rio de Janeiro.
Telefone:
(21)2240-4879.
Dias e
Horários: 4ªs e 5ªs feiras, às 19h.
Valor dos
Ingressos: R$50,00 (inteira) e R$25,00 (meia-entrada).
Vendas na
bilheteria do Teatro e na plataforma SYMPLA.
Indicação
Etária: 14 anos.
Duração:
60 minutos.
Gênero: Monólogo.
Não bastasse Sofia ter sido casada, por 48 anos, com aquele "ogro" e ter
sido massacrada em suas garras, ainda foi acusada de responsável pela morte do
marido, o qual fugiu de casa, sem nenhuma justificativa plausível ou
explicação, morrendo, parece que de frio, dez dias depois de sua fuga, na
estação ferroviária de uma pequena vila, a 300 quilômetros de distância de casa.
Nossa grande mulher foi considerada, pelos admiradores do escritor,
uma “megera”,
da qual “Tolstói havia fugido”.
Em russo, “Sofia” tem, como diminutivo, “Sônia”, nome pelo qual Tolstói
tratava a esposa. Não com a conotação afetiva, que o diminutivo pode assumir,
mas no sentido de “coisa pequena, menor”. “Sofia” é um nome feminino, de
origem grega (Sophia), que significa “sabedoria”. Por extensão, “a
sábia”. Teria sido isso o que pautou o comportamento da nossa
personagem, diante do péssimo tratamento que lhe era conferido pelo marido?
Valeria a pena “bater de frente” com ele, totalmente desamparada naquela
sociedade extremamente machista?
Felizmente, essa injustiça vem sendo trabalhada e corrigida nos últimos
anos, graças à conscientização da mulher, na luta por seus direitos de
igualdade a qualquer outro ser humano, com o apoio de instituições,
governamentais e particulares, e, em boa parte, da imprensa. A leitura atual dos
diários de Sofia e de Tolstói, à luz do desejo de se
chegar à verdade, está revelando o verdadeiro vilão dessa história. Está mais
do que claro que, a despeito de sua genialidade, como escritor, Tolstói
foi um “bárbaro”, um sádico, no trato com a fiel esposa.
Não percam a oportunidade de assistir a este, que é um dos
melhores espetáculos a que assisti em 2023. Recomendo-o,
com todo o meu entusiasmo. Apenas mais três oportunidades para
assistir à peça.
FOTOS: ALBERTO
MAURÍCIO
e ANCELMO
SALOMÃO.
GALERIA PARTICULAR:
Com Rose Abdallah, Wagner Corrêa de Araújo,
Cris Mayrink, Johayne Hildefnso e Nello Marrese.
Com Rose Abdallah.
Idem.
Idem.
VAMOS AO TEATRO!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE
ESPETÁCULO DO BRASIL!
A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE; E SALVA!
RESISTAMOS SEMPRE MAIS!
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