quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

              

“EU DE VOCÊ”

ou

(“EU CONFIO

NO TEATRO”.)



        “Eu confio no Teatro”. Frase dita, mais de uma vez, em cena, por DENISE FRAGA, durante o seu primeiro monólogo, “EU DE VOCÊ”, a que tive o imensurável prazer de assistir, ontem, no CCBB – Rio de Janeiro – Teatro I, espetáculo que, infelizmente, veio ao Rio para uma curtíssima temporada, mas que merecia ficar meses em cartaz. Eu, como você, DENISE, também CONFIO no TEATRO, porque ele salva, o que nos provou, se alguém ainda tinha dúvidas disso, e continua provando, durante essa maldita pandemia de COVID-19.



        Além da grande admiração, como fã de sua ARTE, ainda tenho, por DENISE, que está completando 35 anos de carreira, um profundo respeito e a quem, sempre que a oportunidade me surge, agradeço, pelo fato de, por ser carioca, nascida na zona norte, no bairro de Lins de Vasconcelos, porém radicada em São Paulo, faz muitos anos, nunca ter esquecido suas raízes e jamais, salvo engano, deixou de trazer, para o deleite de seus conterrâneos, seus espetáculos, normalmente, estreados na “terra da garoa” (Essa expressão, além de ultrapassada, parece não mais caracterizar aquela cidade, que eu adoro, por culpa das bobagens que o ser, dito, "humano", vem fazendo contra a Natureza.).



        Dos muitos espetáculos que estrela e, produz, sempre ao lado do marido, o diretor LUIZ VILLAÇA, marcaram-me dois, que eu vi em São Paulo e, obviamente, revi-os, quando aportaram em terra carioca. Foram “Galileu Galilei” (2015, em São Paulo; 2016, no Rio de Janeiro) e “A Visita da Velha Senhora” (2017, em São Paulo; 2018, no Rio de Janeiro. Os demais acho que só vi no Rio mesmo, se não me equivoco, todos mais de uma vez. E foram tantos sucessos, de público e de crítica: “Trair E Coçar É Só Começar”, “As Desgraças De Uma Criança”, “Esperando Godot”, “Ricardo III”, “A Alma Boa De Setsuan”, “Sem Pensar”, “Chorinho”, para citar apenas alguns.



        “Galileu Galilei” era uma super produção, contando com uma parafernália incalculável de elementos cenográficos. Lembro-me – não sei se ela vai se lembrar – de que, na porta do TUCA, em São Paulo, aguardando o meu querido e talentosíssimo amigo, Rodrigo Padolfo, que fazia parte do numeroso elenco, para jantar, estava conversando com ele, sobre a peça, quando DENISE, a última do elenco, a deixar o Teatro, se aproximou de nós. O “Panda”, como, carinhosamente, os amigos o chamam, nos apresentou. Conversamos um pouco e eu lhe disse: “DENISE, vai ser difícil levar esse espetáculo para o RIO, não é?”. Ainda bem que o vi aqui.”. E a resposta veio logo: “Não!!! Sei que vai ser muito difícil, mas vou fazer o possível e o impossível, para levá-lo ao meu querido Rio de Janeiro, minha terra natal. Pode demorar um pouco, mas vou conseguir.” Não foram, exatamente, essas as suas palavras, mas o conteúdo foi, justamente, esse. E ela cumpriu o que me prometera, um ano depois, e a montagem, belíssima, diga-se de passagem, se deu no Teatro João Caetano, com algumas ínfimas adaptações, em função das dimensões do palco do Teatro, considerando-se que o cenário era gigantesco e cheio de detalhes. Mas o espetáculo aconteceu, numa temporada fantástica, que lotou, todos os dias o imenso Teatro, como, aliás, acontece em todas as suas peças, quando vêm para o Rio de Janeiro.



        DENISE tem um público fiel e cativo, que, via de regra, como eu, jamais assiste às suas peças apenas uma vez. Já estou, inclusive, me programando para rever “EU DE MIM”. Motivos, para isso, não faltam, a começar pelo talento e pelo carisma de DENISE e termina na escolha dos textos que encena, muito bem selecionados e que agradam, em cheio, às suas plateias. Sempre foi assim e não seria diferente desta vez. Saí do Teatro, ontem, após 90 minutos de uma aula de TEATRO, com a sensação de que fiquei sentado numa poltrona da plateia por apenas cinco minutos, tão grandioso é o espetáculo, a ponto de provocar tal sensação, com relação ao tempo psicológico, o qual, de forma alguma bate com o cronológico. Tudo parece se dar num átimo de tempo e voltamos, para as nossas casas, com aquela vontade de “eu queria mais” ou “eu ficaria aqui, até amanhã, ouvindo e vendo essa mulher”.



        Que atriz é DENISE FRAGA!!! Que domínio de palco e de público tem ela, que já não é uma “menina”, mas que se comporta como se o fosase, uma jovenzinha, correndo naquele palco e saltitando, como uma criança, diante daquele tão desejado presente do Papai Noel. DENISE é o nosso Papai Noel, de janeiro a dezembro; não importa quando. Ela o é sempre, pois, do saco do Papai Noel, que, nela, está na sua cabeça, na sua criatividade, no seu talento, na sua capacidade de sempre atirar no centro do alvo, sempre sai aquele presente surpresa que nos encanta a todos. Surpresas não faltam na peça ora analisada.



        Esta crítica, fugindo, um pouco, aos padrões do meu estilo, será, "relativamente", curta, todavia direi apenas o suficiente para convencer aqueles que ainda não tiveram o prazer e o privilégio de ver DENISE num palco e só a conhecem por outras mídias, como a TV e o cinema, de que não percam um dia, para assistir, a preço mais barato que os praticados no cinema, a um dos melhores espetáculos a que assisti nos últimos anos.



 

 

SINOPSE:

 

Idealizado e criado pela atriz DENISE FRAGA, o produtor JOSÉ MARIA e o diretor LUIZ VILLAÇA, “EU DE VOCÊ” mostra histórias reais, costuradas com pérolas da literatura, música, imagens e poesia.

No espetáculo, o humor cotidiano leva o público a rir das situações corriqueiras. Rimos de nós mesmos.

A gargalhada costuma ser uma arma poderosa que consegue ampliar a consciência, a sabedoria e trazer uma reflexão.

Embora seja um solo, a atriz está acompanhada de personagens, inspirados em histórias reais: Fátima, Bruno, Clarice, Wagner, além de diversos artistas de grande reconhecimento, tecendo um bordado de vida e arte.

Não há melhor espelho do que o outro.

Sabemos quem somos a partir do que reverberamos.

É́ urgente ver o outro, olhar pelo olhar do outro, ser “EU DE VOCÊ”.

O que seria de nós, se pudéssemos ser “EU DE VOCÊ” e “você de mim”, deixando-nos, ambos, atravessar por nossas experiências?

Essa é a temática do espetáculoEU DE VOCÊ”.

 

       


  Saí do Teatro tão impressionado com o que vi e com uma ideia da qual tenho plena certeza: DENISE FRAGA é uma “bruxa” – o melhor seria dizer UMA FADA -, que nos encanta e nos hipnotiza, desde o primeiro minuto em que aparece em cena até o fechar da cortina. Ela parece uma estrutura de mulher feita de ímã, “do último fio de cabelo à unha do dedão”. E, ainda mais: ELA SE BASTA!!! E a prova está neste “EU DE VOCÊ”, em que a magnífica atriz se apresenta num solo, num palco que tem, como cenário, apenas uma cadeira comum, que ela utiliza poucas vezes, e, ao fundo e nas laterais, paredes brancas, que servem a várias projeções. O piso também é branco. Não há, na ficha técnica, a rubrica “cenografia”, no entanto vemos o nome de SIMONE MINA, como Direção de Arte, “uma multiartista, professora, figurinista, artista plástica, cenógrafa, premiada por importantes parcerias na cena teatral”, o que significa serem dela a concepção cenográfica e o figurino.



  Não vou citar, nominalmente, todos os que fazem parte da ficha técnica. E faço-o não porque lhes falte importância, na montagem; muito pelo contrário. Para que DENISE brilhe, no palco, um batalhão de artistas e técnicos está, fora dos focos de luz, contribuindo, cada um dentro da sua função, para que o espetáculo termine sob aplausos delirantes da plateia.



        É claro que observei o figurino que DENISE usa, o mesmo, durante toda a peça, mas, cofesso, nem saberia descrevê-lo, em detalhes. Por quê? Por que não é importante? Absolutamente!!! É que o espectador – eu, pelo menos – nota-o, mas é DENISE quem está dentro dele, quem o veste. Isso não significa que o trabalho da figurinista não seja importante, mas é DENISE quem atrai a luz de todos os holofotes.



  Merece um destaque a iluminação, assinada por WAGNER ANTÔNIO, que utiliza, na maior parte do espetáculo, uma luz branca, ora intensa, ora mais branda, que envolve todo o espaço cênico, porém, em determinadas cenas, para pôr em relevo o que o diretor deseja, a iluminação se transforma, com a utilização de cores e intensidades diversas, que só fazem agregar valores positivos às cenas, inclusive com belos efeitos de sombras.



   Sobre a direção, de LUIZ VILLAÇA, não vejo necessidade de dizer mais nada além de que é ótima, excelente, acertadíssima. A simbiose entre ele e DENISE começa em casa e acaba no palco.



   DENISE revela-nos uma outra face da atriz, através do canto, em algumas cenas, quando é acompanhada por três mulheres musicistas: ANA RODRIGUES, CLARA BASTOS e PRISCILA BRIGANTE, sob a corretíssima direção musical de FERNANDA MAIA.



  Merece, também, um destaque o trabalho de direção de movimento, que leva a assinatura de KENIA DIAS, a qual muito colaborou para os efeitos cênicos. DENISE, como atriz, a “comandada”, colabora, e KENIA, a diretora de movimentos, a “comandante”, explora a elasticidade da atriz, e seu corpo se molda a todas as propostas da diretora de movimento. A idade não é limite, para que o trabalho corporal de DENISE FRAGA resulte num esbanjar de vitalidade, em cena, fruto de muita disciplina e consciência profissional.


 


 

FICHA TÉCNICA:


Idealização e Criação: Denise Fraga, José Maria e Luiz Villaça


Com DENISE FRAGA


Direção Luiz Villaça

Produção José Maria

 

Obra inspirada, livremente, nas narrativas de Akio Alex Missaka, Anas Obaid, Bárbara Heckler, Bruno Fávaro Martins, Clarice F. Vasconcelos, Cristiane Aparecida dos Santos Ferreira, Deise de Assis, Denise Miranda, Eliana Cristina dos Santos, Enzo Rodrigues, Érico Medeiros Jacobina Aires, Fátima Jinnyat, Felipe Aquino, Fernanda Pittelkow, Francisco Thiago Cavalcanti, Gláucia Faria, José Luiz Tavares, Júlio Hernandes, Karina Cárdenas, Liliana Patrícia Pataquiva Barriga, Luis Gustavo Rocha, Maira Paola de Salvo, Márcia Ângela Faga, Márcia Yukie Ikemoto, Marlene Simões de Paula, Nanci Bonani, Nathália da Silva de Oliveira, Raquel Nogueira Paulino, Ruth Maria Ferreiro Botelho, Sônia Manski, Sylvie Mutiene Ngkang, Thereza Brown, Vinícius Gabriel Araújo Portela e Wagner Júnior.

 

Texto Final: Rafael Gomes, Denise Fraga e Luiz Villaça

Dramaturgia: Cássia Conti, André Dib, Denise Fraga, Fernanda Maia, Luiz Villaça e Rafael Gomes.

Colaboração Dramatúrgica: Geraldo Carneiro, Kenia Dias, José Maria

Colaboração Artística (Residência, no RJ): Artur Luanda e André Curti

 

Direção Musical: Fernanda Maia

Musicistas: Ana Rodrigues, Clara Bastos e Priscila Brigante

 

Direção de imagens em vídeo: André Dib

Direção de Movimento: Kenia Dias

Direção de Arte: Simone Mina 

Iluminação: Wagner Antônio

Programação de “Video Mapping”: Bruna Lessa

 

“Design” e Operação de Som: Carlos Henrique

Assistente e Operação de Luz e “Video Mapping”: Ricardo Barbosa

Assistente de Produção: Leonardo Shammah

Técnico de Palco: Alexander Peixoto

Contrarregra e Camareira: Cristiane Ferreira

Costureira: Judite de Lima

 

Produção das Imagens em Vídeo: Café Royal

Produtora Executiva: Adriana Tavares

Fotógrafo: Thiago “Beck” de Vicentis

Primeiro Assistente de Câmera: Diego José Marinho

Som Direto: Fernando Akira

Eletricista: Alberto Ferreira

“Logger”: Hugo Dourado

 

Administração Financeira: Evandro Fernandes

 

Fotos para Arte: Willy Biondani

Fotos de Cena: Cacá Bernardes

Programação Visual: Guime Davidson, Phillipe Marks

 

Assessoria de Imprensa no RJ: Barata Comunicação

Redes sociais: @DeniseFragaOficial

 

Roteiro de Audiodescrição: Letícia Schwartz

Consultoria: Luís D. Medeiros

 

Coprodução: Café Royal

Produção: NIA Teatro

 

Patrocínio: BB Seguros

Apoio Institucional: Centro Cultural Banco do Brasil

Realização: Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal.

 

Este espetáculo foi realizado por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

 

 

 



 

SERVIÇO:


Temporada: De 02 a 20 de fevereiro de 2022.

Local: Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB – RIO – Teatro I.

Endereço: Rua Primeiro de Março, 66 – Centro – Rio de Janeiro – RJ.

Dias e Horários: De quarta-feira a sábado, às 19h; aos domingos, às 18h.

SESSÃO EXTRA: 14 DE FEVEREIRO, ÀS 19H.

Valor dos Ingressos: R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia entrada)

Informações: (21) 3808-2020

Capacidade: 172 lugares

Duração: 90 minutos

Classificação Indicativa: 12 anos

Gênero: Comédia Dramática (Monólogo)

 


 

 


        Assistir a uma peça que tenha DENISE FRAGA no elenco, geralmente encabeçando-o – no caso, aqui, por se tratar de um solo, é ela, e só ela mesmo. E NÃO PRECISA DE MAIS NINGUÉM. – é garantia absoluta de que o espectador sairá, do Teatro, muito mais enriquecido, como ser humano e cidadão, do que quando entrou nele. Neste espetáculo, especialmente, que foi escrito baseado em relatos reais, os quais lhe foram encaminhados, ela nos apresenta um mosaico de personagens e ações, emendando uns aos outros, o que é capaz de agradar a todos da plateia, uma vez que não haverá, certamente, quem não se veja representado, em algum momento, naquele palco. E por falar nisso, faltava dizer que, durante o espetáculo, há momentos em que, obedecendo aos protocolos de proteção contra a COVID-19, DENISE desce à plateia e escolhe pessoas para interagir com ela. Ela cativa a todos. No final – não vejam isso como um “spoiler” -, alguém sobe ao palco, também sob os citados protocolos, e é dessa maneira que ela encerra seu encantador trabalho, de mãos dadas com quem subiu. Está ali, naquela dupla, formada por uma atriz e um espectador, talvez, a explicação melhor para o título do solo: “EU DE VOCÊ”.



          Já vou agendar meu retorno ao Teatro I, do CCBB – Rio, para me deliciar, mais uma vez, com DENISE FRAGA, que não deseja nos fazer rir nem chorar. O que ela consegue, tão difícil, para muitos atores e atrizes, e tão fácil, para ela, é nos EMOCIONAR



       Frase que ouvi, de uma senhorinha, à saída do Teatro: "Gostei muito. O 'Retrato Falado' saiu da TV e veio para o Teatro.". Não é bem assim, mas é quase como se o fosse. Foi dessa forma que aquela senhoria se emocionou com o que viu.



        “O resto é silêncio” (William Shakespeare, pela boca do personagem Hamlet, à beira de sua morte, na tragédia que leva o título do protagonista.)



Assumo o plágio.

 

 

 



FOTOS: WILLY BIONDANI (ARTE)

E

CACÁ BERNARDES (CENA)



GALERIA PARTICULAR

(FOTO: ALCIONE MAZZEO.)



(Com Denise Fraga.)


 

 

E VAMOS AO TEATRO,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO

DO BRASIL,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE!!!

 

RESISTAMOS, SEMPRE MAIS!!!