“EU DE VOCÊ”
ou
(“EU CONFIO
NO TEATRO”.)
“Eu confio no Teatro”. Frase dita, mais de uma
vez, em cena, por DENISE FRAGA, durante o seu primeiro monólogo, “EU
DE VOCÊ”, a que tive o imensurável prazer de assistir, ontem, no CCBB –
Rio de Janeiro – Teatro I, espetáculo que, infelizmente, veio ao Rio
para uma curtíssima temporada, mas que merecia ficar meses em cartaz. Eu,
como você, DENISE, também CONFIO no TEATRO, porque ele salva, o
que nos provou, se alguém ainda tinha dúvidas disso, e continua provando,
durante essa maldita pandemia de COVID-19.
Além da grande admiração, como fã de sua ARTE, ainda
tenho, por DENISE, que está completando 35 anos de carreira, um profundo
respeito e a quem, sempre que a oportunidade me surge, agradeço, pelo fato de,
por ser carioca, nascida na zona norte, no bairro de Lins de Vasconcelos,
porém radicada em São Paulo, faz muitos anos, nunca ter esquecido suas
raízes e jamais, salvo engano, deixou de trazer, para o deleite de seus
conterrâneos, seus espetáculos, normalmente, estreados na “terra
da garoa” (Essa expressão, além de ultrapassada, parece não mais
caracterizar aquela cidade, que eu adoro, por culpa das bobagens que o ser,
dito, "humano", vem fazendo contra a Natureza.).
Dos muitos espetáculos que estrela e, produz,
sempre ao lado do marido, o diretor LUIZ VILLAÇA, marcaram-me dois, que
eu vi em São Paulo e, obviamente, revi-os, quando aportaram em terra
carioca. Foram “Galileu Galilei” (2015, em São Paulo; 2016, no Rio de
Janeiro) e “A Visita da Velha Senhora” (2017, em São Paulo; 2018,
no Rio de Janeiro. Os demais acho que só vi no Rio mesmo, se não
me equivoco, todos mais de uma vez. E foram tantos sucessos, de público e de
crítica: “Trair E Coçar É Só Começar”, “As Desgraças De Uma
Criança”, “Esperando Godot”, “Ricardo III”,
“A Alma Boa De Setsuan”, “Sem Pensar”, “Chorinho”,
para citar apenas alguns.
“Galileu Galilei” era uma super produção,
contando com uma parafernália incalculável de elementos cenográficos.
Lembro-me – não sei se ela vai se lembrar – de que, na porta do TUCA,
em São Paulo, aguardando o meu querido e talentosíssimo amigo, Rodrigo
Padolfo, que fazia parte do numeroso elenco, para jantar, estava
conversando com ele, sobre a peça, quando DENISE, a última do elenco,
a deixar o Teatro, se aproximou de nós. O “Panda”, como,
carinhosamente, os amigos o chamam, nos apresentou. Conversamos um pouco e eu lhe
disse: “DENISE, vai ser difícil levar esse espetáculo para o RIO, não é?”.
Ainda bem que o vi aqui.”. E a resposta veio logo: “Não!!! Sei que
vai ser muito difícil, mas vou fazer o possível e o impossível, para levá-lo ao
meu querido Rio de Janeiro, minha terra natal. Pode demorar um pouco, mas vou
conseguir.” Não foram, exatamente, essas as suas palavras, mas o
conteúdo foi, justamente, esse. E ela cumpriu o que me prometera, um ano depois,
e a montagem, belíssima, diga-se de passagem, se deu no Teatro João
Caetano, com algumas ínfimas adaptações, em função das dimensões do palco
do Teatro, considerando-se que o cenário era gigantesco e cheio
de detalhes. Mas o espetáculo aconteceu, numa temporada fantástica, que
lotou, todos os dias o imenso Teatro, como, aliás, acontece em todas as
suas peças, quando vêm para o Rio de Janeiro.
DENISE tem um público fiel e cativo, que, via de
regra, como eu, jamais assiste às suas peças apenas uma vez. Já
estou, inclusive, me programando para rever “EU DE MIM”. Motivos, para
isso, não faltam, a começar pelo talento e pelo carisma de DENISE e
termina na escolha dos textos que encena, muito bem selecionados e que agradam,
em cheio, às suas plateias. Sempre foi assim e não seria diferente desta vez.
Saí do Teatro, ontem, após 90 minutos de uma aula de TEATRO,
com a sensação de que fiquei sentado numa poltrona da plateia por apenas cinco
minutos, tão grandioso é o espetáculo, a ponto de provocar tal sensação,
com relação ao tempo psicológico, o qual, de forma alguma bate com o cronológico.
Tudo parece se dar num átimo de tempo e voltamos, para as nossas casas, com
aquela vontade de “eu queria mais” ou “eu ficaria aqui, até
amanhã, ouvindo e vendo essa mulher”.
Que atriz é DENISE FRAGA!!! Que domínio de palco e de
público tem ela, que já não é uma “menina”, mas que
se comporta como se o fosase, uma jovenzinha, correndo naquele palco e
saltitando, como uma criança, diante daquele tão desejado presente do Papai
Noel. DENISE é o nosso Papai Noel, de janeiro a dezembro; não
importa quando. Ela o é sempre, pois, do saco do Papai Noel, que, nela,
está na sua cabeça, na sua criatividade, no seu talento, na sua capacidade de
sempre atirar no centro do alvo, sempre sai aquele presente surpresa que nos
encanta a todos. Surpresas não faltam na peça ora analisada.
Esta crítica, fugindo, um pouco, aos padrões do meu estilo,
será, "relativamente", curta, todavia direi apenas o suficiente para convencer
aqueles que ainda não tiveram o prazer e o privilégio de ver DENISE num palco
e só a conhecem por outras mídias, como a TV e o cinema, de que não percam um
dia, para assistir, a preço mais barato que os praticados no cinema, a um
dos melhores espetáculos a que assisti nos últimos anos.
SINOPSE:
Idealizado e criado pela atriz
DENISE FRAGA, o produtor JOSÉ MARIA e o diretor LUIZ
VILLAÇA, “EU DE VOCÊ” mostra histórias reais, costuradas com
pérolas da literatura, música, imagens e poesia.
No espetáculo, o humor
cotidiano leva o público a rir das situações corriqueiras. Rimos de nós mesmos.
A gargalhada costuma ser uma arma
poderosa que consegue ampliar a consciência, a sabedoria e trazer uma reflexão.
Embora seja um solo, a atriz
está acompanhada de personagens, inspirados em histórias reais: Fátima,
Bruno, Clarice, Wagner, além de
diversos artistas de grande reconhecimento, tecendo um bordado de vida e arte.
Não há melhor espelho do que o
outro.
Sabemos quem somos a partir do que
reverberamos.
É́ urgente ver o outro, olhar pelo
olhar do outro, ser “EU DE VOCÊ”.
O que seria de nós, se pudéssemos
ser “EU DE VOCÊ” e “você de mim”, deixando-nos, ambos,
atravessar por nossas experiências?
Essa é a temática do espetáculo
“EU DE VOCÊ”.
Saí do Teatro tão impressionado com o que vi e
com uma ideia da qual tenho plena certeza: DENISE FRAGA é uma “bruxa”
– o melhor seria dizer UMA FADA -, que nos encanta e nos hipnotiza,
desde o primeiro minuto em que aparece em cena até o fechar da cortina. Ela parece
uma estrutura de mulher feita de ímã, “do último fio de cabelo à unha do
dedão”. E, ainda mais: ELA SE BASTA!!! E a prova está neste “EU
DE VOCÊ”, em que a magnífica atriz se apresenta num solo, num
palco que tem, como cenário, apenas uma cadeira comum, que ela utiliza
poucas vezes, e, ao fundo e nas laterais, paredes brancas, que servem a
várias projeções. O piso também é branco. Não há, na ficha técnica, a
rubrica “cenografia”, no entanto vemos o nome de SIMONE MINA, como Direção de Arte,
“uma multiartista, professora, figurinista, artista plástica, cenógrafa,
premiada por importantes parcerias na cena teatral”, o que significa
serem dela a concepção cenográfica e o figurino.
Não vou
citar, nominalmente, todos os que fazem parte da ficha técnica. E faço-o não porque lhes falte importância, na montagem; muito pelo
contrário. Para que DENISE brilhe, no palco, um batalhão de artistas
e técnicos está, fora dos focos de luz, contribuindo, cada um dentro da sua
função, para que o espetáculo termine sob aplausos delirantes da plateia.
É claro que observei o figurino que DENISE usa,
o mesmo, durante toda a peça, mas, cofesso, nem saberia descrevê-lo, em
detalhes. Por quê? Por que não é importante? Absolutamente!!! É que o espectador
– eu, pelo menos – nota-o, mas é DENISE quem está dentro dele, quem o veste.
Isso não significa que o trabalho da figurinista não seja importante,
mas é DENISE quem atrai a luz de todos os holofotes.
Merece um destaque a iluminação,
assinada por WAGNER ANTÔNIO, que utiliza, na maior parte do espetáculo,
uma luz branca, ora intensa, ora mais branda, que envolve todo o espaço
cênico, porém, em determinadas cenas, para pôr em relevo o que o diretor
deseja, a iluminação se transforma, com a utilização de cores e
intensidades diversas, que só fazem agregar valores positivos às cenas, inclusive com belos efeitos de sombras.
Sobre a direção,
de LUIZ VILLAÇA, não vejo necessidade de dizer mais nada além de que é ótima, excelente, acertadíssima.
A simbiose entre ele e DENISE começa em casa e acaba no palco.
DENISE revela-nos uma outra face da atriz,
através do canto, em algumas cenas, quando é acompanhada por três mulheres musicistas:
ANA RODRIGUES, CLARA BASTOS e PRISCILA BRIGANTE, sob a
corretíssima direção musical de FERNANDA MAIA.
Merece, também, um
destaque o trabalho de direção de movimento, que leva a assinatura de KENIA
DIAS, a qual muito colaborou para os efeitos cênicos. DENISE, como
atriz, a “comandada”, colabora, e KENIA, a diretora
de movimentos, a “comandante”, explora a elasticidade da atriz,
e seu corpo se molda a todas as propostas da diretora de movimento. A
idade não é limite, para que o trabalho corporal de DENISE FRAGA resulte
num esbanjar de vitalidade, em cena, fruto de muita disciplina e consciência
profissional.
FICHA TÉCNICA:
Idealização
e Criação: Denise Fraga, José Maria e Luiz Villaça
Com DENISE FRAGA
Direção
Luiz Villaça
Produção
José Maria
Obra
inspirada, livremente, nas narrativas de Akio Alex Missaka, Anas Obaid, Bárbara
Heckler, Bruno Fávaro Martins, Clarice F. Vasconcelos, Cristiane Aparecida dos
Santos Ferreira, Deise de Assis, Denise Miranda, Eliana Cristina dos Santos,
Enzo Rodrigues, Érico Medeiros Jacobina Aires, Fátima Jinnyat, Felipe Aquino,
Fernanda Pittelkow, Francisco Thiago Cavalcanti, Gláucia Faria, José Luiz
Tavares, Júlio Hernandes, Karina Cárdenas, Liliana Patrícia Pataquiva Barriga,
Luis Gustavo Rocha, Maira Paola de Salvo, Márcia Ângela Faga, Márcia Yukie
Ikemoto, Marlene Simões de Paula, Nanci Bonani, Nathália da Silva de Oliveira,
Raquel Nogueira Paulino, Ruth Maria Ferreiro Botelho, Sônia Manski, Sylvie
Mutiene Ngkang, Thereza Brown, Vinícius Gabriel Araújo Portela e Wagner Júnior.
Texto
Final: Rafael Gomes, Denise Fraga e Luiz Villaça
Dramaturgia:
Cássia Conti, André Dib, Denise Fraga, Fernanda Maia, Luiz Villaça e Rafael
Gomes.
Colaboração
Dramatúrgica: Geraldo Carneiro, Kenia Dias, José Maria
Colaboração
Artística (Residência, no RJ): Artur Luanda e André Curti
Direção
Musical: Fernanda Maia
Musicistas:
Ana Rodrigues, Clara Bastos e Priscila Brigante
Direção de
imagens em vídeo: André Dib
Direção de Movimento: Kenia Dias
Direção de
Arte: Simone Mina
Iluminação:
Wagner Antônio
Programação
de “Video Mapping”: Bruna Lessa
“Design” e Operação de Som: Carlos Henrique
Assistente
e Operação de Luz e “Video Mapping”: Ricardo Barbosa
Assistente
de Produção: Leonardo Shammah
Técnico de
Palco: Alexander Peixoto
Contrarregra
e Camareira: Cristiane Ferreira
Costureira:
Judite de Lima
Produção
das Imagens em Vídeo: Café Royal
Produtora Executiva: Adriana Tavares
Fotógrafo:
Thiago “Beck” de Vicentis
Primeiro Assistente
de Câmera: Diego José Marinho
Som Direto:
Fernando Akira
Eletricista:
Alberto Ferreira
“Logger”: Hugo Dourado
Administração
Financeira: Evandro Fernandes
Fotos para Arte:
Willy Biondani
Fotos de Cena:
Cacá Bernardes
Programação
Visual: Guime Davidson, Phillipe Marks
Assessoria
de Imprensa no RJ: Barata Comunicação
Redes sociais:
@DeniseFragaOficial
Roteiro de
Audiodescrição: Letícia Schwartz
Consultoria:
Luís D. Medeiros
Coprodução: Café
Royal
Produção: NIA
Teatro
Patrocínio:
BB Seguros
Apoio
Institucional: Centro Cultural Banco do Brasil
Realização:
Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal.
Este
espetáculo foi realizado por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
SERVIÇO:
Temporada: De 02 a 20 de fevereiro de 2022.
Local: Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB – RIO –
Teatro I.
Endereço: Rua Primeiro de Março, 66 – Centro – Rio de
Janeiro – RJ.
Dias e Horários: De quarta-feira a sábado, às 19h; aos
domingos, às 18h.
SESSÃO
EXTRA: 14 DE FEVEREIRO, ÀS 19H.
Valor dos Ingressos: R$30,00 (inteira) e R$15,00
(meia entrada)
Informações: (21) 3808-2020
Capacidade: 172 lugares
Duração: 90 minutos
Classificação Indicativa: 12 anos
Gênero: Comédia Dramática (Monólogo)
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Assistir a uma peça que tenha DENISE FRAGA no elenco,
geralmente encabeçando-o – no caso, aqui, por se tratar de um solo, é ela, e
só ela mesmo. E NÃO PRECISA DE MAIS NINGUÉM. – é garantia absoluta de que o
espectador sairá, do Teatro, muito mais enriquecido, como ser humano
e cidadão, do que quando entrou nele. Neste espetáculo, especialmente,
que foi escrito baseado em relatos reais, os quais lhe foram encaminhados, ela
nos apresenta um mosaico de personagens e ações, emendando uns aos
outros, o que é capaz de agradar a todos da plateia, uma vez que não haverá,
certamente, quem não se veja representado, em algum momento, naquele palco. E
por falar nisso, faltava dizer que, durante o espetáculo, há momentos em
que, obedecendo aos protocolos de proteção contra a COVID-19, DENISE
desce à plateia e escolhe pessoas para interagir com ela. Ela cativa a todos.
No final – não vejam isso como um “spoiler” -, alguém sobe ao palco, também
sob os citados protocolos, e é dessa maneira que ela encerra seu encantador
trabalho, de mãos dadas com quem subiu. Está ali, naquela dupla, formada por
uma atriz e um espectador, talvez, a explicação melhor para o título
do solo: “EU DE VOCÊ”.
Já vou agendar meu retorno ao Teatro I, do CCBB – Rio, para me deliciar, mais uma vez, com DENISE FRAGA, que não deseja nos fazer rir nem chorar. O que ela consegue, tão difícil, para muitos atores e atrizes, e tão fácil, para ela, é nos EMOCIONAR.
Frase que ouvi, de uma senhorinha, à saída do Teatro: "Gostei muito. O 'Retrato Falado' saiu da TV e veio para o Teatro.". Não é bem assim, mas é quase como se o fosse. Foi dessa forma que aquela senhoria se emocionou com o que viu.
“O resto é silêncio” (William Shakespeare,
pela boca do personagem Hamlet, à beira de sua morte, na tragédia que leva
o título do protagonista.)
Assumo
o plágio.
FOTOS: WILLY BIONDANI (ARTE)
E
CACÁ BERNARDES (CENA)
GALERIA PARTICULAR
(FOTO: ALCIONE MAZZEO.)
E VAMOS AO TEATRO,
COM TODOS OS
CUIDADOS!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS
DE ESPETÁCULO
DO BRASIL,
COM TODOS OS
CUIDADOS!!!
A ARTE EDUCA E
CONSTRÓI, SEMPRE!!!