quinta-feira, 30 de dezembro de 2021


"2021, O ANO (TEATRAL)

QUE NÃO ACABOU;

PORQUE NEM COMEÇOU."

ou

"I (WE) WILL SURVIVE!"

 

 


 

     Nem quero mais falar de 2020. Esse está morto e enterrado, como, muito em breve, também estará o “ano da graça” (SEM GRAÇA) de 2021, que ora vivemos. Vivemos?! E em 2022? HAVEMOS DE VIVER. Não nos faltam coragem e força para lutar por isso. As coisas estão melhorando (VIVA A VACINA! VIVA A CIÊNCIA! VIVA O SUS!), graças a Deus, ou a quem quiserem atribuir a bênção de termos sobrevivido à catástrofe, chegado até aqui, vivos, depois de quase dois anos, convivendo com essa maldita praga, que nos levou tanta gente querida: conhecidos, parentes, amigos, amigos dos amigos, amigos do TEATRO; gente famosa e gente “comum”, de todas as idades, etnias, crenças... Mais de 600.000 pessoas... Gente que deveria estar aqui, agora, conosco, no lugar de tantos trastes que ocupam posições de relevo no imundo cenário político brasileiro e que não valem (VIVA MESTRE ARIANO SUASSUNA!) o que “descomem”.

     Este texto, com o qual encerro minhas atividades de crítico teatral, em 2021, no meu blogue, NÃO É UMA CRÍTICA DE TEATRO, mas é SOBRE TEATRO. Preciso explicar o porquê do título e do subtítulo. Primeiro, o dever de pedir licença, e as devidas desculpas, ao grande mestre das letras, Zuenir Ventura, por ter parodiado o título de uma de suas principais obras, “1968 – O Ano Que Não Terminou”, que li, e reli, e que aconselho a quem não teve, ainda, essa oportunidade de ouro.



Na verdade, 2021, para o TEATRO, foi bem melhor – ou menos ruim – que o anterior, uma vez que, a partir de um determinado momento, ele, o TEATRO, pareceu que queria (re)nascer - um parto meio a fórceps -, quando as casas de espetáculo foram, paulatina, discreta e cuidadosamente, abrindo suas portas e recebendo um público ávido por espetáculos presenciais, ao mesmo tempo que, ainda, muito amedrontado, indo ver as peças, sem saber se estavam fazendo a coisa certa. Eu fui um desses. Só consegui superar meus receios algum tempo depois de as primeiras montagens serem encenadas ao vivo, com plateias idem. E devo isso a amigos médicos, ao meu terapeuta e à minha filha, lá no Canadá, que me incentivaram a sair de casa, “para não enlouquecer”. Casas vazias, o que foi melhorando, muito parcimoniosamente, mas jamais lotando - as salas de espetáculo -, com raríssimas exceções.

O certo é que, para o TEATRO, foi mais um ano atípico, com a predominância de exibições, nas telas, daquilo que NÃO É TEATRO e que eu convencionei chamar de “experimentos cênicos virtuais”, os quais já consumiram toda a minha munição de paciência e curiosidade. Raramente, nos últimos tempos, de uns três ou quatro meses para cá, tenho dedicado meu tempo a ficar sentado em frente à tela, grande, do meu computador (Sou “das antigas”.) ou da minha super smart TV, de não sei lá quantas polegadas, enorme “pra chuchu” (VIVA NELSON RODRIGUES!), quando as exibições são pelo YouTube, e tenho um pouco mais de conforto, podendo assistir ao “experimento” deitado na minha cama. (Juro que nunca dormi no meio de uma exibição, embora, algumas vezes, tivesse de lutar muito, para que isso não acontecesse.).

Por não considerar TEATRO, não escrevi sobre nada a que assisti, "on-line", até hoje, a não ser recomendar, pelo Facebook, aquilo de que gostei. Não sei fazer isso e não me envergonho de confessá-lo.



Não posso, absolutamente, dizer que sou contra esses “experimentos”. Eles pertencem a uma nova linguagem, QUE NÃO É TEATRO, mas têm seu grande valor, porque foram, e ainda estão sendo, responsáveis por agregar gente que nunca tivera, antes, a oportunidade de imaginar o que poderia ser parecido, pelo menos, com TEATRO, pelos mais variados motivos. Não vale a pena entrar nessa seara, entretanto é preciso dizer que essa nova linguagem já é uma grande realidade, que não tem mais volta. Veio para ficar, e não para competir com o TEATRO de verdade. (Aplausos!!!) Há espaço e público para os dois.

       Quanto ao subtítulo, trata-se do título, alterado por mim, de uma canção, cuja letra, que não tem nada a ver com o TEATRO, mostra o ponto de vista de uma mulher corajosa, recém-abandonada pelo companheiro. A canção é tida como um “hit gay”, desde a década de 1970, quando já era muito executada em boates “gays” norte-americanas, porque traz uma MENSAGEM DE SUPERAÇÃO, apropriada como hino da comunidade LGBTQIA+, que, mundo afora, luta, bravamente, para garantir seus direitos de cidadania e de liberdade para amar a quem quiser. Por essa razão, foi tema do filme Priscilla, a Rainha do Deserto, de 1994. Essa canção é uma das minhas preferidas e aplico seu título, e canto-a, internamente, diante de qualquer situação de dificuldade ou de desafio em que me vejo, direta ou indiretamente, envolvido. “EU VOU SOBREVIVER”!!! Adoro-a e sinto que ela “me fortalece”, na voz de Gloria Gaynor. Ela faz “levantar qualquer astral”, robustece a nossa autoestima, mesmo para aqueles que não conhecem o idioma inglês. É uma música “pra cima”.



        Antes da pandemia, eu ia ao Teatro, todos os dias, de segunda-feira a domingo, às vezes assistindo a nove espetáculos por semana, uma vez que, como jurado de prêmios de TEATRO, tinha que assistir, também, às montagens infantojuvenis, em algumas das tardes dos sábados e domingos. Não era nenhum sacrifício; era um enorme prazer, a menos que as peças merecessem ser chamadas de tudo, menos de “peça de TEATRO”. Mas “quem está na chuva é pra se molhar”, não é mesmo? Tirando as semanas em que eu, para atender a outros compromissos pessoais, de família; ou por conta de uma “doencinha” ou um “mal-estar”; um temporal, no Rio de Janeiro, sinônimo de caos e perigo intenso; ou pelas viagens que fazia a São Paulo, para assistir às peças, principalmente os musicais, que não viriam para o Rio, minha média de espetáculos vistos, por ano, era de 350. Em 2020, cheguei a assistir a 55 espetáculos ao vivo, no Rio, até aquela fatídica sexta-feira, 13 de março, quando os Teatros foram fechados, por conta da COVID-19. Minha agenda já estava lotada até o dia 5 de maio, incluindo uma viagem, em abril, a São Paulo, a primeira das quatro que faço, em média, para lá, por ano. A partir daquele dia, fomos soterrados por “experimentos cênicos virtuais”, a maioria de péssima qualidade, muito embora mereçam aplausos e louvores todos os que se jogaram de cabeça neles, por necessidade de sobrevivência. Isso, porém, não é tudo, infelizmente. Não estou com paciência para consultar a agenda daquele ano, mas me lembro de que, em setembro, já havia chegado à beira dos 400 “experimentos”, já que eram, às vezes, até cinco por dia.

        Entramos em 2021 e nada havia mudado. Alguma coisa nova e uma luz no fim do túnel só apareceu alguns meses depois de o ano ter iniciado, ali pela sua metade. Continuei na minha “via crucis”, nas telas, e vou fazer um balanço do meu ano teatral, mês a mês:

 

JANEIRO:

Assisti a 28 “experimentos”, dos quais reservo todos os meus mais calorosos aplausos e gritos de “BRAVO!” para dois, a que assisti mais de uma vez – na verdade, muitas -, por sua grande excelência: o projeto “(IN)CONFESSÁVEIS – O JOGO DA VERDADE”, grande sucesso também em 2020, capitaneado por Marcelo Varzea, e “PARECE LOUCURA, MAS HÁ MÉTODO”, uma produção da Armazém Companhia de Teatro.





O “TEATRO on-line” me deu a oportunidade de assistir a um espetáculo que foi grande sucesso em São Paulo, porém não veio para o Rio de Janeiro, o musical “VINGANÇA”, assim como me proporcionou rever, em versões filmadas, nos próprios Teatros, “AVENIDA Q” e “HAIR”, dois dos grandes sucessos da dupla Möeller & Botelho.



O “Festival Midrash de TEATRO” apresentou alguns trabalhos bem interessantes.

Ainda houve tempo para eu fazer dois cursos “on-line” e assistir a um inesquecível “show” da grande cantriz Letícia Soares, cantando Ella Fitzgerald. E terminou o mês.


FEVEREIRO:

Fevereiro sempre foi um mês “fraco”, para o TEATRO, com ou sem pandemia, por conta do carnaval. Sem este e sem o TEATRO ao vivo (Aquele não me faz falta alguma, mas este...), continuamos com os “experimentos”.

Seguiu a temporada de “(IN)CONFESSÁVEIS...” (Não perdi um dia.), assim como o “Festival Midrash de TEATRO”, na mesma “vibe” de janeiro.

Quase nenhuma novidade.

Um dos cursos continuou e comecei a fazer outro, com Daniel Marano, um dos nossos melhores pesquisadores de TEATRO BRASILEIRO.

Houve muitas transmissões de TEATRO filmado, de ótimas peças, as quais tive a oportunidade, em tempos outros, de assistir ao vivo, como uma versão de “MEDEIA” (Perdão, mas vou ficar devendo mais informações sobre ela, que a memória me falha.); “AOS DOMINGOS”; “NUNCA FOMOS TÃO FELIZES”; “CONSELHO DE CLASSE”, que não me canso de ver, o melhor texto de Jô Bilac, na minha visão, emparelhado com “BEIJE MINHA LÁPIDE”; “UM VIOLINISTA NO TELHADO”, obra-prima – mais uma - de Charles Möeller e Claudio Botelho; “GOTA D’ÁGUA”; “A PEÇA DO CASAMENTO”; “O GRANDE CIRCO MÍSTICO”; “MARIA DO CARITÓ”; “ERA NO TEMPO DO REI”; “ÀS FAVAS COM OS ESCRÚPULOS”; “A MADRINHA EMBRIAGADA”, a primeira grande montagem de Miguel Falabella para um grandioso projeto da Firjan, em São Paulo, que parece ter sido sepultado (Não tenho bem certeza.); e “OS GIGANTES DA MONTANHA”, uma das grandes e muitas obras-primas do Grupo Galpão, que já me havia feito “urrar, de tanto prazer”, no meio de milhares de pessoas, numa área em frente ao Monumento aos Pracinhas, no Rio de Janeiro.







E, ainda, sobrou tempo para me deliciar com uma fantástica “live”, com Maria Bethânia (Não é TEATRO, mas ela é, sem dúvida, uma cantora/atriz; uma cantriz.) e uma “masterclass”, com o gênio Gabriel Villela e o Grupo de Teatro “Os Geraldos”.

E o mês terminou com uma palestra, ou melhor, um delicioso “bate-papo”, com Deolinda França de Vilhena, falando sobre DONA Bibi Ferreira, e o “show”, filmado, desta, cantando Frank Sinatra. Até que não dá para reclamar.



MARÇO:

Em março, os números de infectados com o terrível vírus e o de mortos eram muito grandes, apavorantes. E o negócio era continuar em casa, diante das telas. Este foi um dos mais “profícuos” meses “pandêmicos”.

Logo no início do mês, proferi uma longa aula, de mais de duas horas, a convite da Universidade de Maringá, via Zoom, sobre “O PAPEL DO CRÍTICO DE TEATRO”.

Assisti a muitas “lives” (Essa palavra, hoje, me causa arrepios. Não consigo assistir a mais nenhuma.), revi ótimas peças, agora filmadas, como “IN EXTREMIS”, “O AUTO DE JOÃO DA CRUZ”; “O MEU SANGUE FERVE POR VOCÊ”, uma deliciosa “bagaça”, com a qual já morri de rir várias vezes, ao vivo e com elencos diferentes; “A MANDRÁGORA”, ótima versão do Grupo Tapa; e “ERA MEDEIA”.  

Suzana Nascimento foi uma das melhores coisas deste mês, com sua “CALANGO DEU! OS CAUSOS DE DONA ZANINHA – ÔDICASA!”, uma versão nova, para o espetáculo que a grande atriz já vem encenando há alguns anos.

E o que dizer da oportunidade de rever “ROMEU E JULIETA”, na memorável montagem do Grupo Galpão, um dos maiores sucessos da companhia mineira?



Dos “experimentos”, os destaques vão para “O SORRISO DA RAINHA”; “SER JOSÉ LEONILSON” (Vi duas vezes.); “PAIXÕES DA ALMA”; “EM BUSCA DE JUDITH”; “MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS”; “CANTOS DE XÍCARAS”, uma delicada obra-prima, para os pequenos, e os adultos também; “AMANHÃ, EU VOU” (Também vi duas vezes.); “DESMONTAGEM – ÍCARO”; “O VELHO DA HORTA”, outro encanto de espetáculo dentro do nicho infantojuvenil; “VENTANEIRA – A CIDADE DAS FLAUTAS”, idem; “27’S (VINTE SETES)”; “CAM”, um ousadíssimo trabalho de Ricardo Corrêa e Davi Reis, da Companhia Artera, de São Paulo; “VAN GOGH”; “APARTAMENTO”; e “A MELHOR VERSÃO”.

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Valeu a pena ter assistido a uma montagem do balé “ROMEU E JULIETA”.

E uma das melhores surpresas do mês foi a versão filmada do espetáculo “MOLÉSTIA”, à qual assisti quatro vezes.

Passei pela experiência de fazer uma Oficina De Caracterização Teatral, com Cléber de Oliveira.

Tudo me despertava interesse, diante da falta de uma poltrona, num Teatro, para chamar de minha.



ABRIL:

Veio abril e a “ladainha” continuava a mesma. “Toneladas” de “experimentos cênicos virtuais”. Fazer o quê? Era o que tínhamos naquela época. Os que me despertaram maior interesse e aplausos foram “O MENINO E A CEREJEIRA”, espetáculo infantojuvenil; “A FARRA DO BOI BUMBÁ”; “A REINVENÇÃO DO AMOR”; “CIRCO DE PULGAS ESTRELA PRATEDA”, outro infantojuvenil, assim como “MENINO CORAGEM”, idem; “RAINHA” (Sensacional! Vi três vezes.); “JOHN E EU” (Vi duas vezes.); “SCROLL ROLL”; e “OÁSIS 6.0”.



A grande sensação deste mês foi uma produção do “Satyros”, “UMA PEÇA PARA SALVAR O MUNDO”, “experimento” a que assisti muitas vezes (Umas dez; por aí...).



A maravilha a que me referi, no mês anterior, o filme “MOLÉSTIA”, continuou em cartaz, e assisti a ele mais duas vezes.

Peças filmadas, às quais eu já havia assistido, presencialmente, também não faltaram, e, por sua boa qualidade, me atraíram: “RACE”; “EU MOBY DICK”; “UMA NOITE SEM O ASPIRADOR DE PÓ”; “CONDOMÍNIO VISNIEC”, uma verdadeira obra-prima; e “LUPITA”, idem.



“THE CAR MAN”, um balé encantador e surpreendente, foi visto, por mim, três vezes.



Foi um mês de muitas “lives”, algumas interessantes; não a grande maioria. As que mais me agradaram foram as que formaram uma série sobre os “100 Anos de Maria Clara Machado”, ciclo que se encerrou em maio. Emocionantes, todas!

Infelizmente, foi em abril que registrei o maior número de “experimentos” de qualidade para além de “duvidosa” Uma tristeza!!!


MAIO:

Maio chegou para compensar abril. Em apenas três dias, fiquei sem atividades para ver, porém, em compensação, houve datas com duas, três e até quatro ou cinco. Uma loucura!!! E eu não queria perder nada.

Logo no primeiro dia, fui “agredido”, com “um soco na boca do estômago”, com “STONEWALL”, um trabalho brilhante do Thiago Mendonça, ator que, também, era a “máquina” em “UMA PEÇA PARA SALVAR O MUNDO”, a qual continuou em cartaz, por exigência do público, e eu revi mais algumas vezes.



Os “experimentos” que mais me impactaram e que mereceram minha classificação de “ótimo” ou “obra-prima” foram: “ANGUSTIA-ME”; “ENTRE HOMENS - CONECTADOS & POR AMOR”; “DIPLOMACIA”; e “PROTOCOLO VOLPONE, UM CLÁSSICO EM TEMPOS PANDÊMICOS”.





Houve, também, um bom número de “experimentos” que se encaixaram nas categorias “bom” e “muito bom”, como, por exemplo, “O MENINO QUE PLANTAVA FLORES”, infantojuvenil; “UMA CANÇÃO DE AMOR” (Satyros); “POR TRÁS DE O BALCÃO”; “MACACOS”; “DISSECAR UMA NEVASCA”; e “E A NAVE VAI”.

E o que dizer do privilégio de poder fazer, no conforto de sua casa, uma oficina com o gênio Gabriel Villela?



Marcante, neste mês, que entrou por junho, foi um projeto da Unimed, chamado “DEZ POR DEZ”, com relatos curtos, de cerca de dez minutos cada, com dez grandes atores e atrizes, de idades diferentes, com um texto muito interessante – todos eles –, girando em torno de problemas relativos a idades marcadas por décadas: 20, 30, 40, 50 e 60 anos.



Embora tenha relutado um pouco, acabei aceitando fazer uma “live”, para o canal Arte Tudo, do You Tube, que parece ter agradado bastante, a julgar pela audiência e pelo retorno.

O projeto “(IN)CONFESSÁVEIS” voltou a me instigar, cada vez mais, e não perdi nenhuma das apresentações, tendo participado, sempre, dos debates, ao final dos trabalho.


JUNHO:

Junho chegou: o meio do caminho, que leva o quase nada a quase coisa nenhuma, e mais de um ano sem me sentar numa poltrona de Teatro, sem sentir o cheiro do Teatro, sem ver, pessoalmente, e abraçar, os amigos do TEATRO. E eu me perguntava: Será que esse dia vai chegar ou o mundo vai se acabar, aos poucos, com milhares de mortos a cada dia? Hoje, vejo que ainda não é desta vez que o bicho-homem vai deixar de existir por completo.

Em dois dias, somente, por motivos dos quais não me lembro, não me coloquei frente ao computador, para ver “coisas”. Foi um total de 70 “atrações”, algumas das quais estava revendo e outras a que assisti mais de uma vez.

“(IN)CONFESSÁVEIS” continuava “bombando’. E eu lá, vendo todas as apresentações, as quais se superavam a cada sessão.

O projeto “DEZ POR DEZ” idem, “de vento em popa”.

“UMA PEÇA PARA SALVAR O MUNDO”, do Satyros, idem, idem.

Ao esplêndido balé “SWING LOW”, assisti duas vezes.



Mereceram a minha classificação de “obra-prima” “MURMURES DES MURS”, um espetáculo de pantomima, que vi duas vezes, e uma peça filmada, chamada “VIZINHOS”, pela qual me apaixonei profundamente, a ponto de assistir a ela por três vezes. Se houvesse um “repeteco”, eu a veria outras tantas.







Por falar em “repeteco”, revi, também, “E A NAVE VAI”.

O TEATRO INFANTOJUVENIL esteve muito bem representado por “O PEQUENO HERÓI PRETO”, espetáculo, importantíssimo, com tema focado na tolerância, de uma forma geral, ao qual assisti duas vezes; “HOJE, O ESCURO VAI ATRASAR, PARA QUE POSSAMOS CONVERSAR”, que já me agradou só pelo criativo título; e “SAMAÚMA – A ÁRVORE MÃE”.



Adorei “CARMEN”; “A ÚLTIMA DANÇA”; “FÓSSIL”; “FRENCHKISS”, em nova versão, ampliada, diferente da de 2020; “TRANSE”; “INSÔNIA”; “MONSTRO”, mais uma ousadíssima produção de Ricardo Corrêa e Davi Reis; “A LÍNGUA EM PEDAÇOS”; “INSÔNIA – TITUS MACBETH”; e “BICICLETA DE PAPEL”.

Valeu muito a pena o “show” “SOU DIVA”, com as fantásticas “cantrizes” Letícia Soares, Lilian Valeska e Priscila Araújo. Música boa, em dose tripla,

O Teatro PetraGold já vinha ensaiando um projeto de apresentações “híbridas”, com público presencial, com ocupação da sala muito reduzida, e na versão “on-line”, ao vivo, simultaneamente. Foi ótima a série de “shows” que eles apresentaram, um a cada semana, tendo Claudio Lins como atração, “MUSICALMANAQUE”, sempre acompanhado de um convidado. Comecei a assistir pela tela e, posteriormente – isso é assunto para daqui a pouco – fui presencialmente.

Fiz um curso, e terapia, para “aguentar o trampo” e ver como eu poderia me inserir no que chamavam de “o início do novo normal”, que, de “novo”, não tem nada; menos, ainda, de “normal”. E o meio do ano terminou.

 

JULHO:

Em julho, os números estatísticos, que tratavam de infectados, internados e mortos, já causavam um pequeno alívio, GRAÇAS À VACINA, QUE EU JÁ HAVIA TOMADO, EM DUAS DOSES. No dia 24, ainda muito “pisando em ovos”, voltei ao TEATRO presencial, para assistir à peça “CORAÇÃO DE CAMPANHA”, excelente, por sinal, com o aval dos meus amigos médicos, bem como suas muitas recomendações, e uma quase intimação, por parte da minha filha. Valeu a pena, e eu me senti seguro e confortável. Foi no Teatro I do CCBB – RJ (Centro Cultural Banco do Brasil).



Ainda houve uma segunda incursão presencial, neste mês, para assistir a uma apresentação da série de “shows” “MUSICALMANAQUE”, no Teatro PetraGold. Claudinho Lins convidou Mirna Rubin. Os Teatros estavam, muito lenta e cautelosamente, voltando às atividades presenciais, todos tomando os devidos cuidados, de higienização e de desinfecção dos ambientes, para garantir a segurança e a saúde do público, dos artistas, dos técnicos e de seus funcionários, como determinavam as AUTORIDADES SANITÁRIAS, OS CIENTISTAS; não o (des)governo negacionista e irresponsável, nem por meio de seu “ministério da saúde (?)”, que, na verdade, era, e continua sendo, “da doença”. Eu mesmo presenciei, algumas vezes, esse processo sendo posto em prática, antes e após cada sessão.

Mas, antes disso, matei a saudade da DIVA Marília Pêra, assistindo a uma versão filmada de “ALÔ, DOLLY”, que eu havia tido a oportunidade de ver, duas vezes, no palco, ao vivo. E, também, a uma outra, da magistral “CONSELHO DE CLASSE”, na montagem original, à qual assisti muitas vezes (a presencial). TEATRO como TEATRO, ainda que filmado.

Os grandes destaques virtuais do mês foram “MÃE DE SANTO”; “O PARAÍSO MAIS BELO DO MUNDO”; “TÔNIA – A DIVA NO ESPELHO” (Vi duas vezes, em dias seguidos.); “A(G)ORA – O ONTEM QUE ME FEZ SER O HOJE; GALILEU E EU – A ARTE DA DÚVIDA”; e “BOLA DE FOGO”, ambos, os últimos, dentro do “Festival Midrash de Teatro”.





No mais, foram as ótimas “lives” do Teatro Firjan Sesi Centro, das poucas que valiam a pena, comandadas por Alessandro Martins, um curso bem longo, que se estendeu por agosto, mesas de debates...

E a pessoa estava tão necessitada, tão faminta de TEATRO, que – parece piada - até a uma defesa de dissertação de mestrado, de uma querida amiga atriz, na área teatral – é claro – assistiu.


AGOSTO:

Em agosto, não houve um dia sem, no mínimo, uma atividade.

Quando a coisa é boa, não cansa. Assisti, mais uma vez, a “CONSELHO DE CLASSE”, filmado, e a “O CEGO E O LOUCO”, idem.



Já, aqui, arrisquei quatro saídas para ir ao Teatro. A primeira, no dia 6, a fim de assistir a “CAPIROTO”, no Teatro Prudential, infelizmente um fracasso, que tinha tudo para dar certo, não fossem as condições técnicas do espaço. Ainda bem, que tive a oportunidade de rever o espetáculo, num Teatro “de verdade” (O outro era quase ao ar livre, num espaço improvisado, montado nos jardins do Teatro, um dos melhores do Rio de Janeiro).



Depois, no dia 10, foi a vez de “MEU FILHO SÓ ANDA UM POUCO MAIS LENTO”, mais uma obra-prima de um gênio, chamado Rodrigo Portella, uma experiência quase que impossível de ser descrita. Foi no OI Futuro. Segurei muito as lágrimas (Não sei por que fiz isso? Teria sido melhor tê-las deixado rolar pelo meu rosto, livremente. Meu peito não teria ficado tão apertado). E o motivo era duplo: o trabalho, que não sei como identificar, tecnicamente, mas que é lindo, e a saudade do querido amigo Roberto Guimarães, Gerente Executivo de Cultura daquele equipamento, que nos deixou, precocemente, no dia 12 de junho, dois meses antes daquele dia.



No dia 14, voltei ao CCBB – RJ, entretanto me arrependi amargamente, uma vez que o espetáculo, que eu já havia assistido “on-line”, deixou muito a desejar e, evidentemente, de acordo com os meus padrões éticos, omitirei o seu título.

O último presencial do mês foi “ELA E EU – VESPERAL COM CHUVA” Um incomensurável privilégio assistir a DONA Suely Franco, num monólogo, o seu primeiro, em décadas de TEATRO, no Teatro PetraGold. Saí com a alma em festa, por vê-la cheia de saúde e vitalidade, num palco, e por ter iniciado uma amizade, que prezo muito, com um “monstro sagrado” do TEATRO, do cinema e da TV, o SENHOR Emiliano Queiroz, saudável e lúcido, do alto dos seus 85 anos, às vésperas de completar, no próximo janeiro, 86.

Dos “experimentos cênicos virtuais”, pouca coisa se salvou: “EM NOME DA MÃE”, que vi duas vezes; “DOUTOR GAMA”; “A VELA”, um trabalho excepcional de Herson Capri e Leandro Luna, ao qual assisti três vezes, e, ainda, veria mais outras, se tempo tivesse; “OS NAVES”; e “QUASE VERDADE”.



A dupla paulistana Ricardo Corrêa e Davi Reis nos apresentou “NO SIGILO”, extremamente instigante, como tudo o que fazem.



E quem disse que não houve “(IN)CONFESSÁVEIS”? Houve, sim senhor. Quanto a esse trabalho, preciso dizer que, tão interessantes quanto ele, eram uma delícia os debates que se seguiam a cada sessão, os quais, além de excelentes, duravam, às vezes, mais tempo que as apresentações.

Finalizando o mês, um grande presente: um “experimento cênico virtual” sobre os “15 ANOS DE TEATRO MUSICAL” do grande maestro Carlos Bauzys, que se encontra, no momento, fazendo cursos no exterior. Voltará, certamente, se os “gringos” deixarem, muito melhor do que já é, se isso for possível.


SETEMBRO:

    “Quando entrar setembro e a boa nova andar nos campos...” (Beto Guedes e Ronaldo Bastos). Só que não foi bem assim que as coisas aconteceram. Uma nova cepa do vírus, a tal da Delta, voltou a levar gente aos hospitais e a matar. E eu fui ficando com medo de sair de casa, de novo. Só saí duas vezes. A primeira, no dia 25, para assistir a um espetáculo, morrendo de incerteza, se deveria fazê-lo ou não, que foi um balé infantil, da Focus Companhia de Dança, “BICHOS DANÇANTES”, uma obra-prima (Ainda bem que valeu muito a pena correr o risco de contrair a doença.), sob o comando de Alex Neoral, no Teatro Prudential.



O outro foi logo no dia seguinte (26), “A DESUMANIZAÇÃO”, no Teatro I do CCBB – RJ.

O mais foram as coisas vistas, da poltrona ou da cama, em frente às telas.

O excelente projeto da Armazém Companhia de Teatro, “PARECE LOUCURA, MAS HÁ MÉTODO”, voltou, em nova versão, “PARECE LOUCURA, MAS HÁ MÉTODO A DOIS”, tão bom quanto o anterior; “ALMA DESPEJADA”; “NA SALA COM CLARICE”; “TECTÔNICAS”; “QUEBRA-CABEÇA”; “SE FOSSE UM MUSICAL”; “SONHO DE RUI – UM BRADDOCK POSSÍVEL; eINFERNO – UM INTERLÚDIO EXPRESSIONISTA DE TENNESSEE WILLIAMS”.



Assisti a uma interessante aula sobre “PRODUÇÃO CULTURAL E A PRODUÇÃO DE UM ESPETÁCULO”, com Heder Braga, e ao “show” “CAFÉ DE HOTEL”, com a maravilhosa “cantriz” Alessandra Verney. Que bálsamo para os nossos ouvidos!

Concedi uma entrevista à minha amiga Rogéria Alves, sobre a minha experiência de mais de 50 anos de TEATRO, para um seu programa de rádio.

Foi bem interessante a sequência de trabalhos preparados pelo Núcleo Experimental, que eu adoro, de São Paulo, sobre seus 15 ANOS DE EXISTÊNCIA.

Também foi neste mês que o talento indiscutível de Deborah Colker se fez presente, mais uma vez, no vídeo, com o espetáculo “CURA”, ao qual assisti, posteriormente, ao vivo. Se, na tela, chorei muito, ao vivo então... Pela TV, assisti ao balé algumas vezes; presencialmente, apenas uma, infelizmente. E lá se foi o mês do meu aniversário...


OUTUBRO:

        Quase inacreditavelmente, fui 15 vezes ao Teatro, em outubro, incluindo uma viagem a São Paulo, para esse fim. Antes de mais nada, vamos lembrar que “(IN)CONFESSÁVEIS” “continuava bombando”. E eu não perdendo uma sessão, só para variar. Acho que ninguém assistiu a esse trabalho mais do que eu, incluindo ensaios e participando de bate-papos com os diretores e os elencos, depois dos referidos ensaios, “dando alguns pitacos”.

A primeira saída de casa, neste mês, deu-se no primeiro dia, e foi para ver “AS MENINAS VELHAS”, no Teatro Prudential.

A obra-prima infantojuvenil “O PEQUENO HERÓI PRETO” foi para o palco do Teatro 1, do Sesc Tijuca, e lá fui eu, no dia da estreia, 2.

No mesmo nicho, vi e gostei, ou melhor, adorei “ZAQUIM”, outra obra-prima, a que assisti no dia 12, também no Teatro Prudential.



Houve mais espetáculos infantojuvenis muito bons; “MADAGASCAR – O MUSICAL”, no Teatro Multiplan Village Mall, a que eu já havia assistido, em São Paulo, antes da pandemia; e “O PESCADOR E A ESTRELA”, no CCBB – RJ.

Dos “experimentos cênicos virtuais”, chamaram-me muito a atenção “COMO DOBRAR UM LENÇOL COM ELÁSTICO”; “CABARET DOS BICHOS”; “PEQUOD – SÓ OS BONS MORREM JOVENS”; O ÚLTIMO PASSEIO DE BUSTER KEATON”: e “BRENDA LEE E O PALÁCIO DAS PRINCESAS”.

Que bom foi ver, ao vivo, com muita simplicidade e amor, o espetáculo musical “CHARLES AZNAVOUR – UM ROMANCE INVENTADO”, com Sylvia Bandeira e Maurício Baduh, no dia 17.

O dia 20 foi, ansiosamente, aguardado por mim, por ser quando eu iria ver, ao vivo – e fui -, da primeira fila, na Cidade das Artes, a obra-prima de Deborah Colker, o balé “CURA”, que quase me fez “desidratar”.



Foi neste mês que Leandro Melo e Rodrigo França conseguiram se “redimir” (Na verdade, a culpa não havia sido deles.), quando fizeram, no Teatro Firjan Sesi Centro, “CAPIROTO”, aquele do qual já falei, exatamente como a peça merecia ser encenada. Uma maravilha!

Outro grande texto, e muito bem encenado, no palco do Teatro PetraGold, foi “SUJEITO A REBOQUE”, que vi no dia 22. Montagem muito simples, estruturalmente, porém muito vigorosa, pela dramaturgia e pela dupla de atores, dentre outros elementos.

No dia 23, aproveitei uma ida ao CCBB – RJ para um programa duplo: a exposição, excelente, “BRASILIDADE” e o espetáculo, agora presencialmente, “O PESCADOR E A ESTRELA”.

Aí, chegou a viagem programada para São Paulo, como faço, habitualmente, quando não há pandemias, quatro ou cinco vezes ao ano, com o objetivo de ver as peças que não virão para o Rio de Janeiro, principalmente os grandes musicais. Sempre vou numa quinta-feira e volto na segunda, conseguindo assistir – Pasmem! - a seis espetáculos em quatro dias, contando que os musicais fazem duas sessões, aos sábados e domingos. É assim que explico essa “estranha matemática”.

No dia 28, assisti a uma nova versão do musical “CINDERELLA – O MUSICAL”, no Teatro Liberdade, com uma leitura completamente diferente, assim como o elenco da versão a que eu assistira em 2016, no Teatro Alpha, e, depois, no Rio, no antigo Teatro Bradesco Rio de Janeiro, atual Teatro Multiplan Village Mall.

No dia seguinte, 29, foi a vez de um outro excelente musical, que está com estreia confirmada, em janeiro próximo, no Rio, “AS CANGACEIRAS, GUERREIRAS DO SERTÃO”, que já havia feito um grande sucesso, antes da pandemia, e que eu, infelizmente, não havia conseguido ver, na primeira temporada, no Teatro Firjan Sesi. Agora, foi no Tuca. IM-PER-DÍ-VEL!!!



No sábado, dia 30, dose dupla; o inacreditável, fantástico, extraordinário musical “CHARLIE E A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE”, à tarde, no Teatro Renaut, e “BENDITAS MULHERES”, à noite, no Teatro Renaissence, uma bela produção das minhas amigas Célia Forte, que escreveu o texto, e Selma Morente.



Para fechar essa estada naquela cidade, da que tanto gosto, assisti, no dia 31, domingo, à tarde, a “DONNA SUMMER – O MUSICAL”, uma ousada, no melhor sentido da palavra, investida de Miguel Falabella; simplesmente, sensacional, no Teatro Santander, e, fechando a noite, nada melhor que o maravilhoso “BARNUM, O REI DO SHOW”, um indescritível espetáculo, que devemos a Gustavo Bachilon. Que mês ótimo foi outubro!





NOVEMBRO:

      Novembro já anuncia o quase final do ano, e as coisas vão voltando, ainda a passos lentos, a um “normal”, no Teatro carioca.

       Foram 11 idas ao Teatro presencial, com destaques para um balé, “VINTE”, da Focus Companhia de Dança, no Teatro Riachuelo Rio, uma obra-prima; um grande desafio, chamado “O DRAGÃO”, outra obra-prima, no Armazém da Utopia, que vi duas vezes e gostaria de ter visto muitas mais, todas as noites, talvez; “A ESPERANÇA NA CAIXA DE CHICLETE PING-PONG”, no Teatro Casa Grande; “PÁ-DE-CAL”, no CCBB – RJ; “ONDE ESTÁ LIZ DOS SANTOS?”, no Teatro Firjan Sesi Centro; e “AS CANÇÕES QUE VOCÊ DANÇOU PRA MIM”, comemorando os 10 anos de sua estreia, outro balé, um dos melhores do repertório da Focus Companhia de Dança, no Teatro Riachuelo Rio, sempre com coreografia e direção de Alex Neoral.






       Revi “AS MENINAS VELHAS”, com uma nova atriz, Sônia de Paula, no elenco.

       Também, saudoso que estava, pude assistir, ainda que “on-line”, ao balé “GIRA”, do Grupo Corpo, de Minas Gerais, uma das melhores companhias de dança do Brasil.  

      Os “experimentos cênicos virtuais” que mais me agradaram, neste mês, oscilando entre “bom”, “muito bom” e “ótimo”, foram “VISITANDO O SR. GREEN”; “PROTO – HENRIQUE IV”, de Pirandello, uma obra-prima, dirigida pelo genial Gabriel Villela, com a qual nos presenteou Chico Carvalho, um dos maiores atores brasileiros, contando com o “auxílio luxuosíssimo” de Breno Manfredini; “WEAPON IS A PART OF MY BODY”; “CARTAS LIBANESAS”, que eu já havia visto, no Rio de Janeiro, numa das salas do Sesc Copacabana, antes da pandemia; “EVOÉ, O MUSICAL”, uma produção acadêmica, montada pelo CEFTEM (Centro de Estudos e Formação em Teatro Musical); “CORDEL DO AMOR SEM FIM ou A FLOR DO CHICO”, mais uma obra-prima; “MARIA DA ESCÓCIA”; e “A NOITE QUE NUNCA ACONTECEU”.





DEZEMBRO:

        Dezembro disputa com fevereiro o título de “Pior Mês para o TEATRO”. Fevereiro, como já disse, por conta do carnaval, quando o “ziriguidum” fala mais alto; dezembro, em função das festas de final de ano. “Shoppings” cheios, mesmo na pandemia, e Teatros vazios. O que se pode fazer?

Sinto muita saudade do tempo em que a APTR (Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro) mantinha, durante parte do mês de novembro e em dezembro inteiro, a campanha “Teatro para Todos”, que durou muitos anos, com ingressos vendidos a preços muito abaixo dos normais, em Kombis (Garotada, pesquise no Tio Google) ou em postos fixos. Os Teatros não sentiam a queda de público, ainda que a arrecadação fosse menor. Mas, “no frigir dos ovos”, ganhava-se na quantidade de pagantes; os Teatros lotavam. Tempos que, parece, não voltarão jamais.





     Foram, ao todo, 10 idas ao Teatro (Para dezembro, com pandemia, foi ótimo.), para conferir, presencialmente, os espetáculos. A maioria valeu a pena, mas houve do que me arrepender, infelizmente. A gente não tem bola de cristal nem uma “Mãe Dináh” (A grafia está correta. Coisas da numerologia.) à nossa disposição, vinte e quatro horas por dia; se bem que ela, não a bola, sempre poderia nos dar um palpite furado. Sempre, eu diria. Então, para que a Mãe Dináh, não é mesmo? Foi só um pouquinho, mas senti ter perdido o meu tempo.

        Do que vi, sentado numa poltrona de Teatro, um dos destaques vai para um “show”, no Teatro Casa Grande, “QUEEN EXPERIENCE IN CONCERT”, que valeu mais pelo repertório e pela qualidade dos músicos, entretanto Freddie Mercury, uma das minhas eternas paixões, e que vi, no primeiro “Rock in Rio”, deve ter dado algumas cambalhotas no túmulo.

        O TEATRO INFANTOJUVENIL da melhor qualidade, feito pelas mãos de Miguel Vellinho, da “Companhia Pequod – Teatro de Animação”, chegou ao Teatro III, do CCBB – RJ, para, se houver premiações, este ano, arrematar todos os prêmios, por total merecimento, com uma obra-prima, “PINÓQUIO”.



        O CEFTEM me levou duas vezes ao Teatro Prudential, para assistir a mais duas de suas montagens acadêmicas, erguidas com muito sacrifício e competência, principalmente por se tratarem de dois espetáculos dificílimos de serem montados: “HAIRSPRAY, O MUSICAL” e “LES MISÉRABLES”, principalmente este. Levando-se em consideração que o elenco não é formado por profissionais, em sua quase totalidade, pode-se dizer, foram dois trabalhos que mereceram meus aplausos e críticas no blogue.

   Ainda, presencialmente, revi, à tarde, o balé “BICHOS DANÇANTES”, no palco do Theatro Municipal do Rio De Janeiro, casa que merece nossos aplausos por, mais uma vez, abrir suas portas para espetáculos populares, de grande qualidade. É para se discutir bastante os conceitos de “popular” e “clássico”.  Nesse mesmo dia, 19, fiz programa duplo, emendando, à noite, no Teatro PetraGold, com o monólogo “ILÍADA – DE HOMERO – CANTO I”, com o grande ator Daniel Dantas. Que trabalho fascinante e desafiador nos apresentou esse grande ator brasileiro!



        Fui surpreendido, “no tempo da prorrogação da partida”, por um convite do meu amigo João Fonseca, para assistir, presencialmente, no Teatro Riachuelo Rio, a uma peça que ele havia dirigido, com um grupo “amador”, nos dois sentidos a que me referi lá em cima, oriundo de um projeto social, a “Cia. Teatro Transforma”. O espetáculo chama-se “PERMITA QUE EU FALE”, creio que a única peça “panfletária” que, pela qualidade do texto e da interpretação do numeroso e talentoso elenco, de 30 pessoas, eu não só tolerei, como também aplaudi de pé. Foram apenas duas apresentações: uma no dia em João me fez o convite e outra no dia seguinte. E eu tinha compromissos presenciais agendados e confirmados para os dois. Consegui transferir o do dia seguinte e aceitei o convite, do qual jamais me arrependerei e sempre agradecerei ao João, pela oportunidade de conhecer o talento daqueles jovens. A peça merece uma temporada regular em 2022.



      Acho que o grande acontecimento do ano, ou um dos, foi a reabertura do Teatro Copacabana Palace, que estava fechado havia 27 anos, desde 1994, com um musical, “COPACABANA PALACE – O MUSICAL”, trazendo um grande elenco, para contar, muito bem, a história de um dos pontos mais conhecidos do Rio de Janeiro, um ícone carioca, o Copacabana Palace Hotel, hoje Hotel Belmond Copacabana. Sem dúvida alguma, um presentão de al. Esse prazer eu tive no dia 23.



        No campo do “virtual”, não houve tanta oferta, mas, das poucas que estavam a nosso dispor, destaco um projeto da “Cia. do Sopro”, com três magníficos trabalhos: “A HORA E VEZ”, um monólogo ao qual já havia assistido, antes da pandemia, no Teatro Poeirinha (Rio de Janeiro); “COMO TODOS OS ATOS HUMANOS” (Idem.); e “MEDEA”, numa versão muito instigante e perfeita, em todos os aspectos.

        Ainda devo estender meus efusivos aplausos a “A VIDA ÚTIL DE TODAS AS COISAS”; “NO MEIO DO CAMINHO”, um dos melhores “experimentos” do ano; “BAILEGANGAIRE”, também de se tirar o chapéu, com um trio de atrizes em interpretações fantásticas e marcantes, com destaque para DONA Walderez de Barros.



    Quase encerrando o ano, assisti a uma experiência nova, e sensacional, de Rodrigo Portella, toda filmada em celulares, chamada “(RE)PLAY”. Excelente trabalho, que vi no dia 24, e revi no dia seguinte, o dia de Natal.



     Encerrei, realmente, as atividades no dia 28, com o último “experimento cênico virtual” do ano, “NOSOTRAS”, um ótimo trabalho, interpretado por três excelentes atrizes: Paula Cohen, Shilrley Cruz e Luisa Micheletti, idealizado pela primeira, reunindo textos de quatro dramaturgas latino-americanas: uma uruguaia, uma argentina e duas brasileiras.

      E foi assim, graças à ARTE, que salva, e aos artistas, que conseguimos sobreviver, para pensar no que nos aguarda o ano de 2022, que, deverá ser melhor que 2021, porém muito distante, ainda do que era, antes da pandemia nos ameaçar de extinção.

        Será, ainda, mais um ano de dor e sofrimento, sob as ameaças e os desmontes de tudo o que bom para o povo, por parte de um (DES)governo federal, que também atende pelo nome de “pesadelo”; mas um ano passa logo e...

        ...“I (WE) WILL SURVIVE”!!!



        Com licença e respeito, SENHOR Mário Quintana:


 

Todos esses que aí estão,
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!”

 







E VAMOS AO TEATRO,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

OCUPEMOS TODAS AS

SALAS DE ESPETÁCULO

 DO BRASIL,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE!!!

 

RESISTAMOS, SEMPRE MAIS!!!