ORDINARY
DAYS
(JAMAIS
SUBSTIME
UM
ESPETÁCULO
“OFF-BROADWAY”.
ou
OS
DIAS PODEM SER NORMAIS;
OU
NÃO.
ou
“O
ACASO VAI ME PROTEGER,
ENQUANTO
EU ANDAR DISTRAÍDO.”
– Sérgio Britto”)
– Sérgio Britto”)
Infelizmente,
no momento em que esta crítica está sendo publicada, o espetáculo aqui analisado não
estará mais em cartaz. Alguns percalços pessoais fizeram com que eu não tivesse condições de escrever sobre ele antes, mas eu
não me perdoaria, se não colocasse, no papel, um pouco do que ele representou
para mim, na esperança de que retorne aos palcos, em outras temporadas.
É mais que
sabido que vários espetáculos teatrais - musicais, principalmente - surgiram em
território “off-Broadway” e acabaram
indo parar nos palcos da meca do teatro norte-americano, a Broadway, em função da grande qualidade
das montagens.
Poderíamos
citar vários títulos. Com o luxuoso auxílio do meu amigo Luiz Buarque, experto em musicais, grande estudioso do assunto e
que me refrescou a memória, pergunto: Quem não conhece “Hair” (um marco do teatro
musical, de cuja primeira montagem, no Brasil, tive a honra e o imenso
prazer de participar, como ator, em 1970/1971), “A Chorus Line”, “Urinetown”
(“Urinal”, um dos maiores sucessos
de São Paulo, no ano passado), “Avenue
Q” (“Avenida Q”, brilhante
montagem, no Brasil, uma das melhores dos “reis dos musicais”, Charles Möeller e Cláudio Botelho), “Spring
Awakening” (“O Despertar da
Primavera”, uma das obras-primas da, anteriormente, citada dupla M&B), “Fun Home” e “Hamilton”
(o grande fenômeno musical da atualidade, que chega a cobrar até mil dólares
por um ingresso, a atual sensação da Broadway,
desde sua estreia, há pouco mais de um ano, e que faz a crítica norte-americana
comparar seu autor, Lin-Manuel Miranda, um jovem de apenas 35 anos, aos grandes mestres dos musicais, com uma
das maiores pré-vendas da história do maior mercado teatral do mundo)?
Todos
mereceram um “up”, com vitoriosas
montagens na Broadway, em temporadas
longuíssimas, sucessos de crítica e de bilheteria, e, de lá, vários, ou quase
todos, partiram para o mundo. “ORDINARY
DAYS”, certamente, deverá seguir o mesmo caminho ou, pelo menos, o merece.
Acho
bastante oportuno acrescentar uma informação, muito curiosa, que reforça o
primeiro subtítulo desta crítica (“JAMAIS SUBESTIME UM ESPETÁCULO OFF-BROADWAY”),
também passada pelo Luiz: “Nas últimas dezessete edições do Tony (2000-2016), dos vencedores de
Melhor Musical, sete vieram do circuito off-Broadway. Comparando com o período
anterior (1983-1999), apenas um, “Rent”, começou carreira no circuito ‘off’, o
que indica uma mudança interessante na trajetória desses musicais no mercado
teatral”.
Em
conversa com MAU ALVES, um dos
responsáveis por nos apresentar esta maravilha de espetáculo, fiquei sabendo
que o pontapé inicial, para esta montagem, foi dado por CAIO LOKI, após ter ouvido a trilha da peça, o que gerou nele uma
paixão instantânea, levando-o a uma profunda pesquisa sobre o autor, o texto e
o tema de que trata. Procurou, então, MAU
e JÚLIA MORGANTI, sócios na
produtora CEREJEIRA PRODUÇÕES,
levando-lhes o projeto, que recebeu, logo depois, uma adesão do CEFTEM, na pessoa de REINER
TENENTE, diretor do espetáculo.
Formada a
parceria, as três empresas, LOKI
ENTRETENIMENTO, CEREJEIRA PRODUÇÕES
e CEFTEM deram-se as mãos e foram à
luta, partindo para um financiamento coletivo, com o objetivo, primeiro, de
angariar fundos, a fim de adquirir os direitos de montagem da peça. Infelizmente, o arrecadado
só permitiu a compra dos referidos direitos para doze apresentações. Segundo MAU, “...nos
apaixonamos pelo espetáculo de cara, por toda a contemporaneidade e questões
nele abordadas; era sobre o que queríamos falar”.
O espetáculo foi produzido pela CEREJEIRA
e, mesmo com as dificuldades de uma produção independente, sem qualquer
patrocínio, os idealizadores do musical pretendem fazer uma nova temporada,
contando com o apoio de patrocinadores ou, também, de outra campanha “crowdfunding”. NÃO PODEMOS DEIXAR DE COLABORAR!!!
Esta é a primeira montagem
profissional do musical na América Latina, motivo de grande orgulho para os
brasileiros, principalmente pela garra, determinação e talento de todos os
envolvidos no projeto.
Graças ao “release”, a mim enviado por JULYANA CALDAS, que faz a assessoria
de imprensa do espetáculo, pude ter acesso às informações da ficha técnica da peça, uma vez que as
anotações feitas por mim, durante a sessão em que estive presente, no sábado,
13 de agosto, assim como o programa da peça estavam numa caderneta, que foi
levada por ladrões, naquela mesma noite/madrugada.
SINOPSE:
“ORDINARY DAYS” conta a história de quatro nova-iorquinos, que têm
seus caminhos cruzados, enquanto buscam “preenchimento”, um sentido para as
suas vidas, felicidade, amor e táxis.
O relacionamento de JASON e CLAIRE, um casal de namorados, é testado, quando ele se muda para a
casa dela e descobrem que seus problemas vão muito além de falta de espaço nas
estantes e nos armários.
A amizade de WARREN e DEB, o outro casal de protagonistas, prova ser muito mais que
apenas um encontro do acaso, depois que ele acha, numa praça, o caderno de
anotações de DEB, contendo
informações importantíssimas para uma tese que ela estava tentando escrever,
sempre postergando o prazo de entrega.
Através de uma trilha
vibrante e com canções emocionantes e memoráveis, esse musical é uma história
para qualquer um que já tenha tentado, com ou sem sucesso, apreciar as coisas
mais simples dentro da realidade complexa de uma vida urbana e cosmopolita.
Os quatro jovens, de vidas
comuns, se conectam, de alguma forma, em Nova York, que também poderia ser
outra grande metrópole, por relações afetivas ou pelo acaso.
O
musical é daquele tipo em que toda a história é contada, sem diálogos falados,
apenas pelas letras da 21 canções
originalmente escritas para ele, com variações, em alguns trechos,
acrescidas de algumas vinhetas.
O
elenco é formado por oito excelentes atores, quatro homens (CAIO LOKI, HUGO BONEMER, MAU ALVES e VICTOR MAIA) e quatro mulheres
(FERNANDA GABRIELA, GABI PORTO, JÚLIA
MORGANTI e TECCA FERREIRA), que se alternam nos papéis dos protagonistas, em
formações fixas de pares ou que se misturam – uma ideia genial da direção -, representando
os seguintes personagens, aqui seguidos de suas características básicas:
CLAIRE: Quase
na casa dos 30 anos, está embarcando em uma nova etapa de sua vida, com
o namorado JASON. Para ela, a
decisão de dividir um apartamento é o catalisador para enfrentar seu passado.
Sua catártica “I’ll Be Here” (“Eu
Estarei Aqui”) dá ao público a pista que conclui seu arco.
Gabi Porto / Claire.
JASON: Com idade regulando à de CLAIRE, é seu namorado. Um romântico inveterado, ele passa a maior parte do musical tentando consolidar a sua relação com ela. Em primeiro lugar, bem observado na canção “The Space Between” ("Os Espaços Entre"), enquanto também encara suas questões pessoais com a cidade onde moram, o que está registrado na canção “Favorite Places” (“Lugares Favoritos”). CLAIRE reluta, resiste, de forma consistente, às suas tentativas, presente em “I’m Trying” (“Estou Tentando”), culminando no conflito central da história do casal, em "Fine" (Bem).
Mau Alves / Jason.
DEB: Com vinte e poucos anos, é uma
estudante de graduação, cínica e defensiva, que está, tanto quanto os outros,
lutando para encontrar o foco em sua vida, talvez com um pouco mais de
dificuldade para isso. Seu
destino se cruza com o de WARREN,
quando este encontra seu caderno de notas para uma tese em que ela estava
trabalhando e que perdera, numa praça.
Tecca Ferreira / Deb.
WARREN: “Ajudante de um artista plástico” (O
que seria isso? Qual o futuro de alguém com tal “habilitação”?), trata-se de um
jovem extremamente alegre e, por vezes, irritantemente, otimista. Quase
ingenuamente, ele vê beleza nas coisas simples da vida e é o responsável por
passar, ao público, a grande mensagem do musical, no número final, "Beautiful" (“Bonito/a”).
Caio Loki / Warren.
Na sessão em
que tive o inesquecível prazer de assistir ao espetáculo, atuaram, como
protagonistas, HUGO BONEMER, como JASON; FERNANDA GABRIELA,
como CLAIRE; VICTOR MAIA, como WARREN; e JÚLIA MORGANTI,
como DEB. Os outros quatro fazem pequenas participações, como “coadjuvantes”,
tecnicamente falando, dentro da trama, já que o octeto se equivale em talento. É
evidente que eu gostaria de poder rever “ORDINARY DAYS” com outras formações
de elenco, o que, até, era minha intenção, entretanto motivos alheios à minha
vontade não o permitiram, razão pela qual só poderei tecer breves comentários sobre
a atuação de HUGO, FERNANDA, VICTOR e JÚLIA, todos
perfeitamente em harmonia com seus respectivos personagens.
A figura e a postura de HUGO
BONEMER combinam bastante com a principal característica de JASON. O
seu imenso romantismo e a vontade de acertar na escolha de um amor duradouro
estão presentes na doçura expressa pelo ator, dentro do personagem. HUGO,
além da boa atuação, canta muito bem, afinado e com um timbre bastante suave e
agradável aos ouvidos.
FERNANDA,
com muita clareza e convicção, nos passa aquela incerteza que povoa a cabeça de
todos, quando acham que encontraram a outra metade da laranja, e que é,
realmente, um grande desafio: o deixar de ser o “eu”, para assumir a parte que
lhe cabe no “nós”. A atriz, muito segura, no papel, encanta-nos com sua bela
voz e detalhes na interpretação das canções, de vital importância para a
compreensão do texto, explícito e implícito.
VICTOR é
um dos mais tarimbados atores de musicais que conheço, pois, além de ser bom
ator e ter uma voz vibrante, potente, leva a vantagem de ser bailarino e
coreógrafo, o que lhe confere uma destacada agilidade e leveza em cena. Com uma
bem explorada veia para o humor, é responsável por arrancar gargalhadas e
aplausos em cena aberta.
JÚLIA MORGANTI encontrou o tom, na medida certa, para interpretar sua DEB. A
personagem poderia se tornar desinteressante, se a atriz que a interpretasse
carregasse nas tintas do humor, em contraste com a dor da perda de um objeto
(caderneta) que lhe era tão caro, para a definição de um futuro, o que não
acontece no trabalho de JÚLIA, o qual se destaca pelas interpretações
vocais e pelas máscaras que constrói, quando não lhe cabe “falar/cantar”, até mesmo
quando não faz parte, diretamente, da cena. Um primor de interpretação.
Seria um crime
de lesa-verdade deixar de tecer os maiores elogios à pianista ARIANNA PIJOAN,
cuja importância, para o sucesso deste musical, ocupa um percentual
incalculável. Sem dúvida, seu trabalho é um dos maiores destaques nesta
montagem. Sua responsabilidade é incomensurável, pois é ela quem, como uma
exímia maestrina, vai conduzindo o fio de toda a trama. Um erro seu colocaria a
perder o andamento da peça. Além de uma “virtuose”, exercita uma atenção plena,
para que não ocorram “furos” e, em várias canções, demonstra uma agilidade nos
dedos, própria dos grandes mestres do piano.
Ariana Pijoan.
A interação
total da musicista com os atores, num pingue-pongue em alta velocidade, é,
metaforicamente falando, um diálogo entre palavras e sons extraídos das teclas
de seu piano elétrico. Ela fica, durante todo o tempo da peça, em cena, no
centro do palco, um pouco mais para o fundo, e poderia ser considerada, sem
nenhum exagero, um quinto personagem, na trama.
Para os que
possam reclamar a presença de uma orquestra, ou mesmo de uma banda, em cena,
como ocorre nos musicais tradicionais, achando que, pelos parcos recursos
empregados na produção, optou-se por apenas um piano, é bom esclarecer que é
assim que ADAM GWON quer que seja. Aliás, é uma exigência do autor, o
que corrobora o que eu disse acima, a respeito da importância desse “quinto
elemento/personagem” em cena.
Já que falamos
da musicista, podemos, logo, associar seu brilhante trabalho à, sempre,
competentíssina direção musical de MARCELO FARIAS, que deve ter
tido muito trabalho, em função do grau de dificuldade que me parece, ainda que
leigo no assunto, existir nas partituras originais.
Experiente em
musicais, como ator, REINER TENENTE faz uma ótima direção. Se não
fosse por esse trabalho, já merecia nosso maior respeito, por ter aceitado uma
empreitada árdua, de pôr de pé um musical, abrindo mão de recursos financeiros,
de que não dispunha, compensando isso com um fantástico exercício de
criatividade, culminando num espetáculo que já é a grande sensação da atual
temporada teatral, no Rio de Janeiro, e por cuja continuação, em outras longas
temporadas, devemos orar aos DEUSES DO TEATRO ou implorar a algum
mecenas patrocinador.
Hugo Bonemer, Caio Loki, Victor Maia e Mau Alves.
Creio que seu
brilhante trabalho de direção deva ter contado muito com a colaboração
dos atores e técnicos, no processo de montagem, mais do que em outras situações.
Tudo é muito simples, na peça, mas de muita expressividade, bom gosto,
relevância e criatividade, traduzido, metaforicamente, por exemplo, por dois
andaimes, ao fundo, simbolizando as torres gêmeas, do World Trade Center,
que foram destruídas pelo terrorismo, quase uma década e meia atrás
(11/09/2001), causando centenas de vítimas fatais. Essa imagem dos destroços
indo ao chão, paradoxalmente, é linda, do ponto de vista plástico, com os
“flyers” que são atirados lá de cima, nos derradeiros momentos da peça.
Representam a destruição de algo, para o surgimento do “novo”, exatamente o que
procuravam os quatro protagonistas.
Da mesma
forma, há uma simbologia no amontoado de caixas, no cenário, de dentro das
quais são extraídos objetos visíveis ao público e onde permanecem outros, em
“segredo”, “identificados” de acordo com a imaginação de cada espectador.
Seriam os escaninhos nos quais guardamos nossas angústias, alegrias,
frustrações, medos, esperanças, ali contidos e precisando de espaço para, uma
vez expostos, serem analisados e trabalhados.
São soluções práticas e inteligentes, além de serem de baixo
custo, que dão um toque de brasilidade ao espetáculo, que trazem, para o Centro
do Rio de Janeiro, numa outra linguagem plástica, a pujança e o vigor da “cidade
que não dorme” e que nos engole e devora, a cada minuto, como uma esfinge. Manhattan,
pelas mãos de REINER TENENTE, teu nome é Rio de Janeiro, São
Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Recife, Fortaleza, Brasília...
Um dos aspectos mais importantes,
para uma boa montagem de “ORDINARY DAYS”, é o ritmo do espetáculo, que tem de ser mantido bem ativo, ágil, da primeira à última
cena, com várias e repetidas entradas dos personagens, o que bem soube explorar
e traduzir, concretamente, a direção
de REINER.
O cenário, assinado por CAIO LOKI e equipe, é simples, prático, sugestivo de um ambiente caótico. Pode-se dizer que representa o mar encapelado do interior dos personagens, um paralelo com o caos em que suas vidas estão mergulhadas, marcado pelas dezenas de
caixas de papelão, de diversos tamanhos, empilhadas e espalhadas pelo palco,
contando, ainda, com o já citado piano elétrico e as duas “torres gêmeas”, estilizadas,
codificadas/decodificadas nos dois andaimes, também já mencionados. Além disso, uma
pequenina estante, para os livros de DEB
e bancos, também de papelão. Nas cenas que se passam nas dependências do Metropolitan Museum of Art, onde DEB e WARREN se encontram, descem molduras vazadas, para compor o ambiente. Ao fundo, um painel pintado, mostrando um pouco do
cenário da “Big Apple”, traduzido em siluetas de arranha-céus. Nenhum luxo;
total criatividade; acerto profissional.
Coube a RENAN MATTOS a
criação dos figurinos do espetáculo, completamente fidedignos, ajustados, de acordo com o
estilo dos personagens, suas idades, a época em que se passa a trama e,
principalmente, dentro dos padrões da cultura norte-americana. São trajes
simples, na linha “casual”, com a predominância, como não poderia deixar de ser
de detalhes da “american fashion”. Seria impossível não utilizar “jeans”, “T-shirts”,
jaquetas, coletes e casacos longos, à altura do joelho, no estilo de soldados
norte-americanos, além, evidentemente de acessórios, como tênis, botas, gorros
e cachecóis. Uma harmonia profissional.
Não há grandes detalhes a destacar, na iluminação, de RÚBIA VIEIRA,
além de que se trata de um bom trabalho, que chega a valorizar algumas cenas,
pela intensidade de luz e as cores utilizadas.
Infelizmente, não recebi o nome do(s) responsável(veis) pela coreografia e pela direção de movimento, tão importantes, num musical, mas creio que
deva ter sido um trabalho em conjunto, muito bom, por sinal, do elenco e da direção.
Considerando-se que, em musicais, o som é fundamental, e custa muito caro, pelos modestos recursos
utilizados por RODRIGO OLIVEIRA, no desenho de som, este merece um elogio,
já que nada se perdeu, do texto, por
conta de alguma falha técnica ou má distribuição das caixas acústicas.
Li, não sei onde, o que
não me permite tornar pública a fonte, uma citação que classifica o espetáculo,
neologisticamente, como uma “dramédia”,
termo que me parece bastante apropriado ao musical, escrito por um dos mais
importantes e festejados autores do moderno teatro musical americano, ADAM GWON, cujo texto, assim como a montagem americana, recebeu vários e excelentes
elogios de diversos dos mais importantes críticos americanos, o que foi um dos
motivos para que os jovens produtores brasileiros, corajosamente, levassem
adiante o projeto. O texto me pareceu muito bem traduzido, por CAIO LOKI e equipe.
Creio que vale a pena
transcrever uma pequena resenha, feita pelo crítico Charles Isherwood, do New
York Times: “UM SHOW SUTILMENTE
TOCANTE... ORDINARY DAYS introduz um novato promissor para o teatro musical
americano, tão faminto por novos talentos. ADAM GWON escreve de maneira fluida
e com exatidão, usando letras engraçadas, que refletem as mentes borbulhantes
de quatro nova-iorquinos em uma nervosa busca por seus futuros imediatos. ORDINARY
DAYS capta, com clareza pungente, esse momento desconfortável da juventude,
quando as dúvidas começam a enevoar as esperanças de um futuro de
possibilidades ilimitadas”.
É
difícil alguém assistir ao espetáculo e sair do teatro apenas com a sensação de
que se divertiu e ouviu boa música. A atualidade do tema, presente no texto, e o fato de ele mostrar a dura e
crua realidade de quem é apenas mais um na multidão, numa megalópole, de
bocarra aberta, pronta a nos engolir, impele o espectador a uma reflexão e
possíveis mudanças radicais em suas vidas. Para mim, sem dúvida nenhuma, o
espetáculo ficará marcado, indelevelmente, na minha mente e no meu coração,
principalmente pelo fato de eu, três ou quatro horas após ter deixado Teatro Serrador, ter sido vítima de um
violento assalto e de ver minha vida ameaçada, sob a mira de três armas de
fogo. Houve um renascer e passei, como os personagens da peça, a buscar novas
motivações e rumos na minha vida.
Fatos
drásticos ou, às vezes, insignificantes, na aparência, como encontros “ao
acaso”, a princípio, mas que se transformam e se solidificam, ao longo das
nossas vidas, podem transformá-las consideravelmente, levando-nos a caminhos
nunca antes pensados ou que não nos permitíamos, que podem sepultar vazios
existenciais e abrir portas para a felicidade. Ou não.
“ORDINARY DAYS” é mais uma prova de que
não é necessário gastar milhões de dólares na produção de um musical, para se
tocar o coração das pessoas, despertando-lhes o desejo de rever a peça e se
incumbir de, por meio de um “de boca em
boca”, encher de público um teatro, chegando à lotação esgotada, com a
disputa ferrenha por um ingresso. Assim é na Broadway, assim é no circuito “off-Broadway”;
assim é no Brasil, onde o talento e
a criatividade dos artistas brasileiros compensam o baixo orçamento das produções.
FICHA TÉCNICA:
Texto (Letras) e Músicas: Adam Gwon
Texto (Letras) e Músicas: Adam Gwon
Tradução: Caio Loki e equipe
Elenco
(em ordem alfabética): CAIO LOKI, FERNANDA GABRIELA, GABI PORTO, HUGO BONEMER,
JÚLIA MORGANTI, MAU ALVES, TECCA FERREIRA E VICTOR MAIA.
Pianista: ARIANNA PIJOAN
Cenário: Caio Loki e equipe
Figurino: Renan Mattos
Iluminação: Rúbia Vieira
Design de Som: Rodrigo Oliveira
Produção: Cerejeira Produções e CEFTEM
Assistentes de Produção: Carmen Costa e Gabriela Tavares
Realização: CEFTEM
Idealização: Loki Entretenimento
Assessoria de Imprensa: JC Assessoria de Imprensa (Julyana Caldas)
Idealização: Loki Entretenimento
Assessoria de Imprensa: JC Assessoria de Imprensa (Julyana Caldas)
(FOTOS:
CLARISSA RIBEIRO)