terça-feira, 25 de outubro de 2016


NU

DE BOTAS

 

 

(A INFÂNCIA DE TODOS NÓS.

ou

“HÁ UM MENINO, HÁ UM MOLEQUE, MORANDO SEMPRE NO MEU CORAÇAO.”

– MÍLTON NASCIMENTO

e FERNANDO BRANT.)

 
 
 
 
            Fico extremamente aborrecido comigo mesmo, quando não consigo encontrar tempo para escrever sobre um espetáculo, enquanto ele está em cartaz, principalmente se me agrada muito. Foi o que ocorreu, por exemplo, com “NU DE BOTAS”, que considero uma das melhores montagens a que assisti até agora, neste ano teatro de 2016.

É uma pena que a temporada, no CCBB do Rio de Janeiro, tenha sido tão curta!!! Queiram os DEUSES DO TEATRO que o espetáculo possa voltar ao cartaz, porque bem o merece, assim como merecem ver a peça aqueles que gostam do bom TEATRO e que, por algum motivo, não tiveram tal oportunidade!!!

            A peça é baseada no livro homônimo, que traz relatos da infância do próprio autor, ANTÔNIO PRATA, que, confesso, não era muito da minha intimidade literária e pelo qual fiquei apaixonado. Vou comprar o livro, na primeira oportunidade.

 




 

 

 
SINOPSE:
 
 
A peça reúne algumas das crônicas do livro “NU DE BOTAS”, de ANTÔNIO PRATA, transformadas, dramaturgicamente, por CRISTINA MOURA e PEDRO BRÍCIO, os quais levam, para o palco, "materializadas", as primeiras lembranças do personagem ANTÔNIO, as passagens mais marcantes da sua infância: aventuras no quintal de casa, os amigos da vila, o divórcio dos pais, o cometa Halley, os desenhos animados da TV, a primeira paixão, uma inusitada “viagem” à África, dilemas morais, viagens de carro, histórias e relatos das lembranças da infância do autor, uma época da vida, repleta de descobertas e experimentações.
 
As histórias do menino ANTÔNIO, que nasceu em São Paulo, no final dos anos 70, são inspiradas em fatos reais, narradas do ponto de vista da criança, com os filtros da ficção e permeadas de muito bom humor.
 
Um olhar infantil, de quem se espanta com o mundo e a ele confere um sentido muito particular – cômico, misterioso, lírico e encantado.
 

 

 







            O espetáculo consegue reunir diversão e sentimentos, por se tratar de uma peça de memórias afetivas, das quais muitos se apropriam e com elas se identificam, abrindo os portões para o seu “menino interior” poder correr pelo gramado. Dessa forma, o espectador que se propuser a isso sairá no lucro, muito mais do que os outros.

            São dezessete pequenas histórias, narradas sob a ótica de um único personagem, ANTÔNIO, representado por cinco atores, todos em trabalhos irretocáveis, que não interpretam a criança de forma imbecilizada, como se costuma ver por aí. São excelentes profissionais: INEZ VIANA, ISABEL GUÉRON, PEDRO BRÍCIO, RENATO LINHARES e THIARE MAIA (por ordem alfabética).

 



Segundo o “release”, CRISTINA MOURA “apostou numa encenação simples, com valorização das palavras e das imagens que surgem das histórias desse jovem e talentoso cronista, explorando, cenicamente, a comicidade por trás de cada uma das situações vividas pelo narrador. Ao longo de 75 minutos de espetáculo, deparamo-nos com situações, aparentemente, cotidianas, entretanto o humor utilizado por PRATA transforma cada uma dessas situações em narrativas muito especiais, fazendo com que habitemos a infância de novo, abrindo-nos as portas para um estado de surpresa e maravilhamento”.

 
Ainda extraídas do “release”, estas palavras de ANTÔNIO PRATA: NU, DE BOTAS” (com uma vírgula, no original) é um livro sobre a minha infância. Eu o escrevi, não tentando ver a criança que eu fui, através dos olhos do adulto que eu sou, mas buscando enxergar o mundo, de novo, do jeito que eu o via aos três, quatro, cinco, seis….

            Como assisti ao espetáculo há um mês e não fiz anotações, fica difícil falar, em detalhes, sobre ele. Assim, procurarei ser breve, porém o mais preciso e profundo possível nas minhas observações.

            Em primeiro lugar, um aplauso ao trabalho, a quatro mãos, de CRISTINA MOURA e PEDRO BRÍCIO, pela escolha das crônicas e pela difícil tarefa de transformar o dinamismo de uma narrativa literária num excelente texto dramático, capaz de prender a atenção do espectador, da primeira à última cena. Poucas vezes, vi o universo léxico infantil tão bem assimilado por um público adulto. Tudo feito sem o menor grau de complicação, nada sofisticado nem distante do mundo lúdico da criança, embora não seja uma peça infantil. O “perigoso” e o “proibido”, aqui, ganham tons de “tudo é permitido”, quando o prazer das descobertas fala mais alto. Acho que é isso que encanta os que já foram crianças, na idade, e encontram, na peça, a oportunidade de resgatar sensações indeléveis do passado, distante ou mais próximo.


 


            CRISTINA MOURA merece muitos aplausos pela inventiva direção, que não se preocupa com cronologias ou sequências lógicas dos fatos, levando a plateia, em alguns momentos ao saudável exercício de ir além da compreensão da narrativa e buscar entender quem é quem na história ou, ainda, quando termina um fato e se inicia outro, contando, evidentemente, com o talento de seu elenco.

            O elenco é um capítulo à parte, no espetáculo, visto que o personagem protagonista é um só, mas os atores protagonistas são vários, cada um deles aproveitando, ao máximo, seus “momentos-solo”, surpreendendo o público, a cada nova cena. São adultos, representando crianças, porém falando como adulto, a adultos. Não destaco o trabalho de nenhum dos cinco, pois os nivelo no mesmo patamar.


 


O foco maior desta peça recai sobre o texto; a palavra é a matéria-prima do sucesso da montagem, mais que as expressões faciais e corporais, que entram no conjunto da interpretação, mas precisaria ser valorizada pelos atores, em cada fala, com a entonação adequada e a força expressiva exata. Isso os cinco sabem fazer com muita propriedade, na medida certa, sem exageros. Todos dialogam, entre si, no que dizem e no que deixam de dizer. Os silêncios das ações mudas, concomitantes a outras, em evidência, são um achado da direção, muito bem assimilado pelo talentoso elenco.   

            Chama a atenção do espectador, logo que este adentra a sala, o cenário, idealizado por OLÍVIA FERREIRA e PEDRO GARAVAGLIA (leia-se RADIOGRÁFICOS). Não é para ser entendido; é para ser observado e sentido. Um amontoado de elementos, distribuídos em espaços distintos, não limitados, traduz o caos dentro da cabecinha do pequeno ANTÔNIO (assim o decodifiquei), ao mesmo tempo em que mistura as aventuras e memórias, aproximando todos os momentos daquela infância evocada, enquanto desperta a curiosidade do espectador, que fica esperando que tal zona do palco e certos elementos cenográficos sejam utilizados e de que maneira o serão.  


 


            TICIANA PASSOS acerta nos figurinos, não infantilizando os atores, todos adultos, no personagem, criando trajes que não chamam a atenção do público, creio que para não desviá-lo do foco, que é a palavra, como já foi dito.

FRANCISO ROCHA, também, na iluminação, procurou ser discreto, parcimonioso, e marcou um golaço.  
 
DOMENICO LANCELOTTI, na direção musical, contribui para a harmonia e beleza do espetáculo.
 

 



 

FICHA TÉCNICA:

 

Baseado na obra de Antônio Prata
Direção, Criação e Idealização: Cristina Moura
Dramaturgia: Cristina Moura e Pedro Brício
Elenco: Inez Viana, Isabel Guéron, Pedro Brício, Renato  Linhares e Thiare Maia Amaral
Cenografia e Design Gráfico: Radiográficos (Olívia Ferreira e Pedro Garavaglia)
Figurinos: Ticiana Passos
Direção Musical: Domenico Lancelotti
Iluminação: Francisco Rocha
Assessoria de Imprensa: Daniella Cavalcanti
Fotos: Renato Mangolin
 




 



            Assim como o menino ANTÔNIO experimentou sua primeira “epifania”, precocemente, aos três anos de idade, eu deixei o Teatro III, do Centro Cultural Banco do Brasil, na certeza de estar em contato com uma, mais uma, em minha vida de bem adulto; esta, porém, especial.
 
            "NU DE BOTAS", pelo talento e criatividade de todos os envolvidos no projeto credencia-se a merecer prêmios, em várias categorias.
 

 

 

 
 

 



 
(FOTOS: MARIA ESTEPHANIA.)

sexta-feira, 21 de outubro de 2016


ATÉ O FINAL DA NOITE
 

(SE UMA “DR” INCOMODA MUITA GENTE, DUAS “DRS” ICOMODAM MUITO MAIS...

ou

 
“OS CACTOS SÓ PRECISAM SER MOLHADOS UMA VEZ POR SEMANA, E, MESMO ASSIM, COM UM CONTA-GOTAS.

NÃO É GENIAL?")



 





            Antes que, pelo primeiro subtítulo, possam os meus leitores achar que eu não gostei do espetáculo, esclareço que se trata apenas de uma alusão àquela “brincadeirinha dos elefantes” (Momento infância. Tenho direito?).

Na verdade, gostei da peça – já assisti a ela duas vezes, em menos de duas semanas- e a recomendo, porque é um texto escrito por JÚLIA SPADACCINI, o que, por si só, já é garantia de sucesso e jamais é para ser visto apenas uma vez, ainda que este, embora muito bem escrito e engraçado, não seja tão bom quanto outros da premiada dramaturga e roteirista. Não chega a ser um cisne branco, mas está muito longe de um Patinho Feio. Digamos que seja um pato daqueles bem coloridos, multicor, os quais eu considero animais muito lindos (Será que vou agradar com as metáforas?).

            Mas acho, ou melhor, tenho a certeza de que JÚLIA atingiu seu objetivo, o de, com uma história muito simples, de tema comum a todos os mortais, divertir mais do que fazer refletir.

A comédia, de uma forma geral, tem essa dupla função, além de ser um prato cheio para críticas, ostensivas ou nas entrelinhas, e é muito bom quando o dramaturgo consegue as duas coisas, como já tivemos a oportunidade de ver em outras obras de JÚLIA.


 
 
 
 
Não que, ao final da peça, o público saia apenas relaxado, das tensões do dia a dia, e vá esfriar mais a cabeça com um chopinho no bar da esquina. Se quiser, pode pensar, também, acerca dos “embates”, não tão ferrenhos, mas carregados de ironias e alfinetadas, entre dois casais, de gerações diferentes, que resolvem discutir as relações, durante um jantar, na casa do mais velho. Mas, no meu modesto entender, isso fica mais para o segundo plano e as pessoas encaram a peça como uma comédia não muito pretensiosa, para divertir, apenas. Nenhum demérito nessa decodificação; nem para o texto, nem para as pessoas.
            Nada disso, porém, tira o valor do espetáculo, que, além do bom texto, com algumas excelentes e inteligentes piadas, e dos ganchos, que a autora cria, para desenvolver o tema, em 70 minutos, conta com uma direção correta, de ALEXANDRE MELLO e o ponto alto da montagem, que é a excelente interpretação do quarteto de atores: (por ordem alfabética) ÂNGELA VIEIRA (ANA LÚCIA), ÍSIO GHELMAN (OLAVO) – o casal mais velho -, LETÍCIA CANNAVALE (BRANCA) e ROGÉRIO GARCIA (EDU) – o casal mais novo.

 
 


 
SINOPSE:
 
Um casal de meia idade, com quase três décadas de casamento, ANA LÚCIA (ÂNGELA VIEIRA) e OLAVO (ÍSIO GHELMAN), recebe, para um jantar, inventado por ela, BRANCA (LETÍCIA CANAVALLE) e EDU (ROGÉRIO GARCIA), um casal “descolado”, com pouco tempo de experiência conjugal, novos “amigos”, que conheceram nas últimas férias, na praia.
 
O “anfitrião” sente-se desconfortável, com a esperada visita, por não sentir nenhuma vontade de receber os convidados, enquanto ANA LÚCIA está eufórica, tratando o encontro como uma grande efeméride e como se os quatro fossem “amigos de infância”. Comprou até dois vestidos novos para aquela noite.
 
Pela diferença de idade, de experiências e considerando o enorme abismo de “cabeças”, entre os quatro, a anfitriã demonstra muita insegurança para receber o casal jovem. O que fazer para agradar os/aos dois, sem parecer “caretas”?
 
ANA LÚCIA, a todo o momento, reclama, demonstrando sua tristeza, sua enorme dor – mais que isso: seu quase trauma (Eu disse “quase”?) –, por uma grande “perda”: o filho único, quase trintão, JÚNIOR, que ela ainda trata como se fosse um bebê, tomou a (acertada) resolução de ir trabalhar na Lituânia, bem distantes daquela mãe “extremamente zelosa” (Foi golpe? Não! Acho que foi FUGA mesmo.).
 
Com a partida do seu “petiz”, ANA, segundo a “amiga/guru” ELISÂNGELA, personagem que, como o filho JÚNIOR, não aparece em cena, passou a sofrer da “síndrome do ninho vazio” que, em psicologia, nada mais é do que “uma condição caracterizada pelo surgimento de um quadro depressivo, por parte dos pais, afetando, geralmente, a mãe, após a saída dos filhos de casa, a partir do momento em que eles se tornam independentes, partindo para outra moradia”. (Obrigado, Tio Google!)
 
É a partir daí, quando perde a sua “razão de viver”, o motivo das suas preocupações, quando não tem mais condições de existir em função daquele filho, que ANA perde o seu referencial, o seu equilíbrio, e passa a ter dificuldades de se integrar ao mundo real, não consegue achar o seu lugar naquilo que lhe sobrou de mundo.
 
Contrastando, completamente com ANA, “recatada e do lar”, BRANCA tem uma agitada e bem-sucedida vida de executiva de uma grande empresa, o que a faz afastar, da vida do casal, a menor possibilidade de ter um filho, para a infelicidade do marido,  que tanto anseia pela experiência da paternidade e a consolidação de uma “família”.
 
Entre os homens, também existe uma grande diferença de personalidades.  OLAVO, de um sarcasmo de fazer inveja a muitos políticos brasileiros, é de um pragmatismo incalculável. É o homem “dos números” e da praticidade; contador e empresário. EDU, por sua vez, é extremamente calmo, delicado, o protótipo do intelectual, envolvido numa tese, sobre o amor, com a qual tenta persuadir OLAVO da validade de tal sentimento, enquanto este se apresenta, descaradamente, incrédulo, apesar de tanto tempo casado.
 
Toda a ação dura pouco tempo, o da preparação do jantar e seu consumo, o suficiente, porém, para que os diálogos provoquem gargalhadas na plateia, enquanto situações embaraçosas e, digamos, não muito próprias para vir à tona na presença de estranhos, de ambos os lados, desfilem naquele apartamento.
 
Muitas revelações acontecem, naquela noite.
 
 

 

 



            Com relação à última frase da sinopse, não serei eu o responsável por um “spoiler” muito importante, ao final da peça. Surpresa é surpresa. Assistam à comédia!

O texto é inédito, mas, embora tenha sido escrito há dez anos, ainda é atual, e o será para sempre, não trazendo tanta novidade, porque nada mais faz do que mostrar os problemas do cotidiano de todos os casais, que não sejam os dos contos de fadas (Pelo menos, os autores nunca os revelaram.). Com um humor bem fino e inteligente, uma de suas marcas, JÚLIA SPADACCINI, por meio das “drs”, aborda os naturais contrastes de valores, de interesses e costumes entre duas gerações diferentes. Lavagem de roupa suja é o que não falta. O querer estar no lugar do outro, ser o outro, e vice-versa, criticar o outro fazem parte da história.

            Gostei muito do criativo, ainda que não original (para quem conhece o filme “Dogville”, de Lars Von Trier) cenário, de BELI ARAÚJO, que mostra um apartamento de classe média, dividido, sem divisórias, em dois espaços, uma sala de estar e uma cozinha, com uma planta baixa do resto do imóvel ao fundo, contendo inscrições com as indicações de cada um dos outros cômodos, aos quais são afixados móveis e outros elementos pertencentes a cada um deles, tudo confeccionado em papelão, o que dá uma leveza à cenografia. Impressiona, logo de saída. Belo trabalho!

 
 
 
 
 
            Também ajustados aos personagens são os figurinos, de TICIANA PASSOS, que teve a preocupação de estabelecer as diferenças de trajes para os dois casais, respeitando-lhes as idades e as características da personalidade de cada um.

            Nada de especial a acrescentar à iluminação, ou “desenho de luz”, como passou a ser chamada nos últimos anos, de RENATO MACHADO, a não ser que é correta, como na quase totalidade de seus trabalhos. RENATO, quando erra, o que é raríssimo, praticamente, não se percebe. Aqui, acertou em cheio.

            A direção, de Alexandre Mello, também agrada, ele que demonstra uma grande sintonia com os textos de JÚLIA SPADACCINI, com quem está trabalhando, com esta peça, pela quarta vez. Das anteriores, a minha preferida é “Quebra Ossos”, à qual assisti umas três ou quatro vezes. ALEXANDRE sabe como valorizar cada cena/situação e extrair o máximo de seus atores. Em trabalho conjunto com MÁRCIA RUBIN, responsável pela direção de movimento, criou uma ótima resolução para a cena do jantar, que é rápida, quando poderia ser chata e demorada. Ao contrário, a ideia de fazê-la sob a forma de uma coreografia é muito boa e marcante nesta montagem.



 



            Quanto ao elenco, todos executam, com maestria, seu trabalho. As duas atrizes, além de talentosas, são belíssimas e vestiram as personagens de uma forma muito natural.

ÂNGELA VIEIRA, sem querer, é o elemento cômico da peça, a personagem que, quando vai dizer alguma coisa, já provoca, no público, uma expectativa de riso. Ela faz, do tédio do casamento, motivo de humor, isto é, ri da própria desgraça. Seus cuidados exagerados com o JÚNIOR, a preocupação com o que os outros vão pensar, a fidelidade aos conceitos e conselhos duvidosos da amiga ELISÂNGELA a tornam engraçada, sem que, intencionalmente, o fazer rir pareça ter sido intenção da dramaturga, menos ainda da atriz. Mas são falas tão patéticas e tão próximas a nós, que não conseguimos segurar o riso.   

            ÍSIO GHELMAN - não escondo - é um dos meus atores prediletos, em qualquer mídia, principalmente no TEATRO, por sua bagagem de trabalho, por um currículo invejável, mais marcado pelos dramas, sabendo, entretanto, como ninguém, fazer humor, para o que tem uma veia especial. Seu personagem não é caricatural; seu humor flui, naturalmente, fruto de seu indisfarçável sarcasmo, principalmente quando se mostra um desiludido com o matrimônio. Seu excesso de sinceridade, quanto a um casamento longevo, mais de aparências e por acomodação, provoca, na plateia, aquele risinho nervoso, de quem está se identificando com o personagem. Aliás, isso acontece com os demais também, principalmente com a ANA LÙCIA, de ÂNGELA VIEIRA. É quase tão responsável quanto esta pela concentração do humor na peça.

LETÍCIA CANNAVALE e ROGÉRIO GARCIA também não podem ficar de fora, no tocante aos elogios. Ela, muito bem, na pele da mulher “moderna”, ambiciosa profissionalmente, preocupada, no fundo, com a sua independência e realização profissional; ele, como um sonhador, que vive uma realidade que criou e que o impede de enxergar a verdadeira. Ambos, com muita competência, são ótimos suportes ao casal protagonista.

 
“ATÉ O FINAL DA NOITE” é um espetáculo leve e delicioso, que deve SER visto por quem admira uma boa comédia de costumes e sabe apreciar o valor de uma boa produção teatral.

 
 
 
 
 

 
FICHA TÉCNICA:
 
Autora: Júlia Spadaccini
Direção: Alexandre Mello
 
Elenco: Ângela Vieira (Ana Lúcia), Ísio Ghelman (Olavo), Letícia Cannavale (Branca) e Rogério Garcia (Edu)
 
Cenografia: Beli Araújo
Iluminação: Renato Machado
Figurinos: Ticiana Passos
Direção de Movimento: Márcia Rubin
Produção: Paula Loffler
Assistente de Produção: Felipe Porto
Assessoria de Imprensa: Daniella Cavalcanti
Direção de Produção: Rogério Garcia
 

 
 
 
 



 
SERVIÇO:
 
Temporada: de 08 de outubro a 14 de novembro de 2016
Local: Teatro Ipanema
Endereço: Rua Prudente de Morais, 824 – Ipanema – Rio de Janeiro
Informações: (21) 2267-3750
Dias e Horários: sábados, às 21h; domingos e 2ªs feiras, às 20h
Valor do Ingresso: R$40,00 (inteira)
Classificação Etária: Livre (indicado para maiores de 12 anos)
Duração: 70 minutos
Gênero: Comédia
Horário de Funcionamento da Bilheteria: De 4ª feira a 2ª feira, das 14h às 20h
 


 
 




(FOTOS: PATRÍCIA STAGIL)




 
 GALERIA PARTICULAR
(FOTOS: MARISA SÁ.)
 
Aplausos!
 

Com Júlia Spadaccini.


 
Com Alexandre Mello.


Com Ângela Vieira.
 

 
 
Com Ísio Ghelman.
 
 
Com Letícia Canavalle.

 
 
 
Com Rogério Garcia. 
 

 
 
 

 



 

 

 

 

 
 

quinta-feira, 20 de outubro de 2016


RENATO RUSSO

- O MUSICAL

 

(UMA BELA E MERECIDA HOMENAGEM NUMA EXPLOSÃO DE EMOÇÕES.

ou

O QUE É BOM É ETERNO.)
 
 

 

 

         O ano de 2016 marca os 20 anos da morte precoce de um dos maiores artistas do “pop” brasileiro, Renato Manfredini Júnior, mais conhecido como RENATO RUSSO, nascido no Rio de Janeiro, em 27 de março de 1960 e falecido, na mesma cidade, em 11 de outubro de 1996, aos 36 anos de idade, faltando apenas um dia para mais um aniversário da emblemática Legião Urbana, banda que ele fundou e da qual era o vocalista.

A Legião Urbana atravessou três décadas e, ainda é admirada e idolatrada por gente que nem nascida era durante os anos em que brilhou no cenário musical brasileiro. E ainda brilha.

Antes de fundar o grupo, RENATO integrou o grupo musical Aborto Elétrico”, do qual saiu, devido às constantes brigas que havia entre ele e o bateristaFê Lemos.

Adotou o sobrenome artístico RUSSO em homenagem ao inglês Bertrand Russell e aos franceses Jean-Jacques Rousseau e Henri Rousseau. Rapaz de bom gosto, esse RENATO.
 
Como integrante da Legião Urbana, RENATO lançou oito álbuns de estúdio, cinco ao vivo, alguns lançados postumamente, e diversos contos. Gravou, ainda, três discos solo e cantou ao lado de vários grandes artistas nacionais.


 
 
Em outubro de 2008, a revista “Rolling Stone” promoveu a Lista dos Cem Maiores Artistas da Música Brasileira, em que RENATO RUSSO ocupa o 25° Lugar.
 
Também, no ano de 2016, comemoram-se os dez anos da estreia de um espetáculo que marcou o cenário teatral da época. Trata-se de “RENATO RUSSO – A PEÇA”, uma declaração de amor e uma belíssima homenagem do ator, cantor e diretor teatral BRUCE GOMLEVSKY ao grande ídolo do “rock” brasileiro. O musical estreou no acanhado palco do Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro. Depois, visitou outros teatros cariocas e viajou pelo Brasil, sempre atingindo grande sucesso, de público e de crítica, tendo sido assistido por mais de 200.000 pessoas, percorrendo 40 cidades, em 349 apresentações. A 350ª ficou para o dia da reestreia, no último dia 11 de outubro, no Theatro NET Rio (VER SERVIÇO.)
O musical tem uma estrutura muito simples e é o grande trunfo de BRUCE, para os períodos de “entressafra”. Eu mesmo já lhe havia dito, e acho que fui feliz no meu comentário/conselho, que, quando lhe faltasse trabalho, já que todos sabemos que a vida do ator é feita de altos e baixos, em termos de oportunidades profissionais, que ele tinha sempre uma valiosa carta na manga, que deveria, de tempos em tempos, remontar o “RENATO...”, não só porque é um lindo espetáculo, como também tem um público cativo, que já assistiu à peça várias vezes, e que é preciso apresentar RENATO às novas gerações. E os anjos disseram “amém” e os DEUSES DO TEATRO deram uma "forcinha"
 
 
 


Um pouco do “release” do espetáculo, enviado pela assessoria de imprensa da peça, na pessoa de JULIE DUARTE (BARATA COMUNICAÇÃO): “O tempo passou e RENATO continua atual, moderno, contemporâneo e arrebatando novas plateias e novos públicos. ‘RENATO é um grande poeta e é por isso que continua causando comoção nas gerações de hoje. Sua obra gera um impacto enorme’”, afirma BRUCE GOMLEVSKY, protagonista do musical solo, em irretocável interpretação.
O espetáculo, que dura cerca de uma hora e meia, se resume numa sequência dos grandes sucessos da LEGIÃO e de RENATO, em carreira solo, além de algumas canções menos conhecidas, mas essenciais, dialogando com a boa dramaturgia de DANIELA PEREIRA DE CARVALHO, atada à cronologia dos fatos.
Na parte dramatúrgica, RENATO vai contando sua trajetória de vida, não omitindo os detalhes que fizeram com que ele fosse comparado, por muitos, inclusive da imprensa, a um “bad boy”, a um “gauche” (Viva Carlos Drummond de Andrade!). Ele entrelaça fatos de sua vida pessoal e o início, meio e fim de sua breve, mas vitoriosa, carreira de grande compositor e intérprete dos anseios da juventude que representava. Lá estão presentes os momentos de sua rebeldia “punk”, em Brasília, a fundação da primeira banda, os dois anos em que, por conta de uma doença, passou em uma cadeira de rodas, até o sucesso da Legião Urbana, não podendo faltar o célebre “quebra-quebra”, num “show”, em Brasília, a anunciação de uma não planejada paternidade, os problemas com drogas, principalmente durante, e após, o tempo em que morou em Nova York. 
A direção do espetáculo, bem simples e mais que correta, é de MAURO MENDONÇA FILHO, diretor premiado, pelo espetáculo, que parece ter uma sintonia muito afinada com BRUCE, para que o resultado do musical chegasse à qualidade atingida.
Para acompanhar o ator/cantor, nos 22 números musicais, entra em ação a banda ARTE PROFANA, formada por JAÍLTON NOGUEIRA DA SILVA (teclado), JOSIEL DE CASTRO GOUDINHO (guitarrista), JOEDSON DE CASTRO GOUDINHO (baixo) e MARCOS VINÍCIUS LOURES DE PAIVA (baterista).
 
 
 
 
Ainda que a outra montagem a que assisti também tenha sido muito boa, mas há tanto tempo, notei mudanças nesta. É que o cenário, os figurinos, os vídeos e outros elementos foram feitos exclusivamente para a remontagem, ainda que tudo tenha sido feito pela equipe original da peça, dos músicos à camareira, enfim, todos os técnicos e artistas, que a produção conseguiu reunir, o que é muito difícil e raro em TEATRO.
O espetáculo está sendo apresentado sem patrocínios, totalmente às expensas dos dois produtores, BRUCE e uma sócia na produção, com recursos próprios.
Depoimentos, reportagens, entrevistas de RENATO, parentes, livros e imagens de “shows” serviram, como base, para a concepção da obra, da dramaturgia, passando pela direção e a brilhante interpretação de BRUCE, que, absolutamente, não tem a menor pretensão de imitar RENATO, embora seu jeito de cantar e dançar se assemelhem aos do grande homenageado.
Confesso que, em função da estrutura do Theatro NET Rio, do palco e dos equipamentos, muito superiores aos do CC Correios, o espetáculo cresceu muito, em qualidade.
BRUCE também amadureceu bastante, com homem e profissional, e o espetáculo atinge um patamar digno de ser indicado, como um dos melhores em cartaz, no momento, tanto para quem já conhece RENATO RUSSO ou para quem ainda terá esse prazer.

 
 


 
PRÊMIOS E INDICAÇÕES:
 
• Prêmio Shell de Melhor Diretor (2006), para MAURO MENDONÇA FILHO
 
• Três indicações ao Prêmio Shell (2006) (Melhor Ator, Melhor Diretor e Música ao Vivo)
 
• Três indicações ao Prêmio Eletrobrás de Teatro (2006) (Melhor Ator, Melhor Texto e Melhor Iluminação)
 

 

 
 



 
SERVIÇO:
 
Temporada: De 11 de outubro a 6 de novembro de 2016
Local: Theatro Net Rio
Endereço: Rua Siqueira Campos, 143 (2º ANDAR) – Copacabana – Rio de Janeiro
Tel: (21) 2147-8060
Dias: De quinta-feira a domingo
Horários: De quinta-feira a sábado, às 21h; dom, às 19h
Ingressos: Plateia: R$ 120,00 / Frisas: R$100,00 / Balcão I: R$100,00 / Balcão II: R$80,00
Classificação Etária: 12 anos
Duração: 90 minutos
 

 

 





 



 
FICHA TÉCNICA:
 
Idealização, Interpretação e Pesquisa: Bruce Gomlevsky
 
Dramaturgia e Pesquisa: Daniela Pereira de Carvalho
Direção Geral: Mauro Mendonça Filho
Direção Musical: Marcelo Neves
Iluminação: Wagner Pinto
Cenografia: Bel Lobo e Bob Neri
Figurino: Jeane Figueiredo
Fotos: Flávio Colker
Design Gráfico: Redondo Design
Assessoria de Imprensa: Julie Duarte (Eduardo Barata)
 

 

 


(FOTOS: FLÁVIO COLKER.)
 
 
 
 
 
(GALERIA PARTICULAR
FOTOS: MARISA SÁ.)